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Racismo | “Vamos vencer essa guerra” diz seu Jorge em vídeo sobre racismo sofrido em Porto Alegre

A política no RS neste momento, como em todo o Brasil, está bastante à direita com a eleição de bolsonaristas reacionários como o racista Mourão para o senado e uma disputa de segundo turno entre a extrema direita asquerosa representada por Onix Lorenzoni (PL) e o neoliberal Eduardo Leite (PSDB). Com resultados bastante à direita, reacionários e racistas estão se expressando mais: o caso de Seu Jorge não é um caso isolado.

terça-feira 18 de outubro de 2022 | Edição do dia

Na mesma cidade onde Beto Freitas foi assassinado no Carrefour, Seu Jorge foi vaiado, xingado e ouviu uma gente branca da elite gaúcha, no Grêmio Náutico União, imitando macacos na última sexta-feira (14). Os únicos negros no recinto eram trabalhadores do clube segundo Seu Jorge, que estavam orientados a não interagir com o artista e não olhar para o palco.

Não é atoa que este artista, negro, um grande expoente da música brasileira, reconhecido internacionalmente, que interpretou Carlos Marighella no cinema, é atacado pela extrema direita bolsonarista em Porto Alegre. Ainda estamos no país de Bolsonaro, um presidente que é porta voz dos racistas e faz essa gentalha se sentir empoderada para cometer esse tipo de crime.

O artista relata, em vídeo divulgado na noite desta terça-feira, que ouviu as vaias e os xingamentos ao sair do palco como de costume ao final da apresentação para esperar o público chamar por um bis. Ao invés de ouvir o público gritar “mais um, mais um”, ouviu um tremendo desrespeito e pessoas que ali cometiam o crime de racismo. O caso foi denunciado primeiro nas redes sociais de pessoas que estavam presentes no show e se indignaram com o ocorrido, mas ficou conhecido nacionalmente nesta quarta-feira após o cantor, compositor e ator se manifestar publicamente.

Segundo relatos de pessoas que estavam presentes os racistas se manifestaram principalmente após Seu Jorge ter convidado um jovem negro para subir ao palco para tocar cavaquinho, momento em que se posicionou contra a redução da menoridade penal e falou sobre os assassinatos da juventude negra nas favelas.

O MRT, a agrupação de negros e negras Quilombo Vermelho e o Esquerda Diário repudiam veementemente o ocorrido e fazemos coro com Seu Jorge quando ele fala que vamos vencer essa guerra e para isso precisamos nos unir, mas nos unir a partir de nós mesmos, uns com os outros, desde baixo, sem ilusões com alianças com nossos inimigos capitalistas e racistas, como faz hoje a ampla esquerda brasileira que acha que para combater bolsonaro é possível confiar em uma aliança de Lula com Alckmin que não se propõem a revogar nenhuma reforma, privatização e que no último debate da Band se gabou de ter construído mais presídios e fortalecido o exército brasileiro, o mesmo exército que ocupou o Haiti, durante o governo do PT, e depois as favelas no RJ, o mesmo que assassinou com 80 tiros o músico Evaldo que passeava com sua família e foi visto como suspeito por ser negro.

Seu Jorge diz: “conclamo a grande nação afro brasileira a se integrar aos movimentos sociais brasileiros que existem mais próximos de sua cidade, com o intuito de sair em defesa de nossos direitos, de expressar nossa cultura, direto de existir, direito de realizar nossos sonhos e nossos projetos, vamos vencer essa guerra de uma vez por todas. Só não venceremos essa guerra se a gente não unir o nosso povo, precisamos unir a nossa gente”.

Temos que derrotar o bolsonarismo e o neoliberalismo nas ruas, unindo a população negra em conjunto com todos os trabalhadores e trabalhadoras, negros e brancos, empregados e desempregados, efetivos, terceirizados, precários e uberizados, unir aqueles que mais sofrem com o regime atual e nos auto organizar para lutar pelo novo, uma sociedade livre de verdade, sem exploração do trabalho e sem opressão.

Destacamos este trecho da fala de Seu Jorge para afirmar que estamos juntos e dispostos à essa luta nas ruas contra todo tipo de tipificação, discriminação e racismo, e que para além disso acreditamos que essa guerra é contra o capitalismo, pois a estrutura do estado capitalista internacional e brasileiro é racista e não existe sem a exploração e opressão racista e machista. Nossa luta contra o racismo é para fazer com que os capitalistas paguem pela crise que criaram e não nós com nossos corpos espoliados, adoecidos, massacrados e assassinados com as armas deste estado. Racistas, não passarão!

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