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Racismo Policial | Polícia diz que “não houve excessos nem racismo” em caso de motoboy negro preso após ser esfaqueado

Para a Brigada Militar, elogiada pelo governador Eduardo Leite, não bastou a comprovação por vídeo da diferença racista de abordagem contra o motoboy negro Everton da Silva. Segundo a investigação, “não houve excessos nem racismo por parte dos policiais militares que atenderam a ocorrência”.

sexta-feira 23 de fevereiro | Edição do dia

No último sábado (17) viralizou pelas redes sociais as revoltantes imagens da prisão de um motoboy negro, Everton Henrique Goandete da Silva, 40 anos, após ser atacado com um canivete por um idoso branco, Sérgio Camargo Kupstaitis, 71, no bairro Rio Branco, em Porto Alegre.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, determinou investigação do caso, dizendo pelas redes sociais que confia na Brigada Militar, em respeito “aos dedicados profissionais que as integram”, afirmando que a investigação seria “célere e rigorosa”.

Saiba mais: Eduardo Leite tem "absoluta confiança" na polícia racista que prendeu homem negro após ele ser esfaqueado

Nesta sexta-feira (23) foi divulgada em coletiva de imprensa pela Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP-RS) a conclusão das investigações “rigorosas” do caso: segundo a sindicância da Brigada Militar, “não houve excessos nem racismo por parte dos policiais militares que atenderam a ocorrência”.

Para a investigação dos próprios militares sobre a conduta de seus agentes, não basta a comprovação por imagem de vídeo aonde fica explícita a diferença de abordagem da Polícia Militar, que algema e prende Everton no camburão, enquanto conversa tranquilamente com Sérgio, o autor da agressão, que chega a sorrir.

Pessoas que estavam no local desde o início do desentendimento tentam a todo momento falar com os agentes da Polícia Militar que Everton era a vítima: “Isso é racismo! Ele foi esfaqueado!”; “Tentaram matar ele e vão prender ele? Pelo amor de Deus, vocês são loucos?”; “Por que ele está sendo algemado?”.

Que os crimes cometidos pelas polícias sejam sempre investigados pela própria corporação é apenas uma parte dos privilégios e da impunidade que diariamente humilha e arranca vidas de jovens negros. A confiança elogiosa de Eduardo Leite na polícia racista indica o seu próprio papel como administrador das estruturas apodrecidas das instituições burguesas.

Dias depois do caso, outro vídeo mostra a truculência da Brigada Militar contra mais uma pessoa negra na capital do RS. Não são apenas “erros pontuais”, a violência racista é parte integral da função das polícias. É urgente uma investigação independente dos casos de violência policial, em luta pelo fim dessa instituição capitalista, em justiça pelas vítimas da mão armada do Estado.




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