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PSOL em Recife de mãos dadas com o PSB na oposição da ALEPE

Com a vitória de Raquel Lyra (PSDB), o PSOL se une ao PSB na oposição da ALEPE. O PSB governou Pernambuco durante 16 anos e é um dos maiores responsáveis pela situação de miséria, fome, desemprego e as catástrofes urbanas das grandes cidades do estado.

domingo 21 de maio de 2023 | 17:52

A eleição de Raquel Lyra do PSDB, frente ao desgaste histórico do PSB, que representa a oligarquia mais tradicional do estado, jogou o governo de Pernambuco para o campo da direita neo liberal tucana. O PSB, por sua vez, busca se relocalisar como oposição ao governo de Raquel, tentando se recompor de sua crise local. O PT, em sua frente amplíssima de conciliação de classes, que teve inclusive o ex tucano Alckmin como vice pelo PSB, se mantém neutro na ALPE na bancada independente, abrindo caminho para a diplomacia de Lula com Raquel que chegou a dividir palanque com Lula em Recife em meio a vaias dos trabalhadores da saúde que lutavam pelo pagamento do piso. Vaias que Lula fez questão de retrucar em defesa de Raquel.

O PSOL, embora sendo uma força política muito minoritária na política local, vinha capitalizando o descontentamento pela esquerda contra o PSB, com Dani Portela sendo a vereadora mais votada em 2021, expressando uma ampla camada de jovens, trabalhadores, mulheres, negras e negros e da comunidade LGBT que buscavam uma alternativa ao PT para representar seu descontentamento. Entretanto, o caminho que o PSOL escolheu nas eleições de 2022, abandona qualquer possibilidade de construir uma alternativa real.

Nacionalmente o PSOL fechou a federação com a Rede, o partido do capitalismo verde, abandonando qualquer perspectiva de um programa anticapitalista, adentrando também no governo de frente ampla de conciliação de classes do Lula-Alckmin, com Sonia Guajajara no ministério da Povos Indígenas do Brasil, enquanto estouram escândalos de trabalho escravo pelo país, violência e invasões de terras por parte do garimpo e do agronegócio contra o povo originário e o governo brasilero envia aparatos de repressão para conter a revolta popular no Peru. Mas nada mais explícito do que a subordinação do PSOL do que o escandaloso apoio à ncora Fiscal de Lula, que nada mais é do que um teto de gastos mais sofisticado, se limitando a propor algumas modificações ao projeto, para lhe dar uma cara mais palatável.

Enquanto isso, em Pernambuco, Dani Portela, agora deputada, ao se localizar como oposição ao governo de Raquel Lyra, decide abraçar o PSB em troca do cargo de líder da bancada. Para o PSB é bom ter uma fachada de esquerda para sua oposição a Raquel Lyra frente à nova situação nacional. Porém, para todos os setores que apostam e apostaram em Dani Portela significa abandonar por completo qualquer perspectiva de ser uma real oposição de esquerda à Raquel Lyra. Para o PSOL de Pernambuco, significa abandonar qualquer perspectiva de independência de classes e seguir rumo nacional de se tornar uma ala esquerda da política institucional do regime carcomido pelo golpe de 2016.

É impossível ser oposição a qualquer governo se aliando com uma oligarquia política que está associada aos grandes latifundiários, aos engenhos, à burguesia local e que é responsável por 16 anos de tragédia econômica e social no estado. Ao contrário do que diz o ditado popular oportunista, lema dos vendidos, o inimigo do nosso inimigo nem sempre é nosso amigo. Ao contrário, o PSB, por estar agora na oposição, não o faz de esquerda e nem o torna menos inimigo dos explorados e oprimidos. A possibilidade de criar qualquer oposição independente, dos negros, das mulheres, da juventude, dos trabalhadores, da comunidade LGBT, foi abandonada por parte do PSOL, na medida em que Dani Portela estende a mão para o PSB.

Uma real oposição a Raquel Lyra, ao contrário do que fazem o PT e o PSOL, deve partir do princípio da independência de classe, confiando na força dos trabalhadores e todos os setores oprimidos, na organização e luta de classes, desses que elegeram Dani Portela e agora estão reféns dos limites da aliança com o PSB, responsável por todos os problemas estruturais em Pernambuco. É impossível lutar pelas questões estruturais de Pernambuco sem um programa anticapitalista, com uma reforma urbana radical, anulação das contrarreformas, revogação da âncora fiscal e expropriação dos grandes latifundiários, etc. Esse é o desafio para construção de uma oposição real capaz de enfrentar a Raquel Lyra e a direita e extrema direita que vem se fortalecendo em Pernambuco.




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