Na manhã desta terça, Ana Clara foi assassinada na frente de casa enquanto brincava com seu irmão em Niterói, município da região metropolitana do Rio de janeiro. Em nota oficial, a Polícia afirmou que a criança foi atingida após confronto, porém a mãe da vítima contesta e diz que não havia nenhuma troca de tiros no local no momento do disparo.
quarta-feira 3 de fevereiro de 2021 | Edição do dia
Ana Clara Machado, moradora da comunidade Monan Pequeno, Niterói(RJ), chegou a ser levada para o Hospital Estadual Azevedo Lima, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. De acordo com a versão da polícia, uma equipe de PMs estava realizando um patrulhamento para averiguar uma denúncia de roubo de veículos, carga e pedestres na região quando foram surpreendidos por 5 pessoas armadas que disparam, momento em que teriam ouvidos gritos de socorro informando que uma criança foi baleada.
Contudo, a mãe da menina nega a versão da Polícia Militar. Em entrevista, Cristiane Gomes da Silva disse que não houve confronto e os policiais continuaram atirando mesmo após render um menino que estava mexendo no celular perto do local. Quando encontraram Ana Clara baleada, a mãe ouviu um dos policiais dizendo para o outro que ele havia feito “besteira”.
“Eu gritava para ele socorrer minha filha. Minha filha estava com o osso exposto. Eu fiquei gritando ‘salva minha filha’ e ele não pegava minha filha. Ele pegou minha filha de qualquer jeito, botamos dentro da viatura. Eu falei para eles ‘vocês mataram a minha filha, acabaram com a mina vida’. Eles acabaram com a vida da minha filha de 5 anos”, disse Cristiane.
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Diante do acontecimento, moradores fizeram um protesto durante a tarde e fecharam uma estrada da região, exigindo justiça pela morte da menina. A polícia reagiu jogando bombas de gás e uma pessoa foi ferida. “A gente estava na rua protestando e tacaram a bomba na gente. Por pouco não perco a perna”, disse a mulher atingida.
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Ana Clara foi a quarta criança baleada no estado neste ano. Somente no ano passado, 99 crianças e adolescentes foram assassinados pela polícia no Rio, que respondeu por quase 40% das mortes nessa faixa de idade decorrentes de intervenção policial no país em 2020.