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#PalestinaLivre | Haia: Israel determinado a continuar seu genocídio, Netanyahu mostra sinais de nervosismo.

Diante da Corte Internacional de Justiça em Haia, os defensores do Estado sionista argumentaram, na última sexta-feira, para defender o genocídio em curso. Uma argumentação que mostra a determinação de Israel em levar até o fim, mas que também deixou transparecer os primeiros sinais de nervosismo.

quarta-feira 17 de janeiro | Edição do dia

Nesta quinta-feira, teve início em Haia o processo judicial movido pela África do Sul contra Israel por violações à Convenção contra o genocídio, perante a Corte Internacional de Justiça. Após apresentar uma petição em 29 de dezembro, a África do Sul fez sua argumentação na quinta-feira. Uma argumentação esclarecedora que, ao destacar a "intenção" e o "comportamento genocida" de Israel em Gaza, também revelou elementos de fragilização de Israel na arena internacional.

Israel defende seu direito de continuar com os massacres.

Embora Israel costumeiramente boicote este tribunal superior da ONU, Tel Aviv decidiu desta vez enviar seus melhores juristas para os Países Baixos para orquestrar sua defesa, conforme observado pelo jornal Le Devoir.
A retórica bem elaborada do Estado de Israel para justificar os massacres em Gaza foi totalmente explorada pelos defensores de Israel, liderados por Tal Becker, conselheiro jurídico do ministro das Relações Exteriores de Israel. Em nome do "direito de Israel se defender" após a ofensiva do Hamas em 7 de outubro, Israel busca legitimar esses massacres. O advogado alegou: "O que Israel busca ao operar em Gaza não é destruir um povo, mas proteger o seu próprio, que está sendo atacado em múltiplas frentes."

Israel e seu aliado norte-americano não hesitaram em instrumentalizar o genocídio dos judeus perpetrado pela Alemanha nazista para rebater as acusações. Enquanto Netanyahu afirmava nas redes sociais que o Hamas cometeu "o pior crime contra o povo judeu desde o Holocausto", ele denunciou a África do Sul como "alguém que o defende em nome do Holocausto. Que audácia!" O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, declarou: "São aqueles que atacam violentamente Israel que continuam a pedir abertamente pela aniquilação de Israel e pelo massacre dos judeus." Tal Becker denunciou como "a maior demonstração de hipocrisia da História". No mesmo sentido, a essência da argumentação visava criminalizar qualquer apoio à Palestina; Israel acusou a África do Sul de ser o "braço jurídico do Hamas

Por fim, Omri Sander, o quarto interveniente na defesa de Israel, não hesitou em detalhar uma suposta "ajuda humanitária" fornecida por Israel a Gaza, o que é irônico quando se considera que a própria ONU denuncia as constantes obstruções de Israel à ajuda humanitária internacional mínima no território de Gaza, ameaçando a população com a fome e colocando o sistema de saúde à beira do colapso.

Embora os argumentos apresentados não sejam novos, essa argumentação mais uma vez ilustra a total impunidade de que Israel desfruta para continuar o massacre dos habitantes de Gaza, apoiado neste processo pelas potências imperialistas, em especial pelos Estados Unidos e Alemanha em oposição à África do Sul.

Benjamin Netanyahu sob pressão, será possível dobrá-lo através da mobilização

Entretanto, esse processo judicial não deixa de ter consequências para a imagem de Israel, que vê a pressão aumentar à medida que o genocídio se manifesta cada vez mais abertamente. Conforme destacado pelos Les Echos: "Esta é a primeira vez que Benjamin Netanyahu aceita, de bom ou mau grado, se distanciar desses dois ministros, cujo apoio no Parlamento é crucial para ele permanecer no poder." Sob pressão dos Estados Unidos, o primeiro-ministro israelense Benyamin Netanyahu teve que se afastar dos defensores de uma "emigração em massa" dos palestinos após a guerra em Gaza. Netanyahu afirmou nas redes sociais: "Israel não tem a intenção de ocupar permanentemente a Faixa de Gaza ou deslocar a população civil. Israel está combatendo os terroristas do Hamas, não a população palestina, e o fazemos em perfeita conformidade com o direito internacional.

Esses anúncios superficiais, no entanto, não alteram em nada a intensificação da ofensiva do exército israelense em Gaza e o genocídio em curso. Enquanto o governo israelense continua em uma trajetória que sugere uma (re)ocupação de Gaza, não é sem contradição, como bem evidenciam as acrobacias retóricas de Benjamin Netanyahu.

Obrigado a justificar sua política durante este processo judicial, o primeiro-ministro israelense mostrou os primeiros sinais de fragilidade, como a mudança de retórica em relação às soluções mais extremas propostas por seus aliados de extrema-direita. Essa fragilidade ilustra, de maneira distorcida, a pressão exercida pelos aliados de Israel, como os Estados Unidos e o Reino Unido, onde os governos enfrentam importantes mobilizações em apoio à Palestina.

O terreno crucial para impor nossas reivindicações é, portanto, o terreno da mobilização. Enquanto 75 anos de luta pela libertação da Palestina demonstraram a impotência e, pior ainda, a cumplicidade de instituições internacionais como a ONU e a CIJ, a mobilização dos trabalhadores e dos povos ao redor do mundo pode dobrar as potências imperialistas. A construção de mobilizações significativas em apoio à Palestina assume um papel crucial. Em um momento em que Israel intensifica a violência em Gaza e na Cisjordânia e defende seu massacre, a luta pela libertação da Palestina requer mais do que nunca uma solidariedade internacional nas ruas, que busca construir uma relação de forças contra os Estados imperialistas e dentro dos Estados árabes cúmplices de Israel.




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