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Irã-Israel | Escalada no Oriente Médio: Israel e as potências imperialistas são os principais responsáveis

Sábado à noite, Irã enviou centenas de drones e mísseis contra Israel em resposta ao ataque israelense contra Damasco em que morreram vários comandantes iranianos. Esta escalada é principalmente responsabilidade de Israel e seus aliados

quarta-feira 17 de abril | Edição do dia

Durante a noite de sábado, Irã lançou uma represália sem precedentes contra Israel, disparando mais de 300 projéteis, incluindo 170 drones, 30 mísseis de cruzeiro e 120 mísseis balísticos. Também foram disparados foguetes, drones e mísseis do Líbano, Iraque e Iêmen. Após o ataque a um edifício diplomático iraniano em Damasco e a morte de vários comandantes da Guarda Revolucionária, o regime se enfrentou com um dilema: responder, e provavelmente com um grau de intensidade sem precedentes, mas limitando o perigo de desencadear uma guerra total que seria devastadora para o país.

Nesse contexto, como havia assinalado inúmeros especialistas, o regime optou por um resposta graduada, levando a frente um ataque importante, quanto ao número de mísseis e drones lançados, mas limitado desde o ponto de vista estratégico. Ao optar por não delegar sua defesa, como no passado, a seus aliados libaneses, iemenitas ou iraquianos, Irã rompeu com sua política histórica de “dissuasão”. Porém, ao lançar seu ataque desde seu próprio solo, ao invés de posições mais próximas de Israel, a República Islâmica se assegurou de que os projéteis demorassem várias horas para alcançar seu objetivo, dando tempo de Tel Aviv e seus aliados imperialistas prepararem uma defesa.

Segundo os primeiros informes israelenses, quase todos os disparos foram interceptados, com o apoio da França, Estados Unidos e Reino Unido, assim como da Síria e da Jordânia, enquanto que o sistema de defesa antiaérea “Cúpula de Ferro” de Israel não se saturou. Uma menina e um menino saíram gravemente feridos pelos estilhaços de um míssil ou um interceptor, segundo fontes israelenses, enquanto que se registraram danos menos em uma base militar da base em que teria sido lançado o ataque contra o consulado iraniano.

Apesar de seu caráter comedido, a ofensiva iraniana volta a pôr sobre a mesa o temor de uma conflagração regional no Oriente Médio. Enquanto o governo israelense prossegue seu genocídio em Gaza, sem hesitar em atacar seus vizinhos junto de seus aliados imperialistas, a reação de Israel será decisiva. Nos próximos dias, a situação na fronteira libanesa, que Israel tem assediado ininterruptamente desde 7 de Outubro, será acompanhada com grande atenção. Essa “atenção” será mais crucial a depender do quanto Tel Aviv poderá se aproveitar da ofensiva iraniana para levar a cabo o plano de invasão do Líbano, que preocupa a inteligência estadunidense, além de intensificar seus compromissos no Iraque, Iêmen e inclusive no Irã.

Neste contexto, as potências ocidentais têm mostrado um forte apoio a Israel, seguindo o apoio ao genocídio em Gaza, denunciando o ataque iraniano enquanto ignoravam a ofensiva israelense a que era resposta. Um discurso que pretende mascarar sua própria responsabilidade e de Israel na escalada atual. Além da destruição da embaixada Iraniana em Damasco, os últimos meses tem se seguido inúmeros ataques estadunidenses no Iêmen, Síria e Iraque, assim como assassinatos israelenses seletivos no Líbano, e, é claro, dezenas de milhares de mortos em Gaza.
Porém os Estados Unidos e a França tentam evitar represálias que podem desencadear uma conflagração regional. Aparentemente, Biden disse a Netanyahu que os Estados Unidos se negaria a participar em operações ofensivas contra o Irã e não apoiariam tais operações. Dado que os líderes do G7 se reuniram neste domingo para “coordenar uma resposta diplomática conjunta ao Irã”, o objetivo de evitar uma nova escalada parece estar no centro das preocupações do campo imperialista, apesar de seu apoio incondicional a Israel.

Ainda que na noite de sábado destacou-se um risco de um salto na escalada no Oriente Médio, não se pode saber com certeza como continuará o conflito. Netanyahu se enfrenta com uma enorme crise interna em que sua sobrevivência política dependerá da continuação da guerra genocída em Gaza e da satisfação das exigências de seus sócios de extrema-direita. Neste contexto só a luta dos trabalhadores e dos povos da região, com independência do imperialismo, mas também do regime teocrático e reacionário iraniano e do chamado “eixo de resistência”, pode permitir evitar a guerra e dirigir a luta pela autodeterminação do povo palestino.




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