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Denúncias UFPE | Estudantes da UFPE passam mal após comerem no Restaurante Universitário terceirizado

Logo na primeira semana de aula deste semestre na UFPE, estudantes relatam terem passado mal após comerem no recém aberto Restaurante Universitário. A empresa terceirizada responsável pelo RU é a General Goods Ltda.

sexta-feira 2 de junho de 2023 | 16:37

Após longo período com o Restaurante Universitário (RU) da UFPE fechado, a reabertura atrasada aconteceu em maio. A alimentação a baixo custo no campus universitário é um fundamental direito estudantil enquanto política de permanência, contribuindo para o pleno aproveitamento da vida universitária e para estudantes de baixa renda conseguirem concluir seus estudos. Este direito é uma pauta de luta histórica e comum do movimento estudantil.

No Recife, capital onde reina a precarização do trabalho, o desemprego e o alto custo de vida, um Restaurante Universitário acessível e de qualidade é ainda mais essencial para a garantia do pleno direito ao ensino superior dos filhos da classe trabalhadora que conseguem furar o filtro racista e elitista do vestibular.

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Entretanto, além das filas intermináveis e o valor de R$4,78 do RU da UFPE já estar consideravelmente acima dos valores cobrados em muitas universidades, muitos estudantes vêm relatando terem passado mal após as refeições. A empresa terceirizadas responsável General Goods Ltda., já foi denunciada anteriormente pelo mesmo motivo quando 60 alunos da Escola Técnica Estadual Luiz Alves Lacerda, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, tiveram que ser socorridos pelo SAMU em março de 2022.

A terceirização dos serviços é uma prática comum para barateamento dos custos dentro das instituições públicas, que acarreta em precarização da qualidade do serviço e principalmente dos trabalhadores contratados por estas empresas. Uma vez que a empresa terceirizada visa primeiramente o lucro, a redução da qualidade do serviço prestado, assim como a baixa remuneração e exploração extrema dos trabalhadores, em sua maioria mulheres negras, é uma regra. Além de ser uma via de privatização do recurso público.

Ao final todos saem perdendo para que o lucro da empresa terceirizada seja garantido. Se por um lado os estudantes e usuários do serviço sofrem com a baixa qualidade, levando inclusive a situação de intoxicação alimentar, por outro lado os trabalhadores terceirizados recebem salários de miséria, sem acesso aos direitos dos trabalhadores efetivos da universidade, em situação de vulnerabilidade, assédio moral, acidentes de trabalho, frequentes atrasos no pagamento dos salários, calotes por parte das empresas terceirizadas, instabilidade do emprego, com sindicatos patronais vendidos sem possibilidade se organizar sindicalmente. Sem contar o jogo de empurra empurra de responsabilidade entre as instituições públicas e as empresas que prestam o serviço.

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Os trabalhadores efetivos da universidade também perdem uma vez que fragmenta e enfraquece a luta dos trabalhadores da universidade, dividindo a categoria entre efetivos e terceirizados. Inclusive pois existem inúmeras outras funções dentro das instituições públicas que também são terceirizadas, como limpeza e todos os tipos de manutenção predial.

A terceirização do trabalho serviu de porta de entrada de inúmeros outros tipos de precarização do trabalho, como o trabalho intermitente e autônomo por aplicativo, aumentando drasticamente durante os primeiros governos de Lula e dando um salto ainda maior nos governo de Bolsonaro, sendo até os dias de hoje uma realidade em constante expansão.

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É neste sentido que o Manifesto Contra a Terceirização e a Precarização do Trabalho, que já reuni milhares de assinaturas, impulsionado pelo Esquerda Diário, junto a entidades, militantes e intelectuais dos direitos trabalhistas, como Ricardo Antunes, Luis Souto Maior, Diana Assunção, e Virgínia Fontes, é uma iniciativa que busca escancarar e denunciar esta realidade, aglutinando forças para construir uma forte campanha de ação contra a atual destruição dos direitos trabalhistas.

A luta contra precarização e terceirização deve ser uma luta do conjunto da comunidade acadêmica, unindo estudantes, trabalhadores terceirizados e efetivos, e professores, dentro e fora da universidade, na perspectiva do igual trabalho igual salário e direitos, pela expulsão das empresas terceirizadas e incorporação imediata de todos trabalhadores terceirizados sem necessidade de concurso público.

Para somar a esta luta, leia e assine o Manifesto Contra a Terceirização e a Precarização do Trabalho

Para denunciar as condições de precarização do RU da UFPE, assim como de condições de trabalho e das políticas de permanência estudantil envie mensagem para o Whatsapp do Esquerda Diário Pernambuco: 81 9948-9975.

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