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Juventude negra | Recife perde Japa, um artista da cena hip-hop e da cultura negra de Pernambuco

Andreyvson Richard da Silva, conhecido como Japa Rua, tinha 25 anos e era um jovem trabalhador e artista,que declamava poesias em bares, ônibus, no metrô, participava de grupos de graffit da cidade, assim como frequentava batalhas de rap e da cena underground do hip-hop.

domingo 9 de janeiro de 2022 | Edição do dia

Na quinta-feira, 6, Japa foi morto após levar uma facada durante uma discussão com outro jovem no centro de Recife. Foi chamado o Samu, mas, segundo relatos, demorou para chegar, e ele foi levado em um carro para o Hospital da Restauração. Mas Japa não resistiu aos ferimentos e morreu na madrugada de sexta-feira. Uma fatalidade a perda de um jovem negro que era reconhecido como parte de construir a cena do hip-hop e artística na cidade do Recife.

Japa era um jovem que carregava várias aspirações e sonhos, que se expressavam nessa disposição de construir a cena do hip hop e levar adiante a cultura negra nordestina, assim como na sua denúncia ao racismo e toda forma de injustiça social nos poemas e grafites. Era um amigo e querido, que deixa as marcas na cena de um jovem que nunca se resignou frente à opressão da luta e cultura negra.

A violência social urbana contra a juventude negra é parte estrutural dessa opressão, uma chaga racista de Recife e do capitalismo que ficou exposta na Mamede nesta semana. Sabemos como a população negra sofre majoritariamente com as piores condições de vida e mora nas periferias de Recife, a capital com os maiores índices de desigualdade social do país. Não à toa, como mostra um relatório da Rede Observatório da Segurança, a cidade é também onde mais adolescentes são assassinados, por isso é considerada o pior lugar do Brasil para morarem. 95% das mortes de jovens de Recife foram por homicídio ou execução, uma juventude que sofre com os maiores índices de desemprego e marginalização. Ainda segundo o relatório, 97% dos jovens mortos pela polícia são negros, chegando a impressionantes 100% das vítimas dessa violência estatal em 2021.

Nós do Esquerda Diário expressamos solidariedade aos amigos, familiares e a todos os defensores da juventude e da cultura negra de Recife que estão de luto com esta perda. Que a memória das suas versos, rimas e carinho sirva de combustível à luta e resistência contra o racismo e toda forma de opressão e exploração desse sistema, perpetuada pela polícia, o Estado e seus governos.




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