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Ofensiva contra a Palestina | Após forçar palestinos a migrarem para o Sul de Gaza, Israel faz da região um campo de batalha

Os ataques israelenses contra a Faixa de Gaza estão mais violentos do que antes da trégua. A região Sul se torna um verdadeiro campo de batalha de Israel contra os palestinos, que são cada vez mais empurrados para um bolsão que impede qualquer ajuda humanitária significativa.

Elisa CamposFilosofia - UFMG

quarta-feira 6 de dezembro de 2023 | Edição do dia

FOTO: Mohammed Saber / Um homem e uma criança caminham entre os escombros após os ataques aéreos israelenses em Deir Al Balah

Já não existe lugar seguro para os palestinos frente à intervenção sanguinária de Israel, que após o fim do cessar-fogo em 1º de dezembro ampliou a ofensiva na Faixa de Gaza. O Exército israelense havia obrigado a população palestina a se deslocar para o Sul de Gaza nos últimos dias, porém, as tropas das Forças de Defesa de Israel continuaram a bombardear e avançar na região, e cada vez mais os palestinos são empurrados para um bolsão que impede qualquer ajuda humanitária significativa.

Os tanques e a infantaria do Exército israelense moveram-se para o Sul concentrando-se em Khan Younis, aonde estão vários campos de refugiados palestinos, como o Al Amal, maior deles e existente desde 1948. As Forças de Defesa de Israel disseram que as tropas chegaram ao centro da cidade de Khan Younis nesta terça-feira (5), e o general Yaron Finkelman declarou que “este foi o dia mais intenso de combates desde o início das operações terrestres”. Os ataques israelenses também continuam no Norte da Faixa de Gaza, e estão mais violentos do que antes da trégua.

Nesta quarta-feira (6) houveram intensos combates terrestres no sul da Faixa de Gaza, aonde segundo a ONU pelo menos 600 mil pessoas estão sob ordem de retirada, sendo que quase 300 mil já haviam sido forçadas a deixar suas casas no Norte sob intenso bombardeio, e agora precisam se deslocar novamente. Jornalistas independentes palestinos denunciam ainda que a região Sul para a qual os palestinos estão sendo obrigados a migrar por Israel é uma grande área desolada e arenosa, sem nenhuma infraestrutura básica como eletricidade, água e sequer construções para abrigo. “Nós vamos morrer aqui por causa da fome (…) Nós vamos morrer aqui sozinhos”.

O Coordenador de Ajuda de Emergência da ONU, Martín Griffiths, admitiu para as mídias internacionais que Israel “criou condições apocalípticas” no Sul de Gaza que impedem qualquer operação humanitária significativa. Ao jornal inglês The Guardian ele declarou: “Na semana passada havia um plano de 10 pontos – tenho vergonha até de pensar nisso agora – sobre como reagiríamos quando as pessoas viessem para o Sul. Já não existe um plano de 10 pontos porque depende da existência de um certo número de instituições que permaneçam intocadas [do ataque israelense] e que sejam seguras para as pessoas viverem. Elas não existem mais".

Griffiths também disse que mesmo a ajuda humanitária que entrou pela passagem de Rafah, no Egito, não foi significativa: “É como um remendo numa ferida que não funciona, e seria uma ilusão para o mundo pensar que a operação humanitária pode ajudar o povo de Gaza nestas condições. (…) Esta é uma situação apocalíptica, porque estes são os restos de uma nação que está a ser empurrada para um bolsão no Sul”.

A região Sul de Gaza se torna um verdadeiro campo de batalha de Israel contra os palestinos, que já não tem para onde ir. Neste contexto, o governo brasileiro mantém as relações políticas, econômicas e militares com Israel enquanto faz demagogia com o massacre contra o povo palestino. Lula assume que há uma crise humanitária na faixa de Gaza que atinge mulheres e crianças, porém continua a tentar igualar o conflito ao não responsabilizar o Estado de Israel, e aliás, a sequer nomear que os mortos são em imensa maioria da população palestina. Ao final, sua suposta posição de ficar em cima do muro, como aplaude e reproduz também a mídia burguesa brasileira, não significa nada mais do que a conivência com o massacre palestino pelo Estado sionista.

Nesta terça-feira (5) fontes oficiais palestinas declararam que já são 16.248 palestinos mortos pelo Estado de Israel (incluindo mais de 7.000 crianças), tanto por bombardeios como por tanques, tiros de estilhaços e franco-atiradores das Forças de Defesa de Israel, que de “Defesa” não tem nada. Além disso, há 7.600 habitantes de Gaza desaparecidos – que se presume terem morrido sob os escombros de edifícios na Faixa de Gaza, que ainda não conseguiram ser removidos.

A luta internacional de solidariedade ao povo palestino não pode parar, e pelo contrário, precisa urgentemente se ampliar. É fundamental que as grandes centrais sindicais e entidades estudantis brasileiras, como CUT, CTB e UNE, atendam ao chamado dos sindicatos palestinos pela solidariedade internacional em exigência pelo cessar fogo imediato na Faixa de Gaza, pela retirada das tropas, e pela ruptura de todos os acordos dos governos com Israel.

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Com informações de La Izquierda Diario




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