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Mundial 2022 e política | A seleção do Irã não cantou o hino em solidariedade as manifestações em seu país

Marcados pelas revoltas em seu país contra o regime, nos minutos prévios a estreia com a Inglaterra no torneio, os jogadores voltaram a mostrar seu compromisso com o povo, em especial com as mulheres. Finalmente a partida terminou com a vitória da Inglaterra por 6 x 2.

segunda-feira 21 de novembro de 2022 | Edição do dia

A seleção do Irã chegou ao Mundial do Catar marcada pelas revoltas em seu país e nos minutos antes da estreia no torneio os jogadores voltaram a mostrar seu compromisso com o seu povo, em especial com as mulheres. Os jogadores se negaram a cantar o hino em sinal de protesto antes da partida contra a Inglaterra, um gesto que lhes rendeu vaias de uma parte de sua própria torcida.

Os onze selecionados por Carlos Queiroz para a estreia no mundial permaneceram calados enquanto tocava o hino de seu país, mas ao finalizar o hino gritaram um representativo “Irã, Irã”. Os apitos que foram ouvidos das arquibancadas do estádio Jalifa, em Dohan, se transformaram e aplausos e gritos de apoio quando começou a rolar a bola.

Na verdade, as mulheres iranianas presentes no estádio em sua maioria se posicionaram em favor dos protestos com uma bandeira do Irã de grandes dimensões onde se podia ler o lema “woman life freedom” (mulher, vida e liberdade). Outros estavam segurando cartazes com as cores do país e a mesma demanda.

A situação social no Irã explodiu em 14 de setembro, quando Mahsa Amini foi detida pela “polícia da moral” por estar mal colocado o véu e usar calças muito apertadas. A jovem, de 22 anos, morreu por causa da brutalidade policial, concretamente por golpes na cabeça, segundo denunciou sua família.

O defensor iraniano Ehsan Hajsafi expressou com cautela sua preocupação em uma rede de impressa no domingo sobre a crise política e disse que esperava que sua equipe pudesse ser uma voz para o povo.

“Temos que aceitar que as condições em nosso país não são corretas e que nosso povo não está contente. Estamos aqui, mas isso não significa que não devemos ser a sua voz. Espero que as condições mudem segundo as expectativas do povo”, disse sem mencionar diretamente as manifestações.

Em sua publicação do Instagram em Setembro, que depois apagou, Sardar Azmoun, membro da seleção, apoiou os protestos.

No passado, a seleção era uma fonte de orgulho nacional em todo país. Agora, com os protestos massivos, muitos preferiam que se retirassem do Mundial do Catar. Mas o simbólico silencio antes do seu primeiro jogo poderiam mudar as opiniões dos críticos.

Antes de viajar a Doha, a seleção reuniu como presidente iraniano de linha dura, Ebrahim Raisi. Nas fotos dos jogadores com Raisi, um deles se curvando para ele, se tornaram viral enquanto os protestos de rua aconteciam, atraindo criticas nas redes sociais.

“Não posso ficar calado com o que aconteceu com Mahsa Amini. Se o castigo é ser expulso da seleção nacional, é um pequeno preço a pagar por uma só mecha de cabelo de uma mulher iraniana” disse naquele momento Sardar Azmoun, jogador do Bayer Leverkusen e um dos jogadores mais importantes da seleção persa.

Ehsan Hajsafi joga seu terceiro mundia. Seu clube o Aek de Atenas está muito interessado nele. “Antes de nada quero transmitir minhas condolências a todos as pessoas no Irã que estão sofrendo. Treinamos bem, estamos preparados, mas as condições em nosso país não são das melhores: estamos aqui mas isso não significa que não estamos representando quem estão no Irã. Devemos dar ao máximo e através do resultado fazer com que se sintam orgulhosos de nos” disse dias antes em uma coletiva de impressa.

As demandas das mulheres iranianas, expressadas em várias manifestações na rua alcançaram dimensão internacional em pouco tempo e outras personalidades de diferentes âmbitos apoiaram a causa mediante um gesto: cortando uma mecha de cabelo, um ato simbólico que serve como solidariedade para as mulheres iranianas.

A agencia ativista de notícias HRANA disse que até sábado haviam morrido 410 manifestantes nos protestos, entre eles 58 menores. Também morreram 54 membros das forças de segurança e ao menos 17.251 pessoas foram presas. As autoridades não tem publicado uma estimativa do numero de mortos.

Após o assassinato, a população iraniana, em especial as mulheres, saíram as ruas para pedir justiça e se rebelar contra as autoridades religiosas, que sobre tudo são restritivas com a liberdade das mulheres. As demandas passaram a ser rapidamento politicas exigindo a saída do governo e pedindo Morte a Jamenei, o líder supremo da República Islâmica. Os manifestantes encontraram apoio em algumas figuram públicas, entre elas jogadores de futebol que são internacionais assim como a seleção iraniana.




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