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USIMINAS | Usiminas ameaça fechar planta de Cubatão com a ajuda da polícia militar

quinta-feira 12 de novembro de 2015 | 22:55

Usiminas ameaça fechar plantar de Cubatão com mais de 4 mil demissões e paralisação da produção nas áreas primarias da usina, levando a pelo menos mais 4 mil demissões indiretas. Os trabalhadores respondem com luta pelo direito de seus empregos.

A Usiminas em Cubatão, antiga Cosipa, foi privatizada em 88 por Fernando Collor no processo de avanço neoliberal que privatizou diversas siderúrgicas no país, assim com a CSN que também fez parte deste processo obscuro com o financiamento do BNDS. Desde então a precarização do trabalho vem se acelerando e sendo denunciada sistematicamente pelos trabalhadores.
O Dieese aponta que "a indústria siderúrgica tem uma grande importância na América Latina, sendo um dos setores industriais mais dinâmicos da região". A Usiminas é umas das maiores fontes de emprego e renda na região da baixada santista, e tem um papel primordial na econômica local, responsável pela a entrada 100 milhões de reais aos cofres municipais. O impacto das demissões na região vai ser enorme, e com certeza deixará famílias inteiras nas ruas.
A empresa alega que está operando com baixa demanda e que vem acumulando prejuízos com a crise econômica, devido à diminuição da demanda no setor de transformação no último período junto à perda de espaço no mercado internacional para o aço chinês, e por isso, mesmo sabendo do impacto, seria necessária a reestruturação e as demissões. Ao mesmo tempo a empresa admite que a planta em Ipatinga - MG, aumentou a produção em 9%, sendo que este aumento não é acompanhado de contratação, e sim com o aumento da exploração do trabalho de seus operários. A Usiminas também foi beneficiada com o investimento de bilhões de reais do BNDS para a renovação de seu maquinário, garantindo a manutenção da produtividade desta empresa.
Ainda que a crise venha impactando fortemente o setor industrial, em especial, o de transformação, durante muitos anos este foi, e permanece sendo, um dos setores mais lucrativos para a burguesia industrial. Neste momento de crise, as demissões e fechamentos das plantas são manobras patronais para proteger seus lucros exorbitantes, aumentando a exploração dos trabalhadores e cortando seus meios de subsistência, que na visão dos capitalistas são apenas “custos” que diminuem sua lucratividade.

Os trabalhadores da Usiminas se preparam para lutar

Após o anuncio das demissões pelo vice-diretor da empresa, em 28/10, em que ameaça o fechamento da planta de Cubatão até fevereiro, os operários da Usiminas vem protagonizando uma importante luta por seus empregos.
Nesta terça-feira, 11/11, os trabalhadores junto ao sindicato prepararam um piquete para paralisar a produção da planta de Cubatão, em um legitimo protesto que busca proteger seus empregos. A paralisação também iria garantir a participação massiva dos trabalhadores na assembleia que iria decidir sobre o rumo de sua mobilização. A população da baixada santista vem demonstrando solidariedade a luta dos trabalhadores com faixas, mensagens nas redes sociais, participando das mobilizações e fechando as portas de pequenos comércios. A prefeita de Santos, preocupada com a arrecadação do município também se pronunciou em apoio a mobilização e decretou ponto facultativo na tarde desta terça-feira, 11, para que a população participasse da manifestação unificada em frente a prefeitura.
A empresa, em articulação com o governo estadual, Alkmin, militarizou a planta de Cubatão com as forças repressivas da polícia militar. A Usiminas abriu suas portas para a polícia, que passou a trafegar livremente pela empresa e passou a noite alojada em seu interior durante a madrugada aguardando a chegada dos trabalhadores do primeiro turno. Existem inclusive imagens que mostram o refeitório aberto com exclusividade para os policiais se alimentarem.
Quando os trabalhadores chegaram, às 6 horas da manhã, na porta da planta de Cubatão e se concentraram para parar a produção e reforçar o piquete, centenas de policiais já estavam em formação de choque esperando para reprimi-los. A ordem era dispersar os trabalhadores e forçar a entrada dos ônibus para dentro da siderúrgica, impedindo que a assembleia acontecesse e assim restringindo exercício do direito democrático de organização sindical. Durante esta operação, digna da ditadura militar, a polícia utilizou de força bruta, cassetetes, bomba de gás, spray de pimenta e tiros de bala de borracha para reprimir os trabalhadores, além de prender sindicalistas que só foram soltos após uma manifestação em frente à delegacia de polícia.
Os trabalhadores da Usiminas permanecem com disposição de luta e agora planejam “ações surpresas” para driblar a repressão, demonstrando que estão disposto a enfrentar a polícia para proteger seus empregos e o futuro de suas famílias.

Precisamos lutar para defender nossos empregos

Nesse momento de crise os trabalhadores são penalizados com a perda do emprego e obrigados a repensar o seu futuro frente à incerteza do desemprego para que os capitalistas sigam lucrando bilhões e bilhões. A classe trabalhadora depende do emprego para manter sua existência, com as demissões ficam com a própria vida em jogo. Historicamente é assim em momentos de crise, os trabalhadores são obrigados a pagar pela anarquia da produção, que é coletiva, mas é apropriada individualmente pelo capitalista, enquanto nossas vidas são ditadas pela vontades do mercado e sede lucro da burguesia.
Já sentimos o impacto da crise com demissões em massa em vários setores, como nos estaleiros, na Petrobras, com as demissões de milhares de terceirizados, na indústria automobilística, como a GM, e agora se soma a ameaça da Usiminas. A situação se agrava com os ataques do governo Dilma, que vem restringindo o seguro desemprego, incentivando a recessão com os ajustes, atacando o salário e os direitos dos trabalhadores. A oposição de direita, PSDB, o PT e, seu “cada vez menos aliado”, PMDB, atuam conjuntamente na hora de salvar os capitalistas da crise, e mandar a conta para a classe trabalhadora.
É necessário um plano de lutas contra o desemprego que unifique os trabalhadores de todas as categorias. Esta iniciativa só pode ser implementada com a disposição das centrais sindicais de esquerda e antigovernistas, como as duas Intersindicais e a CSP-Conlutas, assim como organizações políticas e movimentos sociais que estejam do lado dos trabalhadores. Com o verdadeiro emprenho destes setores é possível construir um polo da classe trabalhadora capaz de unificar as lutas e mobilizar a sociedade para barrar os ajustes e as demissões.
A luta em defesa do emprego e contra as demissões em Cubatão pode e deve ser parte desta perspectiva. O Esquerda Diário, assim como o MRT, nos colocamos ao lado dos operários da Usiminas. Repudiamos a repressão policial e a tentativa da empresa desmobilizar os trabalhadores. Chamamos todos a apoiar ativamente esta luta. Basta de demissões. Basta de repressão policial. Os trabalhadores tem o direito democrático de se organizarem! Todo apoio a luta dos trabalhadores da Usiminas.

Florêncio, Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Baixada Santista

Fontes:

http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2015/11/grupo-protesta-na-porta-da-usiminas-contra-demissoes-em-cubatao-sp.html

http://metalurgicosbs.org.br/noticia.php?cd_materia=2438&menu_pai2=66&menu_pai3=69




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