×

Atos golpistas | Um general, o primeiro ministro do governo Lula-Alckmin a cair

Vazamento de vídeo que mostra o ex-ministro Gonçalves Dias, do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), circulando pelo palácio do planalto durante os atos golpistas do dia 8 de Janeiro foram responsáveis pela queda veloz do primeiro ministro do governo e uma figura importante para Lula na relação com os militares. Abrem-se mais contradições para o governo que agora também mudou de posição frente a cada vez mais próxima abertura da CPMI (Comissão Mista Parlamentar de Inquérito) e que navega em um cenário de instabilidades.

Eduardo MáximoEstudante da UnB e bancário na Caixa

sábado 22 de abril de 2023 | Edição do dia

A aparição em um vídeo vazado do ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) Gonçalves Dias circulando pelo Palácio do Planalto no dia 8 de Janeiro durante os atos golpistas foi responsável pela queda veloz do primeiro ministro do governo Lula-Alckmin, uma figura chave na relação com os militares e que abriu uma crise importante no governo.

O vídeo mostra Gonçalves Dias abrindo uma das portas do Palácio próximas ao gabinete da presidência para os golpistas saírem, enquanto outros militares do GSI cumprimentam e oferecem água para os golpistas. Após a repercussão Gonçalves Dias colocou seu cargo a disposição de Lula que prontamente aceitou a demissão para tentar conter a crise. Especulações surgiram sobre a origem do vazamento sem que exista até agora uma fonte definida, mas certamente o bolsonarismo é o mais interessado no vazamento pois reforça a retórica de envolvimento de Lula com os atos golpistas do dia 8 de Janeiro. A queda rápida também diz respeito a tentativa do governo de conter o máximo possível essa retórica.

Gonçalves Dias é conhecido por ser o general mais próximo a Lula tendo sido chefe de sua segurança pessoal nos primeiros dois mandatos, foi chefe de segurança durante o mandato de Dilma e chefe da campanha eleitoral de Lula em 2022. Gonçalves Dias era considerado amigo pessoal de Lula por este histórico e por isso ocupava um cargo tão importante no GSI que durante a gestão bolsonarista foi de ninguém menos que o general Augusto Heleno. A saída de Gonçalves Dias queima talvez a única ponte que o governo ainda possuía com as Forças Armadas, colocando mais um desafio na relação estabelecida com os militares.

Ricardo Capelli, que também foi interventor federal na segurança pública no Distrito Federal após os atos golpistas, foi indicado como interino no GSI, mais uma situação a se resolver para o governo que indica um civil para o cargo que tem sido símbolo da presença militar no regime. Muito se questiona sobre a gestão de Gonçalves Dias que não fez a esperada troca da equipe do GSI que foi constituída por Heleno, uma das marcas da tentativa do governo Lula de buscar uma pactuação com a alta cúpula das Forças Armadas.

Lula e articuladores petistas têm justificado seu desconhecimento da presença de Gonçalves Dias no dia dos atos golpistas, dizendo que o próprio presidente teria pedido acesso aos vídeos do Palácio do Planalto e que teria sido informado que tais gravações não existiriam mais. Esse vazamento foi o que permitiu a possibilidade do bolsonarismo articular um discurso que tenta comprometer o governo dentro de um momento defensivo, logo após se tornarem réus os 100 primeiros denunciados nos atos do dia 8 de Janeiro. Este é mais um exemplo da situação difícil em que o governo se coloca pois em nome da pactuação com os militares, e mesmo com o judiciário, não chegou perto de investigar seriamente o envolvimento da caserna, muito menos dos financiadores dos acampamentos golpistas.

Agora com a CPMI batendo a porta o governo se relocalizou para tentar comandar a narrativa. Lula já antecipava que o desgaste político seria grande com a abertura da CPMI no congresso, mas diante da crise se tornou inevitável atuar para impedir o avanço da oposição bolsonarista, onde acontecerá a disputa entre os relatos governista e da oposição, e impedir que as pautas do congresso sejam dificultadas. A tendência é que se aglutine novamente o arco de forças da frente ampla em torno desta CPMI, não estando claro as consequências desta comissão que pode se virar contra os interesses da própria oposição bolsonarista. Um cenário de instabilidade é o que está colocado para o governo que além de ter perdido sua principal ponte com os militares terá que lidar com as surpresas que podem aparecer em uma CPMI, Lula voltará da Europa com muitas coisas para lidar.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias