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Por que os trabalhadores do Brasil têm que apoiar o povo palestino contra a ofensiva de Israel?

Desde 8 de outubro temos acompanhado a ofensiva israelense contra os trabalhadores e o povo pobre da Palestina. Não se trata de uma guerra, ou um conflito e sim uma genocídio contra um povo que ha 75 anos vive o assédio constante por parte do exercito de Israel, inúmeros massacres, destruição de suas cidades e casas e o roubo sistematico de suas terras. Trata-se de uma ofensiva armada em defesa dos interesses capitalistas dos EUA e de potências europeias para a manutenção da ordem capitalista no Oriente Médio e no mundo.

sexta-feira 24 de novembro de 2023 | Edição do dia

Foto: Reuters

Já são mais de 14,5 mil mortos palestinos, incluindo 5,6 mil crianças, vítimas de bombardeios, inclusive das bombas incendiárias de fósforo branco, em áreas civis altamente povoadas. São pelo menos 8 hospitais destruídos, escolas e casas bombardeadas deixando um rastro de destruição e morte a partir da fronteira norte, empurrando para o sul uma massa árabe que sofre cada vez mais com a escassez de água, energia elétrica, combustível e suprimentos básicos.

Mas o que mais esse capitulo da ofensiva sionista tem a ver com os trabalhadores no Brasil? Com esse artigo buscaremos responder a essa pergunta desde diversos pontos de vista e demonstrar que, assim como vem fazendo os trabalhadores e a juventude ao redor do mundo, os trabalhadores do Brasil podem, como parte deste grande movimento internacional, ser sujeitos para comprometer os interesses imperialistas dos EUA e das potências europeias na região e seus planos de dominação mundial.

Israel: um enclave imperialista no oriente médio para garantir os interesses do imperialismo estadunidense

O Estado de Israel foi um estado criado de forma artificial. Numa conferência da ONU em 1947, ao fim da segunda guerra mundial, se decidiu, sem o consentimento ou sequer uma mínima consulta aos povos da região, que a Palestina daria lugar ao Estado Judeu, para o qual uma massiva migração judia se deu a partir de então advindos de diversas partes do mundo.

Com o apoio dos EUA, vencedores da segunda guerra mundial e o acordo por parte da maioria dos países da Europa e o mundo, se instala Israel que, muito mais do que dar um lar ao povo judeu perseguido pelo nazismo, tinha fundamentalmente dois objetivos político estratégicos.

Por um lado, os EUA buscava sufocar diversas revoltas contra a colonização na região, que se davam nas ex colônias britânicas e francesas que, apesar de vencedoras na segunda guerra mundial, estava muito enfraquecidas para continuar exercendo seu domínio, e por outro lado, instalar uma fortaleza pró EUA que pudesse garantir o controle por parte deste à região.

Se antes da criação de Israel, desde o final da primeira guerra mundial, os palestinos, sírios, libaneses e outros povos, sofriam com o julgo colonial da França e Inglaterra, que nada trouxe de desenvolvimento, riqueza e bem estar, pelo contrário eram superexeplorados e tinham suas riquezas nacionais roubadas por essas colônias, depois da criação de Israel, passam a sofrer com o julgo militar israelense e o controle indireto dos EUA exercido pelo Estado sionista.

Ofensiva israelense na Palestina, racismo e extermínio de um povo: as relações com o racismo no Brasil e a superexploração dos discriminados e de toda a classe

O racismo é uma ideologia que serve aos capitalistas para dividir os trabalhadores. A mesma divisão que buscam impor no Brasil com o racismo ao povo negro, que busca justificar que os negros e principalmente as mulheres negras, ocupem postos de menor remuneração e poucos direitos, são esmagadoramente a maioria dos terceirizados por exemplo, os imperialistas abuscam utilizar contra os povos árabes e muçulmanos, que são superexplorados em todas as partes do mundo e é a ideolgia que justifica o massacre que está ocorrendo na Palestina hoje. Da mesma forma que no Brasil, para justificar a escravidão, se dizia que os negros não eram seres humanos e não tinham alma, o primeiro ministro israelense disse que o povo palestino são “animais”.

Essa ideologia racista está por trás, por exemplo, da superexploração dos palestinos dentro de Israel, onde ocupam os piores postos de trabalho, com as menores remunerações e não gozam dos mesmos direitos dos judeus.

O mesmo racismo foi utilizado, antes da criação de Israel, para dividir trabalhadores judeus e árabes, que até a década de 40, lutavam juntos contra a dominação inglesa na região e protagonizaram algumas greves e levantes como a greve geral de 1936.

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Além disso, não é nenhuma coincidência que as armas que matam a juventude negra no Brasil sejam justamente israelenses, um estado altamente militarizado que está ligado aos métodos da opressão.

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O capitalismo é mundial: nossa classe tem que ser internacionalista

A burguesia nacional, como Tarcísio em SP, tem uma posição clara a favor da ofensiva israelense de defesa dos interesses de Israel. Fazem isso por seus mil laços que o liga à burguesia sionista no Brasil e fora dele que tem iteresses e negócios no Brasil. Exemplo disso em SP é o apoio declarado ao estado de Israel por parte da FIESP, que exibe em seu painel de led na frente de sua sede na paulista a bandeira do estado sionista. Não à toa, essa federação apoia as privatizações e apoiou todos os grandes ataques aos direitos dos trabalhadores como as reformas trabalhista e previdenciária e as leis da terceirização que precarizam cada vez mais as relações de trabalho no país.

O presidente Lula, em nenhum momento condenou o massacre perpetrado pelo estado de Israel, suas declarações vão no sentido de igualar o ataque do Hamas, que vitimou 1200 israelenses, aos ataques israelenses que assassinaram mais de 14,5 mil pessoas na faixa de Gaza. Em nenhum momento nomeou Netanyahu ou o estado sionista como protagonistas desse genocídio e defende um cessar fogo, mas ignora o sangrento e sistemático avanço, durante décadas dos sionistas sobre o território palestino, partindo sempre de legitimar a existência desse estado assassino e colonizador. Faz isso justamente para preservar as relações econômicas e diplomáticas com a burguesia israelense colocando os interesses capitalistas acima das vidas de trabalhadores árabes, dando sustentação e sendo subserviente aos interesses do capitalismo norte americano, já que são os EUA os principais interessados na manutenção do estado sionista na região.

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O capitalismo mundial e a combinação desigual do desenvolvimento tecnológico e a miséria e exploração pelo mundo

O capitalismo nunca vai poder levar o desenvolvimento tecnológico e humano a todos os cantos do mundo. Não pode porque ele se beneficia das gritantes diferenças regionais tanto dos direitos sociais quanto de condições de trabalho para super explorar o proletariado de diversos cantos do mundo, garantindo assim altas margens de lucro para seus negócios. Portanto, manter a Palestina em particular, assim como o Oriente Médio de maneira geral em condições de vida e trabalho precárias, os favorece na busca por realização de seus lucros.

A força de trabalho é uma mercadoria e assim como qualquer outra, tem suas valorização ligada ao mecanismo da oferta e da procura. Num capitalismo mundializado, tanto as taxas de desemprego mundial quanto o valor da força de trabalho em cada canto do mundo, entram na conta para a valorização da força de trabalho internacionalmente, o que impacta também os salários e direitos no Brasil. Através desse mecanismo, o imperialismo consegue influenciar nos salários e direitos dos trabalhadores de acordo com seus interesses.

Nossa saída tem que ser internacional - pelo rompimento de relações comerciais e diplomáticas com o estado de Israel

Assim como o capitalismo se utiliza do caráter internacional da produção e circulação para valorização do capital e incremento de seus lucros, os trabalhadores precisam de uma estratégia que seja capaz de articular a classe internacionalmente para dar de frente com essa realidade.

Combater o imperialismo norte americano e das potências européias que exploram por vias econômicas e militares o restante dos países é fundamental para a classe operária do mundo todo, pois são eles os mandantes dos mais importantes ataques ao proletariado de países como o Brasil, subserviente a interesses capitalistas dessas potências. Nada menos do que as reformas trabalhista, previdenciária, as leis da terceirização e teto de gastos e também as privatizações, são políticas de interesses dessas potências que vêem nos países da periferia capitalista oportunidades de maximizar seus lucros com o barateamento da força de trabalho e a redução de direitos da população e dos trabalhadores.

Um histórico movimento internacional anti guerra tem se erguido em diversas parte do mundo com manifestações multitudinárias que vem desafiando as proibições às manifestações pro Palestina para se manifestar contra o genocídio perpetrado por Israel. A onda de manifestações tem sido comparada aos movimentos contra a guerra do Vietnã que foram fundamentais para questionar a ofensiva estadunidense no país do sudeste asiatico no final dos anos 60.

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Além disso, trabalhadores em diversos países do mundo têm tomado iniciativas contra o envio de armas, munições e insumos de guerra para Israel e exigido com greves e manifestações os rompimento de relações comerciais e diplomáticas com o estado osionista de Israel.

Os capitalistas tomam suas decisões mas são os trabalhadores que as operam e fazem acontecer, nisso reside a força de nossa classe e é essa força concreta que pode colocar em xeque os planos imperialistas na região do Oriente Médio e no mundo.

Nesse cenário, os trabalhadores brasileiros podem cumprir um papel de, juntos aos demais trabalhadores e jovens do mundo que se colocam contra a ofensiva israelense, ser parte de uma força mundial, desde diversos países, enfraquecer as iniciativas israelenses e imperialistas. Se aos trabalhadores do Brasil possa parecer pouco que o Brasil rompa relações comerciais e diplomáticas com Israel, se considerarmos nossa iniciativa desde o Brasil como parte de iniciativas combinadas com os trabalhadores de outros países pode ser parte fundamental de fechar o cerco aos negócios e relações de Israel como mundo atacando no calcanhar de Aquiles do capitalismo que são seus negócios.

Uma Palestina Operária e socialista: a única saída para acabar com o genicídio étnico e o colonialismo imperialista

O povo palestino foi explorado e oprimido ao longo da história por grandes impérios e potências capitalistas. A exploração internacional do seu território tirou sua soberania, seu direito de viver com dignidade, acossado por inúmeros massacres e assédio militar constante de Israel. O imperialismo internacional mantém essa condições para garantir seu interesses de rapina, fazendo do povo palestino peças de um jogo desumano. Mas se os imperialistas não são uma alternativa para a libertação do povo palestino, também não são as burguesias árabes de dentro e de fora do território palestino, pois se mantém como classe dominante explorando, oprimindo e dividindo os trabalhadores palestinos.

O próprio Hamas, é representante de um setor burguês da região apoiado pelo Irã, Qatar e outras burguesias árabes. Tem como objetivo erguer um estado fundamentalista islãmico que persegue as mulheres, ataca as liberdades democráticas e os direitos dos trabalhadores. Um estado puramente muçulmano matendo a separação entre trabalhadores árabes e Judeus

Para dominar e conquistar os territórios da Palestina histórica, foi política consciente dos sionistas dividir os trabalhadores árabes e Judeus que compartilhavam do mesmo território e protagonizaram unidos importantes greves na primeira metade do século XX contra o jugo colonial. Expulsaram à bala árabes das regiões onde progressivamente foram se assentando colonos judeus, assim como usaram sindicatos e empresas sionistas para contratar somente trabalhadores judeus para assim impor uma separação e animosidades que fossem capazes de dividir definitivamente o proletariado da região enfraquecendo seu poder de resistência e ofensiva.

E é nessa unidade dos trabalhadores árabes e judeus que nos apoiamos para levantar a única saída que realmente seja capaz de acabar com os conflitos na região e libertar os povos do jugo imperialista, uma Palestina Operária e Socialista, conquistada pela força da luta, retirando das mãos dos capitalistas o controle das principais empresas e o poder de Estado, o único caminho para livrar o povo palestino da opressão e da exploração imperialista e único caminho capaz de converter toda a produção e as riquezas desse país ao bem estar da população.

Declaração política: Abaixo os bombardeios e a intervenção militar israelense contra o povo palestino

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