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França | Por assembleias, greves e manifestações no 19 de janeiro para enfrentar a reforma da previdência na França

Só um amplo movimento de paralisação da França poderá fazer o governo Macron recuar na nova reforma da Previdência. Para isso, o Révolution Permanente chama a transformar o dia 19 de janeiro num primeiro dia de greve e mobilização massiva, que permitirá começar a construir um sistema de greve renovável envolvendo todos os setores do mundo do trabalho francês.

domingo 15 de janeiro de 2023 | Edição do dia

Foto: O Phil Des Contrastes

Na terça-feira, a primeira-ministra Elisabeth Borne apresentou sua ofensiva contra as aposentadorias. Sem surpresas, apesar das tentativas de apresentar a reforma como “justa” e “equilibrada”, há um ataque brutal contra os trabalhadores como parte de uma contra-reforma central que o governo está determinado a impor. Diante disso, a intersindical CFDT – CGT – FO – UNSA – FSU – CFE-CGC – CFTC – Solidaires, a maior desde 2010, respondeu aos anúncios convocando uma primeira data de mobilização. Em nota de imprensa, pede “um primeiro dia de greves e manifestações em 19 de janeiro de 2023” que deverá dar “início a uma poderosa mobilização em torno das aposentadorias no longo prazo”

Neste 19 de janeiro, portanto, será necessário uma força massiva em greve e nas ruas para lançar a batalha pelas aposentadorias. Embora o governo francês queira passar rapidamente seu ataque, somente uma "mobilização poderosa" pode fazer com que que ele retroceda. Essa perspectiva já assusta o governo, que se apressou em lançar sua propaganda antigreve explicando, por exemplo, que “ a greve pode acontecer sem parar o país” ou denunciando qualquer movimento que “penalize os franceses».

É a paralisação do país que eles temem: é essa perspectiva que deve ser construída!

No entanto, fica claro que a posição dos dirigentes sindicais franceses sobre a perspectiva a ser construída ainda não está clara. Se Philippe Martinez explicou em 10 de janeiro que queria “que o número máximo de trabalhadores esteja em greve no dia 19, e os que assim o desejarem no dia seguinte”, a questão da renovação continua indetectável no discurso da intersindical. No entanto, como mostraram os refinadores durante a luta salarial e, antes deles, os trabalhadores da RATP em 2019, só um movimento renovável é capaz de criar uma relação de forças à altura das determinações do governo.

Essa questão começa a ser levantada por setores estratégicos do movimento operário. Assim, os sindicatos petroleiros da CGT pediram na quinta-feira um plano de greve progressivo: uma greve de 24 horas em 19 de janeiro, 48 horas a partir de 26 de janeiro, 72 horas a partir de 6 de fevereiro, o que permitiria construir uma greve renovável. Um anúncio que bastou para polarizar os principais meios de comunicação e obrigar o governo a se pronunciar para denunciar essa possibilidade. Devemos aproveitar esse ponto de apoio para generalizar essa perspectiva.

No entanto, para realizá-la, os trabalhadores franceses devem ser capazes de assumir o controle de sua greve e discutir, de baixo para cima e em cada etapa do movimento, o próximo passo a ser dado. Isso não será feito sem generalizar, a partir de 19 de janeiro, assembleias gerais em todos os locais de trabalho para discutir o plano de batalha e construí-lo ao longo do tempo. Sem essa auto-organização, o calendário corre o risco de se tornar lento, sem desempenhar o seu papel de trampolim para a um movimento em renovação.

Além disso, se é preciso construir uma greve renovável, esta deve estender-se a todo o mundo do trabalho francês e sobretudo não ficar confinada a um punhado de setores. Em 2019, as empresas de transporte RATP e SNCF foram as locomotivas do movimento, mas sofreram com o seu isolamento nas greves renováveis. Em outubro de 2010, o início de uma greve renovável de vários setores estratégicos, como petroquímicos ou a SNCF, não foi acompanhado de uma extensão da greve para construir um movimento geral, o que permitiu ao governo quebrar o movimento com a ajuda de burocracias sindicais.

Os sindicatos petroleiros já estão explicando diretamente sua recusa em participar de uma "greve por procuração". Mas, para evitar tal perspectiva, é preciso que os setores que começam a se colocar na vanguarda do movimento se dirijam a todo o mundo do trabalho, inclusive às suas camadas mais precárias, e convençam a se engajar junto na luta. Para isso, precisamos de um programa que dê vontade de lutar, incluindo as pessoas precarizadas que já recebem aposentadorias miseráveis ​​e são obrigadas a sair aos 65, 66 ou 67 anos, por exemplo, defendendo a aposentadoria aos 60 anos para todas e todos e aos 55 anos para todos os trabalhos exaustivos, desde o transporte à limpeza e logística. Ao mesmo tempo, devemos implantar ferramentas que deem confiança à nossa classe, a começar pelos fundos de greve, que são essenciais para resistir ao longo do tempo.

Todos esses elementos devem estar no centro das discussões na esquerda e no movimento operário francês sobre a preparação do dia 19 de janeiro. Esta primeira etapa da batalha deve ser massiva e permitir começar a construir um plano para lançar as bases de uma greve dura e renovável, começando com dias renováveis ​​de 48 ou 72 horas. Mas esse plano de batalha só terá sucesso quando aliado a um esforço de organização das camadas mais amplas de nossa classe, por meio de um programa ofensivo por aposentadorias e aumentos salariais e de uma mobilização ativa dos trabalhadores.




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