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GENOCÍDIO NA PALESTINA | Plano de “emigração” palestina: Israel avança com seu projeto de limpeza étnica em Gaza

O jornal “The Times of Israel” revelou esta semana que o Israel está negociando, com vários estados como o Congo, um plano de "emigração voluntária" para os residentes da Faixa de Gaza. Uma medida de limpeza étnica que é continuação das políticas genocidas do Estado de Israel em relação aos palestinos.

sábado 6 de janeiro | Edição do dia

Esta semana, o jornal “The Times of Israel” revelou que Israel estava em negociação com países como o Congo para “acolher” os palestinos de Gaza como parte do chamado "plano de emigração voluntária” para seus vizinhos para acolher os palestinos que são obrigados ao exílio fruto dos ataques e devastação na Faixa de Gaza e que já resultou na morte de mais de 22.000 pessoas. O objetivo é deportar civis de Gaza para países como Congo ou Arábia Saudita, desde que, neste último caso, os palestinos estejam dispostos a trabalhar como operários da construção.

Benjamin Netanyahu admitiu, durante uma reunião do Likud, que estava procurando países dispostos a receber refugiados de Gaza. "Nosso problema é encontrar países dispostos a integrar os habitantes de Gaza, e estamos trabalhando nisso", explicou. Desde então, o Ministro de Inteligência israelense, Gila Gamliel, fez uma declaração na mesma linha para a imprensa israelense na última terça-feira: “a emigração voluntária é o melhor programa, o mais realista, para o dia seguinte ao término da guerra”.

Contrariando o eufemismo usado, não se trata, obviamente, de uma "emigração voluntária", já que sair de Gaza é uma questão de vida ou morte para mais de 2 milhões de habitantes afetados pelas destruição massiva promovida por Israel. Gamliel esclareceu então o plano das autoridades israelenses após o fim da guerra: "Não haverá trabalho, e 60% das terras agrícolas se tornarão zonas tampão por necessidade de segurança".

Este discurso marca um total alinhamento com as perspectivas defendidas nos últimos dias pelos ministros de extrema direita Smotrich e Ben Gvir. O primeiro explicou em 31 de dezembro: “para ter segurança, devemos controlar o território e, para isso, precisamos de uma presença civil no local”. E acrescentou: “Se houvesse 100.000 ou 200.000 árabes em Gaza em vez dos atuais 2 milhões, o discurso não seria o mesmo”.

Enquanto o plano de anexação da Faixa de Gaza por parte do governo se torna cada vez mais claro, o Estado de Israel assume seu desejo de completar a limpeza étnica da área, por meio da guerra e do deslocamento forçado dos habitantes de Gaza.

Diante da reação hipócrita do campo imperialista, a luta pela Palestina continua

Os governos ocidentais, aliados de Israel, emitiram comunicados denunciando as primeiras declarações dos ministros de extrema direita. Por parte dos Estados Unidos, o Departamento de Estado classificou na última terça-feira seus comentários como "irresponsáveis". O Estado francês, por sua vez, explicou que condenava "as declarações dos ministros israelenses das Finanças, Bezalel Smotrich, e da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, pedindo também a ’emigração’ da população de Gaza em relação ao restabelecimento dos assentamentos em Gaza e sua ocupação de terras".

Reações totalmente hipócritas dos governos ocidentais que, embora peçam "moderação" na política genocida de Israel, continuam a entregar dinheiro, vender material militar e claramente oferecem suporte na ofensiva atual. Uma consequência lógica de seu apoio histórico à existência deste enclave colonial a serviço dos interesses imperialistas no Oriente Médio. Uma hipocrisia que é particularmente visível em um momento em que Netanyahu está se alinhando, mais uma vez, com a ala direita de seu governo.

Desde a fundação do Estado de Israel, com a Nakba, e à medida que a ocupação dos territórios palestinos se expandiu, o deslocamento forçado das populações palestinas tem sido uma constante na região. Hoje, quase cinco milhões de refugiados palestinos já vivem em campos de refugiados no Oriente Médio. O deslocamento forçado das populações é parte das práticas genocidas de Israel, que nunca tiveram seu apoio questionado pelos governos ocidentais ao Estado de Israel.

Neste contexto e diante da cumplicidade objetiva dos regimes árabes com Israel, há uma necessidade urgente de continuar construindo um movimento internacional de solidariedade com a Palestina. Um movimento que, para ter influência, terá que buscar ampliar o movimento e levá-lo ao terreno da luta de classes, pressionando seções sindicais em setores estratégicos para impedir entregas de material militar ou afetar os lucros das multinacionais que se beneficiam da colonização da Palestina.

Artigo publicado originalmente em Revolução Permanente, edição francesa da rede internacional Esquerda Diário.

Tradução: Esquerda Diário Brasil




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