O número de lideranças indígenas mortas em conflitos no campo em 2019 foi o maior em pelo menos 11 anos, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgados nesta segunda-feira (9). Foram 7 mortes em 2019, contra 2 mortes em 2018. Os dados deste ano são preliminares: o balanço final só será feito em abril do próximo ano.
terça-feira 10 de dezembro de 2019 | Edição do dia
No último fim de semana, três ativistas indígenas foram mortos no país: no Maranhão, em Jenipapo dos Vieiras, dois indígenas Guajajara morreram e outros dois ficaram feridos durante um atentado no sábado (7); em Manaus, no Amazonas, o ativista da etnia Tuyuca Humberto Peixoto Lemos morreu no hospital após ser agredido a pauladas na segunda-feira (2). Suas mortes se somam a de outros 4 líderes indígenas, entre eles Paulino Guajajara, assassinados pelo agronegócio e a mineração.
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Desde sua campanha eleitoral a agenda de Bolsonaro já se revelava perigosa para os indígenas. Bolsonaro sempre defendeu nenhum centímetro de terra para os indígenas, colocando sob risco a política de demarcações. Além de ter outras políticas para fazer avançar a exploração pela mineração e o agronegócio dos territórios indígenas, como seu desejo de legalizar o garimpo.
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Outra proposta de Bolsonaro que fomentou esses números sangrentos foi a legalização da posse de armas nas áreas rurais, com o intuito de permitir que os jagunços dos latifundiários ameaçassem os povos indígenas e organizações pela terra como o MST.
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O assassinato de indígenas e as disputas por suas terra sempre foi um fato das áreas rurais brasileiras. Entretanto, a política de Bolsonaro, como mostram os números, trazem uma perigosa inflexão, fomentando as condições para que os setores do agronegócio e da mineração avançassem impetuosamente sob as terras e seus povos.