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Pernambuco | Moradores das palafitas da zona sul de Recife interditam com pneus queimados uma das principais avenidas da capital

Nesta quinta-feira a ponte Governador Paulo Guerra voltou a ser tomada por moradores das comunidades de palafitas. Os manifestantes atearam fogos em pneus interditando o trânsito e cobram a entrega dos conjuntos habitacionais Encanta Moça I e II.

sábado 8 de abril de 2023 | Edição do dia

Os conjuntos habitacionais prometidos pela prefeitura de Recife não são um presente de bom grado das oligarquias políticas pernambucanas. É fruto de uma histórica luta dos moradores da Zona Sul do Recife, em especial das comunidades que vivem nas palafitas do Pina. O projeto prevê a construção de 16 blocos e um total de 600 unidades habitacionais.

Entretanto, a obra que deveria ser entregue em 2022 segue em atraso envolto de inúmeras polêmicas, envolvendo impactos ambientais e problemas de licitação pública. O governo do PSB de João Campos mostra seu completo descaso com a construção do conjunto habitacional, mas também com a questão da moradia de conjunto, especialmente com os mais pobres que vivem, sem opção, nas palafitas de Recife.

Em 2022 as palafitas do Pina sofreram com um grave incêndio. Famílias perderam suas casas e tudo que já não tinham. Outras famílias foram removidas “por questões de segurança”. Mas meses depois a indenização prometida pela prefeitura ainda não havia sido paga, tornando ainda mais grave e urgente a necessidade da entrega do conjunto habitacional

Enquanto isso enormes prédios seguem abandonados no centro da cidade, e inúmeras outras construções paralisadas como verdadeiros elefantes brancos. A especulação imobiliária agradece, enchendo seus bolsos com a supervalorização dos imóveis das zonas “nobres” da cidade, na capital com um dos metros quadrados mais caros do Brasil.

As ocupações de prédios abandonados pelos movimentos de sem teto e as manifestações constantes exigindo o direito à moradia em Recife, são o retrato do problema estrutural habitacional de uma capital comandada pelo especulação imobiliária, grandes empreiteiras e uma oligarquia política podre aliada da patronal que explora o trabalho precário que lucram rios de dinheiro com a pobreza e o racismo.

É urgente não somente a entrega dos conjuntos habitacionais já prometidos pela prefeitura e pelo estado de Pernambuco, mas também a expropriação de cada prédio abandonado pela especulação imobiliária junto a um plano de obras públicas para reformá-los, tornando-os habitáveis, e para dar continuidade às obras inacabadas, gerando também emprego. Este é o princípio do que deve ser uma reforma urbana radical que possa dar fim, não só ao problema estrutural de moradia, mas também das mortes por alagamento e deslizamento de terras durante as chuvas. Essas reivindicações só poderão ser conquistadas com a luta do conjunto dos trabalhadores que hoje vivem nas zonas mais precárias e periféricas da cidade.




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