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Tribuna Aberta | Isso é só um desabafo, mas vale a pena considerar!

Publicamos aqui no Esquerda Diário, como Tribuna Aberta, carta enviada por uma professora de uma escola pública de São Paulo, após a tragédia ocorrida na E.E. Thomazia Montoro.

sexta-feira 31 de março de 2023 | Edição do dia

Depois de um dia exaustivo (e não deveria ser, já que eu trabalho no que gosto e acredito), sinto que a profissão que tanto lutei para conquistar, está em ruínas.

A semana começou com um fato inaceitável, a morte de uma professora em pleno cumprimento de seu trabalho. Inaceitável isso! E eu diria até que é inacreditável!

Mas infelizmente, situações como essa têm se repetido nas escolas. Embora a ocorrência da profa.

Beth tenha culminado em sua morte e nos demais casos não chega até esse final, digo com pesar que todo dia nós, professores, morremos um pouco.

Muitos colegas de profissão perguntam "quando essa decadência começou?" "Quando deixamos de ser respeitados e passamos a ser vilões?"

É muito triste, mas a profissão que permite a ascensão de vários profissionais importantes, está sucateada! Não somos respeitados por ninguém! Governo, família e aluno não respeitam o nosso trabalho e pior, não nos respeitam nem como pessoas, seres humanos.

As escolas se transformaram em "reatores de energia nuclear". Corremos riscos a todo momento.

Os nossos alunos muitas vezes, não conhecem o significado da palavra limite. De certo a família não o apresentou, não é? Temos que usar parte da aula para explicar o sentido dessa palavra. Isso é muito desgastante! Cadê os princípios e valores que devem ser trabalhados em família? É, a "instituição familiar" também está em decadência!

Além desses problemas que precisamos lidar com maestria, ainda temos que lidar com o devaneio do governo de acreditar que "quanto mais tempo ficarmos na escola, maior será a produtividade". Será mesmo?

O governo acredita que a educação é uma fábrica e que nós, professores, somos operários. Eu gosto e já trabalhei alguns anos na indústria. Lá sim, quanto mais tempo ficar, maior é a produção. O que o governo não entende é que os nossos alunos não são máquinas para "regularmos" e acompanharmos a produção. Talvez seja porque, para o governo, não somos gente! Para ele (governo), alunos e professores são apenas números na "chapeira".

Algo precisa ser feito e com urgência. Caso contrário, teremos uma fábrica (escola) sem operários (professores) e sem produção (alunos).




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