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Greve na USP | Estudantes de Letras, Geografia e História da USP votam greve em assembleias desta quinta-feira

Nesta quinta-feira (14) a FFLCH- USP amanheceu com mais de 400 estudantes do matutino em frente a prédio Prof. Antonio Candido (Letras) em assembleia, aprovando greve com começo na terça-feira, dia 19. O dia fechou com mais de 300 estudantes de Letras do período noturno também aprovando a greve. Durante o dia, às 18h, o curso de História fez assembleia no Vão, aprovando greve para o dia 21, e os estudantes de Geografia lotaram o Anfiteatro da Geografia com apoio de professores e aprovando com aclamação a greve para o dia 19. Os estudantes lutam contra a precarização da universidade e, principalmente, por urgentes contratações de professores.

sexta-feira 15 de setembro de 2023 | Edição do dia

Assembleia da Letras matutino

Não mais um espectro de greve ronda a FFLCH-USP, os estudantes dão concretude aos seus descontentamentos em uma greve contra a precarização do ensino na USP. O desmonte dos seus cursos, falta de professores, fechamento de disciplinas, salas lotadas, falhas na pró-aluno e a falta de permanência estudantil que causa sentimento de temor nos estudantes em relação a seus futuros, agora ganha forma de combate contra a reitoria que pratica privatizações dentro da USP.

O reitor, Carlos Carlotti, faz seguidismo do governo estadual de Tarcísio Freitas (Republicanos) no plano de avançar com as privatizações das instituições públicas, a exemplo do Metrô, CPTM e Sabesp. Na USP os hospitais universitários, os restaurantes universitários são alvo da lógica “precarizar para privatizar”, no campus do Butantã, por exemplo, só um restaurante universitário conta com trabalhadores efetivos, o Central, os outros, Física, PUSP-C e Químicas funcionam com trabalhadores terceirizados, que trabalham em situação precária.

Os estudantes não aguentam mais esta situação, de ver sua universidade cada vez mais caindo aos pedaços, em vários casos literalmente, salas de aulas com tetos que já caíram e se voltarmos os olhos para a moradia estudantil, o CRUSP, é espantoso o gigante descaso. Lá os estudantes não possuem fogões das cozinhas, elevadores que sempre param de funcionar, goteiras permanentes, e falta de água constantes, isso para não falar os vários estudantes que necessitam da moradia que não são contemplados e ficam à própria sorte.

As mobilizações deste ano começaram de modo mais radicalizado na EACH, com uma ocupação dos estudantes no primeiro semestre. No segundo semestre os estudantes de Letras que organizaram a conformação de comissões, sendo a primeira a da habilitação de japonês que está ameaça de fechar, expandiram o organismo de auto organização para as outras habilitações e em assembleias convocadas pelo Centro Acadêmico, CAELL, vêm demonstrando força e disposição para lutar pelo seu curso, exigindo a contratação de 114 professores que é o número mínimo demandado entre todas as disciplinas e departamentos do curso, conforme dossiê realizado pelo Centro Acadêmico em conjunto com estudantes e professores dos departamentos.

Assembleia da Letras Noturno

Na Geografia os estudantes também demonstraram disposição de construir uma greve em defesa do seu curso, no qual durante a pandemia, para elencar um exemplo, sofreu com a falta de saídas de trabalho de campo, algo essencial para sua formação, que na agora vem lotando e deixando de fora alunos que solicitam estas disciplinas. Na assembleia chamada pelo centro acadêmico, CEGE, contou até com apoio de professores presentes. Na História os estudantes sofrem com o desmonte da pró-aluno do prédio que ficou mais fechada que aberta durante o semestre, com falta de professores para ofertar disciplinas, sendo o segundo curso da FFLCH que mais sofre com ameaça de fechamento de disciplinas (logo depois da Letras), e a nova grade que não tem garantia de professores para oferecer disciplinas como História da África.

Assembleia da Geogeafia

Assembleia da História

Nós da juventude Faísca marcamos a importância desta mobilização contra a privatização e a precarização da universidade, pois este movimento da reitoria é parte de um ataque integral à educação, é preparando a USP para o Novo Ensino Médio (NEM), projeto neoliberal para educação pública impulsionado pelo governo federal Lula Alckmin e que com respaldo nisso, já vem sendo implementado pelo governador de extrema direita Tarcísio, confirmando que a política de conciliação de classes abre espaço pra extrema direita. O NEM que esvazia os conteúdos das disciplinas e propõe itinerários para formar uma consciência empreendedora, que na atual situação econômica nacional e internacional que nos encontramos, significa viver na precarização da vida sem garantias, em cima de bicicletas.

Ou seja, os estudantes de humanas quando virarem professores não vão estar preparados para ofertar disciplinas que debatam sociedade, cultura, política, arte, literatura e as relações sociais em geral, pois faltam professores universitários para ofertar essa formação. Disciplinas com enfoque a questões afro-brasileiras muito menos, pois além de faltarem professores e não serem obrigatórias nos cursos quando estas disciplinas existem, em outros nem são ofertados. Em resumo, a lei de No 10.639 nas escolas públicas são esvaziadas por falta também do ensino superior. Os cursos superiores estão sendo modelados tecnicamente para oferecer no ensino básico aulas também técnicas, para formarem estudantes funcionais a nova reestruturação produtiva do capitalismo em crise.

Confira a fala da Juventude faísca na assembleia da Letras:

Também o SINTUSP esteve presente nas assembleias estudantis para declarar apoio e conversar com os estudantes como eles também são atacados por este projeto privatista da universidade. Eles estão passando por processo de mobilização contra os ataques da Reitoria em relação aos bancos de horas, em que são obrigados a pagar as horas das pontes e do recesso de final de ano. Um absurdo, pois no período em que a universidade de conjunto permanece fechada, a reitoria quer cobrar os funcionários mais de 80h durante o ano. Além de como dito, a precarização que avança no HU, , na terceirização dos navios do IO, na concessão do espaço para empresas privadas e na construção de um parque tecnológico à serviço do mercado.
Os trabalhadores fizeram um ato unificado com os estudantes dia 13 e indicaram paralisação para do dia 21/09.

Veja a fala do Adriano, diretor do SINTUSP e militante do Nossa Classe:

É pensando nisso que apoiamos e defendemos a expansão da greve pela USP! É urgente que os estudantes tomem a greve em suas mãos, se organizando nas assembleias dos cursos que ainda não votaram greve, como na Ciências Sociais que se reunirá dia 21 de setembro, Filosofia e Pedagogia no dia 18. E nos comandos de greve, espaços verdadeiramente democráticos que reúne estudantes que estão na linha de frente da construção da greve para pensar os rumos da mobilização, com calendário ativo e vivo com atividades, massificando a greve e buscando apoio dos trabalhadores e professores da USP, assim como apoio externo da população. Chamamos todes a participarem da Assembleia Geral convocada pelo DCE para a próxima terça-feira, 19!




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