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BNDES | Corte de financiamento pelo BNDES pode beneficiar bancos privados, diz Moody’s

A decisão do governo brasileiro de cortar o financiamento para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pode prejudicar a qualidade dos ativos da instituição no curto prazo, mas também pode resultar em uma diminuição do risco de crédito no longo prazo, conforme o BNDES reduza o financiamento direto que fornece ao setor corporativo. A avaliação é da agência de classificação de risco Moody’s.

sexta-feira 6 de novembro de 2015 | 01:00

"A mudança política, que faz parte da estratégia de aperto fiscal do governo, também pode estimular o crescimento para os bancos privados", comentou Alexandre Albuquerque, vice-presidente associado da Moody’s, acrescentando que "conforme o crescimento dos empréstimos do BNDES desacelere, a instituição poderá focar mais no desenvolvimento do mercado de crédito do Brasil, ao invés de agir como credor direto".

Com a mudança de papel, as empresas que tinham anteriormente se beneficiado de financiamentos de baixo custo do BNDES terão que se voltar aos bancos privados, afirma a agência.

"Como muitos desses mutuários estão em indústrias que são sensíveis à crise econômica do Brasil, a inadimplência no balanço do BNDES pode subir no curto prazo, enquanto o mercado se adapta à nova estratégia", comenta a Moody’s. "No entanto, o declínio no crescimento também irá diminuir a demanda sobre o balanço do BNDES no longo prazo, eventualmente reforçando seu perfil de crédito", complementa, afirmando que, como o banco deixará de ser o agente de programas governamentais de concessão de empréstimos altamente subsidiados (cujos custos têm se tornado um fardo fiscal), o equilíbrio de suas contas também deve melhorar.

Com a menor influência do BNDES no mercado, a tendência seria de aumento da participação dos bancos privados e a redução de distorções. Ao mesmo tempo, conclui a Moody’s, os bancos poderiam incrementar suas receitas com serviços ao intermediar a venda de dívida privada, o que poderia desenvolver o mercado de capitais brasileiros.

Mais de duas dúzias das pessoas mais ricas do país têm participações em empresas que receberam empréstimos ou investimentos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social, sendo que a maioria das firmas que tomaram empréstimos contou com taxas abaixo do mercado pelo menos uma vez.

O BNDES foi usado para acrescentar a fortuna de bilionários brasileiros e criar "global players" na economia nacional, com dinheiro público. De propriedade da bilionária família Ermírio de Moraes, as unidades de aço e metais da Votorantim também contaram com taxas tão baixas quanto 3 por cento para empréstimos que totalizaram R$ 560 milhões. Em operação separada, o BNDES emprestou R$ 1,2 bilhão para a empresa de celulose do grupo, na qual possui uma participação de 30 por cento. A BRF também recebeu R$ 812 milhões em 2012 a uma taxa de 2,5 por cento. O homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo Lemann, tem uma participação na rede varejista Lojas Americanas SA, que recebeu um empréstimo de R$ 1,2 bilhão em março de 2014.

Entre as demais empresas de indivíduos bilionários que receberam empréstimos do BNDES estão a Camargo Corrêa SA, da família Camargo, a Rede D’Or São Luiz, de Jorge Moll, a Sucocítrico Cutrale, de José Luís Cutrale, a EMS, de Carlos Sanchez, o Grupo Boticário, de Miguel Krigsner, a Lojas Riachuelo SA, de Nevaldo Rocha, e a Natura Cosméticos SA, de Antonio Luiz Seabra, segundo o site do banco.

Estes exemplos mostram como o governo petista, que hoje quer descarregar o peso da crise nas costas dos trabalhadores, se provou um excelente administrador dos negócios capitalistas, com nada a dever ao PSDB na década de 90.


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