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Metrô de SP | Contra as novas demissões, terceirizações e ataques de Tarcísio no Metrô: preparar a greve contra a privatização

O Governador Tarcísio tenta avançar brutalmente com a privatização no Metrô de SP. Pela primeira vez, de maneira concreta, um governador anunciou que pretende privatizar, até o final do seu mandato, todas as linhas: 1, 2, 3 e 15, atualmente estatais. Até então o projeto de privatização vinha sendo feito através do modelo de expansão. Para implementar essa política, após o término da campanha salarial, o governador, junto com a direção do Metrô, tenta impor duros ataques à categoria. Efetivaram a demissão dos trabalhadores arbitrariamente responsabilizados pela colisão no Monotrilho, para encobrir as falhas de segurança da Alston conforme denúncia do sindicato; abriram edital de terceirização de toda manutenção de trens do Monotrilho; demitiram um diretor do sindicato; estão tentando tirar o isolamento dos operadores de trem no Monotrilho, preparando a retirada dos próprios operadores; além de querer acabar com os postos de trabalho nas estações e com a função de operador de trem. É preciso responder a esses ataques unificando a categoria e preparando uma forte greve em unidade com a população e com os terceirizados.

sexta-feira 7 de julho de 2023 | Edição do dia
Foto: Reprodução/Youtube

No dia seguinte após a campanha salarial dos metroviários de SP ser encerrada, o Metrô e o governo do Estado iniciaram uma série de ataques contra a categoria metroviária no intuito de avançar fortemente na privatização.

Essa ofensiva se iniciou com a demissão antissindical de Leandro, diretor do Sindicato e cipista da manutenção da Linha 1, afirmando falaciosamente que o mesmo havia mentido em um depoimento na justiça a favor de outro trabalhador. Uma demissão covarde e uma prática antissindical por parte da empresa, que busca intimidar a organização dos trabalhadores e enfraquecer o sindicato. E as demissões não pararam por aí. No mesmo local de trabalho, mais recentemente outro metroviário foi demitido pelo mesmo motivo absurdo de "falso testemunho”.
Veja aqui as moções do Sintusp e da Apeoesp-Santo André contra a demissão de Leandro.

Na mesma semana de encerramento da campanha salarial o governador de extrema-direita Tarcísio de Freitas deu declaração na imprensa dizendo que pretende conceder para a iniciativa privada até 2026 as Linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata, além da CPTM.

Desde então, vem promovendo medidas concretas para consolidar a privatização de forma mais dura, principalmente na Linha 15-Prata (Monotrilho), ao anunciar e publicar um edital de pregão eletrônico para o dia 27/07 que tem como objetivo avançar na terceirização, substituindo os oficiais de manutenção da Linha 15 que trabalham na manutenção dos trens por trabalhadores terceirizados que possuem menos direitos, salários, e que vão exercer as funções técnicas em condições muito mais precárias, o que se agrava mais ainda com a necessidade que a própria Linha 15 tem hoje, que amarga cotidianamente uma situação de precarização profunda por ser um sistema de trilhos que não comporta a quantidade de passageiros que transporta e tem sérios problemas de segurança, vide a colisão ocorrida este ano na linha. Esse é um precedente extremamente perigoso, uma vez que terceirizar este setor em um dos quatro pátios de manutenção é abrir as portas para terceirizar todos os demais três pátios, precarizando ainda mais o trabalho e o serviço prestado à população. Em resposta a este ataque, os trabalhadores da manutenção do Monotrilho já protagonizaram uma paralisação de um período esta semana, dando um grande exemplo de como resistir contra os avanços da privatização.

Nesta quarta, 06/07, os três metroviários que estavam no acidente da colisão do Monotrilho começaram a receber novos telegramas da empresa reafirmando suas demissões. Os três trabalhadores estavam afastados por problemas de saúde decorrentes da colisão, ocorrida em março deste ano. Essas demissões chegaram a ocorrer, ser revertidas, e mesmo de licença médica os trabalhadores estão sendo atacados novamente pela empresa e pela mídia. Como mostrado neste artigo, há várias denúncias de problemas na linha, relacionados ao incidente e não averiguados, e conforme denúncia do sindicato os trabalhadores são demitidos como bodes expiatórios para encobrir falhas de segurança e proteger os planos de privatização e os lucros da Alston (empresa responsável pelos trens e sistema do Monotrilho), em detrimento da segurança operacional do Monotrilho.

A ofensiva no Monotrilho vem com novas ameaças de retirada do “cinturão” dos trens, que isola uma pequena porção das extremidades dos trens equivalente à cabine, para que os operadores de trem possam trabalhar em condições mínimas de atenção para garantir a segurança no transporte dos passageiros. Esse ataque é parte do plano de retirar os operadores e as cabines de todos os trens e substituí-los por um sistema automático de controle (chamado de CBTC), que pode falhar e colocar a população em risco, por isso é de enorme importância a presença de um operador, que é uma camada a mais de segurança no sistema. A esse ataque os operadores respondem com a exigência de cabine em todos os trens para garantir um transporte seguro.

Nas estações o Metrô busca acabar com o cargo de agente de estação (OTMI) e, assim como nas linhas privadas, está passando para os seguranças as funções até então exercidas exclusivamente por esses agentes, como operar escadas rolantes e linhas de bloqueio e atendimento ao usuário, acumulando funções e precarizando o serviço prestado. Para acabar com o cargo de operador de estação (OTMII), tem movimentado compulsoriamente trabalhadores da manutenção para o período noturno em várias estações para executar as funções técnicas antes de responsabilidade desses operadores de estação.

Tudo isso para beneficiar empresas privadas com o dinheiro público e fazer a população de SP pagar a conta, como acontece atualmente no Metrô de Belo Horizonte, que depois de privatizado neste ano, foi vendido à preço de banana para um escravagista, e teve a passagem aumentada de R$ 4,40 para R$ 5,30, e está com um serviço muito mais precário, assim como acontece em SP com as recorrentes falhas das linhas recém privatizadas da CPTM como a 8 e 9. Também no Metrô de SP, as empresas por trás das linhas privadas recebem, por passageiro, um valor maior do que o da passagem, ao custo de fortunas de dinheiro público.

Toda essa ofensiva contra os trabalhadores também se relaciona com o desfecho de nossa campanha salarial. Pois, se por um lado tivemos conquistas econômicas, fruto de nossa mobilização e da defensiva que se encontrava o governo após nossa última greve no início do ano, por outro, como apontamos como conclusões no artigo abaixo, perdemos uma grande oportunidade política de golpear o projeto privatista do governo. Nós do Movimento. Nossa Classe que compomos a minoria da diretoria do sindicato, defendemos naquele momento que entrássemos em greve em defesa de contratações, que era o centro da campanha salarial, em unidade com a população que sente na pele os efeitos da precarização do transporte. O que não foi a posição da maioria da diretoria de nosso sindicato, que defendeu por encerrar a campanha salarial diante dos avanços econômicos. Frente a isso, o governo e o Metrô ganharam terreno, reorganizando suas forças e tentam uma uma ofensiva contra a categoria e o transporte público da população.

Veja nosso balanço desse processo da campanha salarial: Conclusões de uma oportunidade perdida: Como avançar na luta contra a privatização do Metrô de SP?

Diante de toda essa ofensiva, será necessário responder de forma unitária ao conjunto dos ataques que são todos parte de precarizar o trabalho e os serviços prestados para privatizar o Metrô. Com um chamado de unidade aos ferroviários e trabalhadores da SABESP que sofrem ameaças de privatização, em aliança com a população que mais sentiu os ataques dos últimos anos. E na batalha contra a terceirização e precarização do trabalho, precisamos nos aliar também aos terceirizados que já prestam serviço no Metrô, pois o avanço da terceirização é parte também de tentar dividir e enfraquecer a nossa categoria de conjunto. Assim como na campanha salarial defendemos o bilhete de serviço a todos os terceirizados, é preciso defender iguais salários, direitos e a efetivação de todos sem necessidade de concurso público.

A agenda de privatizações é o programa da extrema direita em SP, que foi absorvida também pelo Governo de Frente Ampla Lula-Alckmin, que deu aval à privatização do Metrô de BH e também quer agora privatizar o Metrô de Recife, para atender os interesses dos fundos de investimento que lucram com essa política, enquanto os trabalhadores sofrem com a precarização do trabalho e a população com um transporte caro e inseguro.

Nós do Movimento Nossa Classe propomos a construção de uma forte greve para barrar esse projeto em SP, intensificando as setoriais até a assembleia do dia 13/07. Fazemos um chamado que as principais centrais sindicais rompam seu pacto com a política do governo Lula-Alckmin, e construam um plano de luta contra não somente essa agenda, como também as reformas, o arcabouço fiscal e o marco temporal. É necessário unificar a classe trabalhadora pela via da mobilização, seguindo o exemplo das lutas na França e na Argentina, sem nenhuma ilusão que o governo vá defender nossos interesses.




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