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DESEMPREGO E AJUSTE FISCAL | Brasil pode chegar a mais de 1 milhão de demissões até o fim de 2015

Nesta sexta-feira, o Caged (vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego) anunciou mais um resultado negativo para a economia brasileira e para os trabalhadores. O mês de agosto foi o pior desde 1995, em geração de empregos com carteira assinada (formais). No acumulado do ano, o saldo de empregos formais do Caged está negativo em 572.792 vagas.

sábado 26 de setembro de 2015 | 00:49

Nesta sexta-feira, o Caged (vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego) anunciou mais um resultado negativo para a economia brasileira e para os trabalhadores. O mês de agosto foi o pior desde 1995, em geração de empregos com carteira assinada (formais). No acumulado do ano, o saldo de empregos formais do Caged está negativo em 572.792 vagas. Já em 12 meses, o mercado formal já perde quase 1 milhão de postos: o saldo chega a 985.669. O resultado é divulgado um dia após o IBGE revelar, na Pesquisa Mensal de Emprego (PME) que a taxa de desemprego no país subiu no mês passado, alcançando 7,6% - pior resultado para o mês desde 2009. O número é referente a seis regiões metropolitanas: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre e já supera os 10% para os trabalhadores mais jovens -

A semana também foi marcada por outras notícias que confirmam o cenário de deterioração da economia brasileira neste ano, o Banco Central (BC) passou a prever que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2015 deverá registrar retração de 2,7%.

Enquanto, a economia gera menos riquezas, o dólar mantem a trajetória de valorização, pressionando para o aumento de preços na economia, principalmente para os preços dos alimentos, onerando mais os mais pobres e os trabalhadores.

Apesar do leve alívio no saldo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) em agosto ante julho, o cenário ainda é de deterioração do mercado de trabalho, que deve fechar no campo negativo em cerca de 1,5 milhão neste e no próximo ano, devendo voltar a esboçar alguma recuperação apenas em 2017, segundo economistas burgueses ouvidos pela Agência Estado.

Indústria e construção civil: setores mais atingidos pela redução nas vagas

Os dados do Caged, reafirmar a crise na indústria e na construção civil, setores que mais perderam vagas formais no período analisado pela pesquisa. O setor da Indústria de Transformação houve queda de onze dos doze ramos que o compõem, tendo, na indústria de produtos alimentícios e bebidas, o único ramo com saldo positivo de empregos, totalizando crescimento de 7.649 postos de trabalho, o que ainda não é suficiente para reverter a tendência de ajustes e demissões na indústria de alimentos, a que mais emprega no país, como mostraram os dados do IBGE.

Outros setores como a indústria de transformação (que produz máquinas, por exemplo), tiveram redução de 47.944 postos de trabalho, assim como os setores da construção civil ( com redução de 25.069 vagas) e comércio (queda de 12.954 vagas) ainda continuam perdendo postos de trabalho.

Tendência de queda no emprego formal

A tendência daqui para frente, seria um saldo do Caged menos negativo, na faixa de 78 mil ante cerca de 86 mil em agosto, diante da expectativa das contratações temporárias de fim de ano. Porém, em geral, o trimestre de agosto a outubro é marcado por saldo positivo de empregos (devido ao início das contratações para as festas de fim de ano) pelos dados do CAGED o que não está ocorrendo neste ano.

Fato que pode preocupar e que pode apontar a continuidade da deterioração odo emprego ainda este ano. Outra tendência que deve se aprofundar são os empregos precários e informais (ou seja, sem carteira assinada) - em que a juventude é um dos principais alvos- , a informalidade no emprego é uma forma de os patrões economizaram em impostos, principalmente num momento de crise e de queda na produção, no crédito e no consumo.

Alguns economistas burgueses trabalham com a recuperação do mercado de trabalho somente a partir de 2017, e segundo eles, a recuperação depende do aprofundamento do ajuste fiscal do governo. O discurso destes economistas, é de que o ajuste de fato ainda nem começou, e que o governo estaria ainda gastando mais do que o ano passado, com crescimento da dívida externa. Com relação a dívida já era de ser esperar com o aumento da dos juros e com a valorização do dólar que são dois fatores da conjuntura que estão puxando para cima a dívida externa brasileira que está cotada em dólares e atrelada as variações da taxa Selic (taxa básica de juros).

A criação de 4.965 vagas no setor de serviços em agosto, o único dado positivo entre todos os avaliados pelo Caged, ainda é pequena. A média de criação de vagas no setor de serviços nos dois últimos anos foi de cerca de 70 mil, assim, a criação de pouco menos de 5 mil vagas é um número muito pequeno em relação à esta média e confirma a retração do setor da economia que mais emprega trabalhadores.

Governo admite dificuldade para reverter o ritmo das demissões

O ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, afirmou nesta sexta-feira, 25, que não é possível firmar um prazo para a recuperação do emprego formal (com carteira assinada), que já acumula retração de 572 792 vagas neste ano. "O tempo que durará isso (demissões), não dá para fazer avaliação", disse em coletiva no Rio.

Ele admitiu que o Brasil pode assistir ao fechamento de mais de um milhão de postos formais de trabalho este ano. No acumulado em 12 meses até agosto, o País já extinguiu 985.669 vagas com carteira assinada, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados hoje, no Rio.

No acumulado do ano foram perdidos no país 572.792 (-1,39%) postos de trabalho com carteira assinada, e nos últimos doze meses, esse recuo foi da ordem de 985.669 postos, variação de negativa de -2,37%, chegando próximo a perda em 1 milhão de postos de trabalho. Estes números negativos reafirmam que a crise dos capitalistas e empresários, já está sendo paga pelos trabalhadores.

Um programa em defesa do direito ao emprego

Como viemos analisando, no Esquerda Diário, a única resposta frente à redução no emprego (que é o resultado do ajuste fiscal apoiado pela patronal e criado pelos políticos da burguesia do PT, PMDB e PSDB seja no governo federal ou nos estados e municípios) é uma luta dos trabalhadores que denuncie o PPE (“Programa de Proteção ao Emprego”) do governo Dilma, que protege os lucros dos empresários, cortando salários.

As greves das montadoras precisam se unificar contra as burocracias sindicais e em defesa dos empregos, pela redução da jornada de trabalho sem redução nos salários e impostos sobre as grandes fortunas e lucros para que sejam os ricos e empresários que paguem pelo custo da crise.

ESQUERDA DIÁRIO/Agência Estado

Foto:pontodevistaonline.com.br




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