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Reforma agrária | Assassinato, tortura, grilagem de terras: família de Damares Alves ataca acampamento do MST no Pará

Denúncia do MST publicada neste fim de semana relata ameaças, intimidações e destruição de áreas do acampamento Quintino Lira, em Santa Luzia, no Pará, tudo a mando do fazendeiro Marcos Bengtson, primo de Damares Alves e acusado de ser mandante do assassinato do agricultor sem terra José Valmeristo Soares, conhecido como Caribé.

quarta-feira 20 de setembro de 2023 | Edição do dia

Vista aérea do acampamento Quintino Lira. Foto: Tião Oliveira - Reprodução da página do MST

A fazenda Cambará, hoje acampamento Quintino Lira, é reivindicada pelas famílias sem terra desde 2007 junto ao Incra e Iterpa, por se tratar de terra pública grilada que deve ser destinada para fins de reforma agrária. Desde então, os conflitos acontecem envolvendo o gerente da fazenda Cambará, Marcos Bengtson, que é filho de Josué Bengtson ex-deputado federal pelo PTB. Josué Bengtson é tio da Senadora Damares Alves, do Republicanos, e pastor da Igreja Quadrangular da qual Damares já fez parte.

A família Bengtson é envolvida em diversos escândalos e crimes. Josué Bengtson, foi cassado por corrupção no crime que ficou conhecido como a “Máfia das Ambulâncias” em 2018. Em maio deste ano, um avião pertencente à Igreja do Evangelho Quadrangular, da qual Josué é pastor fundador e executivo, foi apreendido pela Polícia Federal com 290 kg de maconha.

Marcos Bengtson, também é acusado de ser o mandante do assassinato do agricultor Sem Terra José Valmeristo Soares, conhecido como Caribé, em 2010. A morte foi precedida de sessões de tortura. Um outro trabalhador rural, João Batista Galdino conseguiu escapar da emboscada. Na ocasião, Marcos Bengtson chegou a ser preso, mas atualmente responde o processo em liberdade.

Muito embora em todos estes casos a senadora Damares Alves tenha buscado se afastar de sua família não pode esconder que sua carreira política começou através de seu tio. Damares se mudou para Brasília em 1999 para trabalhar no gabinete de Josué Bengtson, então deputado federal pelo Pará. O pai da senadora e ela mesma foram pastores da mesma igreja fundada por Josué. Todo seu legado familiar combina muito bem com o discurso reacionário e fundamentalista religioso de Damares que durante seu ministério no governo Bolsonaro foi responsável por atacar diretamente os direitos das mulheres e das LGBTQIAP+, foi responsável por vazar dados de uma menina de 10 anos estuprada por um parente e que realizaria um aborto no Espírito Santo, dizia que “ meninas vestem rosa e meninos azul”, fez parte do mesmo governo que promoveu a destruição das terras indígenas em nome dos lucros do agronegócio e dos ruralistas como são seu tio e seu primo.

Os anos de golpe institucional e de governo Bolsonaro significaram um grande avanço dos interesses dos latifundiários e da agroindústria contra os trabalhadores rurais, os camponeses e os povos originários. O governo Lula-Alckmin não vai voltar atrás neste processo, para não romper a aliança que o elegeu e quebrar sua base de apoio do congresso nacional.

A demanda de uma reforma agrária radical, da nacionalização da terra e de todas as riquezas naturais, só poderá ser conquistada através da aliança entre trabalhadores rurais e urbanos com os movimentos camponeses e sem terra, povos originários e quilombolas e não com a direita, o centrão e os ruralistas.




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