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#JujuyResiste | Argentina: milhares de professores voltam a marchar em Jujuy em repúdio à repressão

Convocados em uma marcha à luz de tochas, 5.000 professores e trabalhadores de outros setores se mobilizaram nesta quarta-feira até a Plaza Belgrano, na cidade de San Salvador, capital da província andina de Jujuy, Argentina. Exigiram a libertação imediata dos presos, que o governo de Gerardo Morales cesse a repressão, contra a reforma inconstitucional apoiada pelo partido do governo nacional, por salários e pelos direitos das comunidades originárias.

quinta-feira 22 de junho de 2023 | Edição do dia

Com os educadores como principais protagonistas, uma nova Marcha de Tochas foi realizada junto com trabalhadores estaduais e municipais, organizações de direitos humanos e sociais em apoio às suas reivindicações e pelos direitos das comunidades originárias. Entre as organizações convocantes estavam os sindicatos de professores CEDEMS, ADIUNJu e SADOP; a SEOM (municipários), a ATE (estaduais), as centrais sindicais CGT e CTA, entre outros.

Eram mais de cinco mil pessoas e continuaram a se juntar, professores, comunidades indígenas, mineiros, trabalhadores rurais, o Comitê de Estudantes e Professores Contra a Reforma, estudantes de nível técnico, secundário e universitário da Faculdade de Letras da UNJU. A delegação de dezenas de mineiros de El Aguilar, que assumiram a palavra-de-ordem "Não à Reforma. Aumento dos salários", gerou grande entusiasmo, sendo um setor chave na província devido à sua riqueza em lítio.

Anteriormente, os mineiros estiveram presentes em um dos bloqueios de rodovias das comunidades indígenas, prestando sua solidariedade a este setor do povo de Jujuy ao qual estão intimamente ligados, já que muitas minas estão localizadas em territórios das comunidades.

Também contaram com o apoio dos trabalhadores rurais que com um megafone disseram aos demais manifestantes: "Estamos aqui para acompanhá-los, temos nossas reivindicações, mas viemos para apoiá-los. Vamos povo, dizemos para vocês não relaxarem, estamos juntos nessa luta!; Acima nós o povo, e abaixo Morales com sua Reforma!". Todos os aplaudiam.

Dessa forma, apesar da brutal repressão sofrida na terça-feira, dia 20, a população de Jujuy voltou a encher as ruas, tendo o governador Morales como principal alvo dos protestos. O sucesso do momento não faltou: "Morales gatuno, você é ladrão, roubou da educação" e em outras partes da Cidade, ouviu-se: "Liberdade, liberdade, aos presos por lutar"; "Morales, lixo, você é a ditadura", eles também gritaram, "abaixo a Reforma. Pra cima os salários."

Tendo surgido no calor da luta contra uma reforma (in)constitucional que busca subjugar direitos elementares como o protesto, o Comitê de Estudantes e Professores Contra a Reforma uniu forças com os mineiros da Mina El Aguilar. Foi uma amostra da unidade necessária: de trabalhadores e estudantes, para ter força para enfrentar o governo Morales e seus cúmplices do PJ [Partido de Fernández e Kirchner]. “O povo unido jamais será vencido” foi uma das canções que os uniu.

O chamado à mobilização partiu dos sindicatos de professores, profissionais da administração pública e municipários, que se reuniram na sede do sindicato e realizaram coletiva de imprensa e rádio aberta na praça.

Na repressão de terça-feira, dia 20, foram quase 70 detidos, entre eles muitas mulheres e vários menores. Uma repressão feroz, que até a própria ONU criticou; com dezenas de feridos, vários deles gravemente porque os agentes disparavam contra as cabeças dos manifestantes. Depois houve perseguição e operações com viaturas sem placa, batidas em bairros populares e outros abusos.

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Tudo isso gerou uma nova mobilização também em Buenos Aires, onde dezenas de organizações com milhares de pessoas marcharam desde o Obelisco até a Casa da Província de Jujuy no centro de Buenos Aires. Como parte dos protestos, os sindicatos de professores UTE e Ademys convocaram uma greve em toda a capital que, apesar da campanha do governo direitista de Rodríguez Larreta e seus acólitos da mídia, teve grande adesão nas escolas.

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As centrais sindicais também tiveram que se manifestar, embora não tenham pedido a paralisação. Os dois CTAs pediram mobilização, enquanto a CGT (principal organização sindical do país) se limitou a convocar uma coletiva de imprensa para repudiar a repressão.




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