ELITISMO UNIVERSITÁRIO | Após ampla repercussão, USP agenda reunião sobre produção intelectual de trabalhadora

Nesta semana o Esquerda Diário divulgou a carta de Diana Soubihe Assunção que relata o caso do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP que retirou suas publicações da base de "produção intelectual" por conta de seu cargo de nível básico na Universidade de São Paulo. Diana publicou livros que tratam em especial da questão da mulher e considerou a atitude um "preconceito institucional", já que não há nenhuma explicação cabível para fazer tal diferenciação apenas pelo fato de ser funcionária de nível básico. Os livros permanecem na Biblioteca, porém com esta diferenciação.

A carta de Diana chegou a mais de 20 mil pessoas em apenas um dia, gerando centenas de comentários em repúdio a decisão da USP. Ontem, o Sistema Integrado de Bibliotecas da USP agendou reunião sobre o tema para a próxima terça-feira.

Conversamos com Diana Assunção sobre a repercussão de sua carta e ela em primeiro lugar agradeceu as centenas de apoios. "Achei muito interessante a repercussão da carta. Abriu um enorme debate sobre produção intelectual e a relação com os trabalhadores. Recebi mensagens de apoio do país inteiro, de muitas pessoas que não conhecia, mas que se identificaram com o nível de preconceito institucionalizado nas universidades públicas do país. Os comentários na internet também foram vários. Professoras como Beatriz Abramides da PUC-SP, Claudia Mazzei Nogueira da Unifesp da Baixada Santista, Jorge Luiz Souto Maior da Faculdade de Direito da USP, Gonzalo Adrián Rojas da Universidade de Campina Grande na Paraíba, e muitos outros apoiando esta causa", comentou Diana.

A reunião foi marcada para terça-feira, dia 13 de outubro, às 11h no SIBI, que fica na Cidade Universitária. Diana declarou que há expectativa que nesta reunião se avance nesta questão "Considero importante que, após tamanha repercussão, a USP tenha me procurado e marcado uma reunião para debater o fato. Nossa expectativa é que o SIBI retroceda na alteração do cadastro e recoloque minhas publicações na base de produção intelectual, e que isso avance para uma alteração no regimento, deixando pra trás este preconceituoso artigo que impede que trabalhadores de nível básico possam ter reconhecimento de suas produções intelectuais. Há muitas pessoas me procurando, de coletivos, organizações, imprensa para organizar novas medidas para a semana que vem, uma vez que o apoio tem sido enorme. Com tudo isto, esperamos abrir uma grande reflexão sobre produção de conhecimento na Universidade e a serviço do que estão. Estamos lutando em várias frentes na universidade, por sua democratização, seja na luta contra o desmonte da USP na Prefeitura do Campus por exemplo, seja na luta das idéias para que esteja a serviço dos trabalhadores e do povo pobre. Por isso, o mínimo que podemos exigir é que não haja diferenciação nas produções, porque isso é de um elitismo sem tamanho".