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CARTA DE TEMER A DILMA | Os ajustes em primeiro lugar nas preocupações de ministros do PMDB

E seu fisiologismo incessante por cargos e preocupados com a situação política que pode dificultar a aplicação dos ajustes por parte da tríade PT-PSDB-PMDB, ministros do PMDB consideraram como "infantil" e "primário" o conteúdo da carta do vice-presidente Michel Temer à Dilma Rousseff.

quarta-feira 9 de dezembro de 2015 | 00:00

Alguns integrantes da cúpula da legenda chegaram a questionar, num primeiro momento, até a autenticidade do texto. O teor da carta começou a circular no final da noite de ontem e chegou ao conhecimento das principais lideranças do PMDB que se reuniam em diferentes jantares, realizados em Brasília.

Num dos encontros, promovido pelo líder do PMDB do Senado, Eunício Oliveira (CE), estavam presentes os ministros do partido com exceção de Henrique Eduardo Alves (Turismo), ligado a Temer. Alves não estava em Brasília. Além dos ministros, também esteve presente o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (PMDB-RJ).

Segundo relatos, o conteúdo da carta deixou a todos "atônitos". Um dos trechos considerados com "completamente infantil" é o que Temer se queixa de não ter sido chamado pela presidente Dilma para participar da reunião realizada no começo do ano com o vice presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, com quem o peemedebista construiu "boa amizade".

O tom utilizado por Temer na carta, segundo relatos feitos pelo jornal O Estado de S. Paulo, levou um dos presentes no jantar dos peemedebistas a colocar em questão a capacidade do vice vir a um dia assumir o comando do País. "Alguém que tiver um mínimo de maturidade, depois de uma carta daquela vai acreditar que o Michel pode presidir o Brasil?".

Segundo integrantes do PMDB, Temer tomou a iniciativa de forma "solitária", não consultou as lideranças do Congresso, ministros, governadores, nem integrantes da Executiva.

A avaliação feita entre parte dos presentes foi a de que, com a iniciativa, Temer assumiu estar ao lado do presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), responsável por dar início ao processo de impeachment, "espatifou o PMDB" e sem querer fortaleceu a Dilma ao "reforçar a imagem de que ele quer tomar a Presidência".

O cuidado para não colocar os ajustes em risco é a preocupação central dos partidos

O vice-presidente vazou à imprensa sua carta "pessoal" a Dilma. Nela afirma do começo ao fim a desconfiança que Dilma, "seu entorno" e o PT nutrem sobre ele e o PMDB. A aposta de Temer é que qualquer ataque de Dilma ou do PT unirá mais o partido sob sua liderança e ameaçará uma ruptura maior e desenlaces, ou ameaças de desenlaces, no impeachment.

As primeiras avaliações do Planalto sobre a carta do vice-presidente é de que Temer "quer forçar que o governo rompa com ele" para que o peemedebista fique mais livre para se posicionar sobre o processo de impeachment. Segundo assessores presidenciais, Temer não quer ficar com o "ônus" do rompimento e tenta fazer com que ele venha do Palácio do Planalto.

Assim, o governo deveria se esquivar de polemizar com a carta para não dar argumentos de que a iniciativa da ruptura foi de Dilma.

De fato, os efeitos negativos que a carta teve estão sendo utilizados pelo governo para forçar uma "rendição amistosa" de Temer (que já se pronunciou dizendo que a carta não significa ruptura de nenhuma espécie), um pronunciamento dele de que está com Dilma contra o impeachment e fortalecer a batalha petista contra Eduardo Cunha.

O PT, que há muito tempo assumiu para si o modus operandi fisiológico dos partidos do regime político burguês, enlameado em corrupção e atacando os trabalhadores, vê uma conjuntura mais favorável para barrar o impeachment e tentar disciplinar sua base aliada e o PMDB em particular, diferente do que pôde fazer alguns meses atrás quando concedeu inúmeros cargos ministeriais ao PMDB e inclusiva a pasta da Saúde que era do PT em troca de afiançar apoios.

Isto não quer dizer que a aposta de Temer não vá vingar, pois existem inúmeros interesses políticos por trás desta carta aparentemente voltada ao "desabafo" com a presidente. Temer é um dos principais articuladores dos ajustes contra os trabalhadores. Não é uma peça "dispensável" nos planos da burguesia nacional para atacar os trabalhadores. Temer com esta jogada tenta não só enquadrar Dilma e o PT forçando-os a um jogo que tem que ser defender-se do impeachment contra o PMDB e o vice ou defender-se do impeachment, cedendo completamente ao mesmo.

Mas a preocupação central é a continuidade dos ajustes. Daí a origem dos temores de setores da cúpula do PMDB em se afastar da carta de Temer, para além das disputas por cargos em 2016 e 2018 no partido. O PT não quer ruptura com Temer, pelo contrário, quer seguir os negócios corruptos com PMDB e PSDB para ordenar os ajustes, superando a questão do impeachment.

Uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana

Não é possível exigir apenas que se refaçam eleições para o reposicionamento dos mesmos políticos nos mesmos cargos, ou levantar a política de Dilma em 2013 de uma "Constituinte exclusiva" que não toque em nenhum interesse econômico dos capitalistas e suas relações com o imperialismo. É preciso questionar estes interesses, como colocar os recursos naturais presa da privatização como a Vale e da corrupção como a Petrobras sob controle dos trabalhadores para garantir recursos para as necessidade de todo o povo. O Esquerda Diário opina que uma saída independente seria impor com a força das mobilizações um Assembleia Constituinte Livre e Soberana que permitisse debater os grandes temas do país, desde acabar com os privilégios dos políticos impondo que todos ganhassem como uma professora e fossem revogáveis, bem como debater as grandes questões sociais e econômicas do país.




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