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Feminicídio | Jovem de 23 anos é assassinada pelo marido na Grande Natal. Justiça por Márcia!

Márcia foi encontrada por familiares morta na casa que dividia com o marido após dias desaparecida.

Kaká Estudante de Letras Português na UFRN e militante da juventude Faísca

sábado 27 de abril | Edição do dia

Dentro de sua própria casa em Parnamirim, a vítima Márcia Anália Felizardo da Silva, de 23 anos, foi encontrada morta com golpes de faca na última quarta-feira (24), a mulher morava com o marido e estava desaparecida desde o fim de semana. Seus familiares tentaram contato por telefone e em sua casa, e sem respostas resolveram entrar pelo telhado. Dentro da residência, encontraram-na sem vida, de bruços e com o corpo com as marcas da violência.

Márcia trabalhava como vendedora em um shopping na Zona Leste de Natal. Já seu marido era segurança em outro shopping, na Zona Sul. Segundo a família, os dois estavam juntos há 10 anos.

Na data em que o corpo foi encontrado, o marido também estava desaparecido, mas a Polícia Civil, responsável pela investigação, não o considerou como suspeito a princípio, mas hoje, sexta-feira (26) o próprio homem assumiu o assassinato da esposa e se entregou.

Precisamos lutar por justiça, por Márcia e tantas outras. Há um mês, um caso parecido aconteceu, Maiara também foi encontrada morta em sua própria casa na Zona Norte de Natal, a mulher havia sido assassinada por seu ex-namorado.

No Brasil, a cada 6 horas uma mulher morre vítima de feminicídio, isso é uma expressão dos últimos anos de fortalecimento do ódio que a extrema-direita instiga direcionado a mulheres e outros setores oprimidos através da legitimação da ideologia patriarcal por figuras como Damares Alves (Republicanos), Nikolas Ferreira (PL), dentre outros. E, na prática do cenário nacional, o que vemos é o governo de frente ampla Lula-Alckmin conciliando com estes setores e mantendo fortes alianças com representantes de igreja, misóginos e transfóbicos e contrários à emancipação feminina, como vemos com Nikolas Ferreira encabeçando a comissão da educação.

O reflexo destas alianças aparece justamente quando casos de feminicídios e transfeminicídios seguem acontecendo, inclusive aumentando no último ano. Negociam os direitos das mulheres, como o aborto legal, seguro e gratuito, para garantir a “governabilidade” junto a esses setores reacionários, e impõe um Arcabouço Fiscal que limita o orçamento que deveria ser utilizado para implementar um plano de emergência para vítimas de violência.

No Rio Grande do Norte, os casos de feminicídio também aumentaram nos últimos anos, passando de 16 para 24 casos registrados em 2023, segundo dados do Fórum de Segurança Pública. A Natal de Álvaro Dias concentrou 13 dos casos registrados, que é parte do mesmo setor da extrema-direita que ataca os direitos das mulheres, e que o governo de Fátima Bezerra e o PT se aliam, como mostra a coligação da candidatura de Natália Bonavides esse ano com o PRD, partido que surgiu da fusão do PTB de Roberto Jefferson e do General Mourão com o Patriota. O feminicídio é uma das expressões mais extremas do que é o Estado capitalista que reproduz e depende de ideologias patriarcais para manutenção de seu próprio sistema, garantindo melhores condições para exploração da classe trabalhadora, sobretudo das mulheres.

Para garantir justiça pela vida destas mulheres e também para lutar contra a violência de gênero é preciso confiar apenas na força das trabalhadoras, independente do Estado que é incapaz de responder de fato aos casos de feminicídio e, portanto, da Frente Ampla que negocia nossos direitos enquanto propõe que o ministerialismo feminino, junto com a bolsonarista e miliciana Daniela do Waguinho, seja a alternativa para as mulheres. Somente o fortalecimento de uma perspectiva socialista do feminismo e a união de todas as trabalhadoras e trabalhadores, de todos os setores populares e de forma independente dos governos e patrões pode oferecer uma resposta à altura das atrocidades legadas por uma história de opressão patriarcal, num país onde a precarização e a opressão tem rosto de mulher.




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