terça-feira 14 de junho de 2016 | Edição do dia
Em assembleia realizada na última segunda-feira (13), os trabalhadores da USP em greve votaram solidariedade aos mortos e feridos pelo massacre homofóbico em Orlando.
Adriano, membro da Secretaria LGBT do Sindicato de Trabalhadores da USP, o Sintusp, fez uma intervenção na assembleia homenageando as vítimas do massacre e lembrando que a homofobia mata em vários países, sendo que o Brasil é um dos países com maior índice de mortes por homofobia no mundo e em alguns países ser homossexual é crime que pode levar à cadeia ou até mesmo à pena de morte. Adriano lembrou também da batalha de Stonewall, em 1969, na qual a comunidade LGBT lutou contra a polícia para conquistar direitos que até hoje não estão garantidos.
Veja abaixo a intervenção de Adriano.
Os trabalhadores da USP votaram uma moção de repúdio ao massacre, que vc pode ler na íntegra abaixo.
"Moção de repúdio ao massacre LGBTfóbico em Orlando/EUA
Na madrugada do dia 12/06 um atirador entrou em uma boate LGBT em Orlando, no Estado da Flórida, EUA, e assassinou 50 pessoas, deixando outras 53 feridas. Os trabalhadores da USP, reunidos em assembleia, repudiam veementemente esse massacre que foi cla-ramente motivado por razões lgbtfóbicas.
Infelizmente esse massacre é apenas a consequência mais bárbara do preconceito e da opressão que atinge cotidianamente a vida de milhões de LGBTs ao redor do globo. Em todo o mundo, 86 países possuem algum grau de restrição legal à liberdade de expressão homossexual, dos quais 38 com prisão (de 10 anos a perpétua) e 27 com pena de morte. Mesmo entre os pouquíssimos 21 países que desde 2001 começam um pro-cesso de reconhecimento do casamento entre pessoas do mesmo sexo, os LGBT conti-nuam sendo vítimas da opressão e do ódio.
Após 47 anos de luta LGBT a partir do emblemático caso de resistência à vio-lência policial no bar de Stonewall Inn, a visibilidade e o orgulho só foi conquistado para determinados segmentos LGBT’s e suas expressões afetivas ficaram restritas a nichos de mercado e locais privados. O Estado proíbe a educação sexual nas escolas, impede a adoção do nome social de transexuais, restringe o acesso à saúde para mulheres lésbicas e pessoas trans, reprime os espaços LGBTs. A mídia incentiva uma ideologia de família restritiva e naturaliza a opressão satirizando as relações afetivas e as personalidades LGBTs.
Nos locais de trabalho as LGBT’s ainda são os alvos prioritários dos assédios morais, obrigadas a esconderem sua sexualidade e a ter uma vida dupla para manterem seus empregos. Os líderes e porta-vozes das maiores religiões do mundo, como o isla-mismo e o cristianismo, discriminam as relações sexuais e afetivas que não gerem a reprodução e perpetuam, de maneira mais ou menos aberta, a ideologia de ódio e opres-são aos LGBT’s. A propagação desses discursos de ódio conta com o aval do Estado, que não criminaliza a LGBTfobia e termina sendo cúmplice na criação e desenvolvi-mento de assassinos como o de Orlando.
Por esses motivos repudiamos o massacre de Orlando, nos solidarizamos com as vítimas, amigos e familiares dos LGBT’s. Mas também repudiamos toda a forma de opressão, toda a discriminação direta ou indireta, praticada pelo Estado, pela mídia e pelos setores conservadores da sociedade que fortalecem o extremismo contra os opri-midos e os trabalhadores em todo o mundo.
Assembleia dos Trabalhadores da USP
14/06/2016"
No final da assembleia, os trabalhadores tiraram uma foto em solidariedade às vítimas do massacre.