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Caso de estupro de BH | Impor justiça com nossa luta contra estupros e violência de gênero: o Estado é responsável!

Na madrugada de domingo (30), em Belo Horizonte, uma jovem de 22 anos, ao deixar uma festa no Mineirão, foi estuprada. Mais um caso brutal escancarando a violência que o sistema capitalista nos submete e nos violenta cotidianamente, pela qual o Estado é responsável e contra a qual precisamos lutar por justiça!

Júlia SantanaProfessora da rede municipal de Contagem

quarta-feira 2 de agosto de 2023 | Edição do dia

Mais um caso brutal de estupro veio à tona escancarando a violência que o sistema capitalista nos submete e nos violenta cotidianamente. Na madrugada de domingo (30), em Belo Horizonte - MG, uma jovem de 22 anos, ao deixar uma festa no Mineirão, foi estuprada.

Minutos depois de ser deixada inconsciente na porta do prédio em que morava por volta das 3h da manhã pelo motorista que a levava, imagens de uma câmera de segurança mostram um homem encontrando a jovem, colocando ela desacordada sobre o ombro e a carregando até um campo de futebol onde a vítima foi estuprada. Horas depois, após ser encontrada desacordada e seminua por alguns moradores, ela foi levada pelo SAMU para o Hospital de Pronto Socorro Odilon Berens para realizar um exame, onde foi constatada violência sexual.

O grotesco caso de abuso sexual ocorrido em BH, infelizmente, não é um caso isolado. Na segunda-feira, um dia após a ocorrência desse caso absurdo, completou-se exatamente um ano do desaparecimento e assassinato de Bárbara, criança de 10 anos que foi estuprada e morta por asfixia em Ribeirão da Neves, na Grande BH, depois de sair de casa para comprar pão.

Vários casos de abuso sexual vêm à tona cotidianamente no país. Apenas em Minas Gerais, nos seis primeiros meses de 2023 foram 2.137 casos de estupros (dos quais 294 casos registrados apenas em Belo Horizonte), um crescimento de 22% em relação ao primeiro semestre do ano passado, quando foram registrados 1.747 casos de estupros. No estado recordista em violência de gênero no Brasil, não atoa o governador é Romeu Zema, uma figura da extrema direita que não está tão distante de deploráveis como Nikolas Ferreira ou Bruno Engler, herdeiros de Bolsonaro que pregam e perpetuam as mais diversas formas de misoginia e LGBTQIA+fobia.

Esses dados estarrecedores mostram a brutalidade e violência a que mulheres, crianças e LGBTQIA+ estão submetidas cotidianamente nunca podendo se sentir seguras, seja na rua, calçada ou dentro da própria casa. São vitimadas pelos seus estupradores, pela polícia e pelo judiciário, como o caso Mari Ferrer demonstrou quando, mesmo após a repercussão nacional, o judiciário absolveu o estuprador e agressor acusado André de Camargo Aranha. Judiciário esse que, vale lembrar, é defendido a unhas e dentes pela frente ampla do governo federal de Lula-Alckmin, que repetindo a aprofundando os governos anteriores do PT fez campanha eleitoral contra o direito ao aborto, por exemplo.

O patriarcado é reproduzido todos os dias na forma de precarização do trabalho da mulher, de diversas formas de objetificação, em especial do trabalho doméstico. O aumento dos casos de abuso sexual resultam da combinação do crescimento da extrema direita e seu discurso de ódio às mulheres e a manutenção das posições das altas cúpulas das igrejas no Estado que praguejam a ideia da mulher "bela, recatada e do lar", com o desmonte das casas de abrigo e falta de recursos para o combate à violência de gênero. Inclusive o atual governo, longe de defender a separação da igreja do Estado concedeu isenções milionárias para aqueles que lucram com a fé do povo, enquanto atacam direitos elementares como o aborto e a educação sexual nas escolas.

O Estado, então, como forma de apaziguar os ânimos, busca canalizar toda insatisfação para a judicialização dos casos mais horrendos, sem que se questione o Estado como mantenedor da lógica de reprodução do machismo em suas mais diversas formas, com total impunidade. Assim, é necessário levantar a importância da educação sexual nas escolas, para que formemos sujeitos em base em outros princípios que não sejam opressão de gênero, numa educação anti patriarcal, e a separação total da igreja do Estado. Nesse sentido, também é responsabilidade do Estado que o trabalho esteja submetido a uma lógica produtivista que explora os trabalhadores até a última gota de suor a ponto de um trabalhador abandonar uma mulher desprotegida pr’a que se tenha de fazer outra viagem para pagar as próprias contas. Por isso, esse caso também escancara a fundamental luta para defender salários base e todos os direitos aos entregadores e motoristas de aplicativo.

O conjunto das, dos e des trabalhadores devem tomar ruas assumindo para si a luta contra a violência de gênero como uma tarefa inalienável de toda a classe. Pois a saída para combater o machismo que se expressa estruturalmente passa necessariamente pela luta feminista socialista contra o patriarcado e todo este sistema pútrido.

Só podemos confiar nas nossas próprias forças de mobilização contra a violência de gênero profundamente arraigada no sistema capitalista, colocando abaixo todo esse sistema podre que nos mutila, que nos rasga o ventre, que arranca de nós o direito de decidir sobre nossos corpos, ao mesmo tempo que nos relega a jornadas de trabalho extenuantes, onde muitas vezes também sofremos assédio moral e sexual.

Por isso nós, do Grupo de Mulheres Pão e Rosas, estaremos na próxima quinta-feira, dia 3 de agosto, às 17h, na Praça 7 no ato em repúdio a esse caso escandaloso e desde agora estamos em cada escola, universidade e local de trabalho defendendo a necessidade de organizar a nossa luta para impor justiça contra toda a violência de gênero. Defendemosque as Centrais Sindicais e as entidades estudantis promovam espaços de auto-organização e debates com o conjunto da juventude e da classe trabalhadora. E convocamos todas as mulheres e LGBTQIA+ trabalhadoras, professoras, metroviárias, rodoviárias, operárias fabris, empregadas domésticas, terceirizadas, precarizadas, para serem junto des estudantes a linha de frente desta batalha.




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