Alê Silva (PSL-MG) disse que em seu tempo não tinha “mimimi”, ironizando quem pede para que o governo federal distribua absorventes para quem não pode arcar com o custo de um.
segunda-feira 11 de outubro de 2021 | Edição do dia
A deputada federal Alê Silva (PSL-MG), que faz parte da base de apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara, deu uma mostra gráfica de como o fato de ser mulher não a torna aliada nas lutas e bandeiras femininas, principalmente nas bandeiras das mulheres trabalhadoras, ao ironizar o pedido de mulheres em vulnerabilidade social para que o governo federal fornecesse absorventes ao público citado e para estudantes de escolas públicas. Bolsonaro vetou a distribuição na última quinta-feira (7/10).
“Sou do tempo em que usávamos paninhos, que a cada mês eram lavados e passados para serem novamente usados. Não tinha mimimi, aínn o governo tem que me dar (sic)”, publicou a deputada.
Diferente do deboche da deputada, a pobreza menstrual – como é chamada a dificuldade de aquisição de recursos de higiene, infraestrutura e conhecimentos sobre a menstruação – se trata de um grave problema afetando o desempenho escolar das estudantes brasileiras. Segundo dados da Unicef e da UNFPA, uma em cada quatro jovens brasileiras deixa de ir ao colégio durante o período menstrual por falta de absorventes, média 2,5 vezes superior à mundial. Com isso, as jovens perdem cerca de 45 dias de aula por ano letivo.
Mais de 4 milhões de jovens não têm itens básicos de higiene nas escolas quando estão menstruadas e 713 mil delas vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em seu domicílio. Muitas vezes essas mulheres e homens trans acabam usando absorventes improvisados, como miolos de pão ou papéis variados, que escancaram a pobreza menstrual que assola milhares no país.