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GÊNERO | A emancipação das mulheres em tempos de crise mundial: a mulher brasileira

Andrea D’Atri e Laura Liff escreveram em dezembro de 2015 dois textos sobre a emancipação das mulheres em um planeta em crise, desde a forma em que uma emancipação real poderia ser alcançada até uma análise das correntes feministas, associando ao marxismo revolucionário.

quinta-feira 23 de junho de 2016 | Edição do dia

Andrea D’Atri e Laura Liff escreveram em dezembro de 2015 dois textos sobre a emancipação das mulheres em um planeta em crise, desde a forma em que uma emancipação real poderia ser alcançada até uma análise das correntes feministas, associando ao marxismo revolucionário.

Na introdução da primeira parte dessa reflexão elas explicam:

A sintomática emergência política dos setores mais oprimidos questiona a ideia de emancipação como conquista progressiva e acumulativa de direitos (tal como propõe um feminismo partidário, exclusivamente, aquele da estratégia do lobby parlamentar para a “ampliação da cidadania”) e põe em xeque a perspectiva de “democratizar radicalmente a democracia” (como propõe o pós-feminismo, ou feminismo pós-moderno), que se mostra inviável quando a crise econômica, social e política segue desenvolvendo-se.

Com a crise, torna-se evidente que cada direito obtido não é uma conquista perene, mas que está sujeita a cortes e ajustes que imponham os governos e instituições financeiras internacionais, como também – quando não se trata de um problema estritamente econômico – aos vai-e-vens das relações de forças, já que a crise agudiza a polarização social e isso faz ressurgir com virulência os setores mais reacionários que expressam sua xenofobia, homofobia, misoginia, etc. Não são poucos os governos que, por trás de um discurso supostamente “progressista”, escondem compromissos com setores direitistas e concessões a determinados grupos religiosos, reforçando o controle social com a retirada de liberdades democráticas.

Na população que é lançada pelo capital a uma vida miserável, não há “igualdade de gênero”: 70% são mulheres e meninas. Mas a desigualdade não se encontra somente nos índices econômicos. Sua discriminação – como a que se exerce também contra imigrantes e pessoas não heterossexuais – contrasta com os direitos adquiridos nas últimas décadas: repressão, violação e assassinato de mulheres no Egito e outros países da África e Oriente Médio; a escalada xenófoba na Europa; as mobilizações multitudinárias, encabeçadas pela Igreja Católica, grupos de cristãos evangélicos e políticos conservadores, contra os projetos para legalizar o matrimônio igualitário. O capitalismo ensina, com essas lições brutais, que a emancipação feminina assim como de outros grupos sociais subjulgados, é uma quimera enquanto subsistir este regime social, político e econômico. Se esta é a perspectiva, o que deve levantar o feminismo, enquanto movimento emancipador que denuncia a desigualdade social, política e cultural das mulheres sob domínio patriarcal? E o que tem a dizer o marxismo revolucionário?

E a mulher brasileira?

Desde 2015, vemos no Brasil grandes manifestações convocadas e dirigidas por mulheres em respostas a diversos e diferentes ataques. Como, por exemplo, os atos contra a PL absurda de Cunha e do PT, contra a matéria na revista veja louvando a mulher “bela, recatada e do lar”, contra a ofensiva dos governos, como a do governo golpista de Temer, que nomeou como Secretária de mulheres uma mulher que contra o direito ao aborto atém mesmo em casos de estupros, contra a cultura do estupro após o estupro de uma jovem no Rio de Janeiro por mais de 30 homens, etc. Vamos às ruas bradando pelo direito ao corpo, pelo direito de escolha... Pelo direito à vida!

Esse período de grande mobilização das mulheres é chamado por muitos de primavera feminista, em que as mulheres vamos às ruas para defender nossos direitos que, como explicam D’Atri e Liff, não são obtidos como uma conquista perene, mas que estão sujeitos a cortes e ajustes que os governos e instituições financeiras internacionais impõem segundo os interesses capitalistas e de manutenção do patriarcado.

Por isso, para que esses direitos sejam perenes e garantidos para todas, é preciso mais! Enquanto houver capitalismo, a emancipação feminina não será completa e real. É necessário destruir o patriarcado, e o capitalismo que o mantém, que promovem a desigualdade social, política e cultural das mulheres.

É como disse Louise Michel: “Cuidado com as mulheres quando sentirem nojo por tudo que as rodeiam e se levantarem contra o velho mundo. Nesse dia, nascerá o novo mundo!”.

Façamos um novo mundo desde o Brasil até a emancipação internacional das mulheres!

Entenda mais sobre, lendo os textos completos aqui (parte I) e aqui (parte II).




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