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2022
Lula agora também com Maia e Paes: A frente ampla que preservará a herança do golpe institucional
Caio Reis

Construindo suas alianças para 2022, Lula agora garante o apoio de Rodrigo Maia, protagonista da Reforma da Previdência, sob a mediação do prefeito do Rio, Eduardo Paes, outro inimigo dos trabalhadores. O espectro enlameado de alianças é mais uma confirmação de que o PT se prepara para conservar a obra econômica do golpe de 2016.

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Nas últimas semanas, estamos acompanhando o giro nacional de Lula para firmar suas alianças rumo às eleições de 2022, firmando acordos com políticos como Sarney, Kassab, FHC e agora Maia e Paes, velhos político da direita e golpistas que protagonizaram o golpe contra o próprio PT em 2016. É uma prova de que se prepara para governar da mesma forma que nos conduziu até aqui: fortalecendo o agronegócio, as bancadas reacionárias, as instituições repressivas e o lucro de banqueiros e capitalistas. E não poderia ser diferente, diante de um Lula reabilitado pelo mesmo STF que impulsionou o golpe institucional e garantiu sua prisão arbitrária para manipular as eleições de 2018.

E como pode ser que deixemos nosso descontentamento e nossos sofrimentos, tão grandes hoje em um país com meio milhão de mortos pela pandemia e atravessado pela fome, o desemprego e o aumento dos custos de vida, ser canalizado para uma via institucional que pretende acalmar os ânimos até o final de 2022, e que oferece a preservação dos ataques que pesam sobre as costas dos trabalhadores e do povo pobre?

A aliança de Lula com Maia e o prefeito que ataca merendeiras terceirizadas no Rio é uma ilustração da insuficiência dessa política enquanto estratégia para a esquerda e a classe trabalhadora. Maia, que também atuou no golpe contra Dilma e que foi articulador da Reforma da Previdência, se ofereceu a colaborar com o programa de governo do PT e com as articulações para a campanha de Lula rumo às eleições de 2022, dizendo ainda que poderia fazer a ponte com políticos e setores que hoje são contra o PT, abrindo portas para que Lula feche novas alianças reacionárias.

Leia também: O Rio de Janeiro como laboratório da frente ampla para 2022

Se aproveitando de nosso ódio contra Bolsonaro, querem nos fazer esquecer que ele só está ali para avançar nos ataques que entusiasmam a direita com que se alinham, e que definem um projeto de país que é um verdadeiro laboratório da precarização do trabalho, de reformas neoliberais e privatizações.

E é com esse objetivo de canalizar nossa força eleitoralmente para Lula e o PT em 2022, que acabaram convocando o dia 19 com meio mês de distância do 29M que sacudiu o país, “descomprimindo” a insatisfação. Também é com essa estratégia em mente que as direções das centrais sindicais, majoritariamente dirigidas pelo próprio PT e pelo PCdoB, convocaram uma mobilização fictícia de trabalhadores para o dia 18, que não está sendo construída. Fazem uma divisão de tarefas, também com as entidades estudantis que dirigem (como a UNE), para evitar que a base assuma o protagonismo da luta e para impedir a explosiva unidade entre trabalhadores e a juventude.

A força dessa política de frente ampla, organizada desde a reabilitação de Lula para hegemonizar de forma controlada a oposição à Bolsonaro, é tamanha que leva consigo as correntes da esquerda institucional. O PSOL hoje se encontra em uma encruzilhada estratégica, e vem perdendo seu sentido de existência ao não se diferenciar programaticamente do PT, com quadros importantes como Jean Wyllys e Freixo rompendo e declarando abertamente sua disfuncionalidade no regime político. E o que a experiência de governo do PSOL em Belém vem mostrando é justamente isso: uma política reformista servil aos ditames do capital.

PSOL na Prefeitura de Belém: reforma da previdência e congelamento salarial

O partido, longe de apresentar uma “resposta anticapitalista” à esquerda do PT, propõe caminhos funcionais à Lula no primeiro ou no segundo turno e não levanta um programa anticapitalista, nem menciona o golpe institucional e seus atores, e é amplamente conivente com a política derrotista das burocracias sindicais.

Diante de tudo isso, é urgente uma alternativa política abertamente revolucionária e que não se subordine à estratégia eleitoral do PT e à orientação de suas burocracias sindicais, e que tire as lições da crise estratégica do PSOL e de seu projeto de partidos amplos, que também levou ao mesmos caminhos na Grécia, na Espanha e hoje no NPA da França. Privilegiaram uma atuação institucional distante da luta de classes e se diluíram em políticas de conciliação de classes com o argumento de enfrentar a extrema-direita.

Nós do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) e do Esquerda Diário acreditamos que é preciso aprofundar esses debates estratégico na esquerda brasileira e, ao mesmo tempo, dar uma batalha unitária contra todos os ataques - de ontem e hoje - levados a cabo pelo governo e o regime do golpe, exigindo que as burocracias sindicais e estudantis construam os dias de luta a partir da base, unificando com as atuais lutas em curso, e que, como no Chile e na Colômbia, levantem uma paralisação nacional aliada à força das ruas.

 
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