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USP
7 motivos para que os estudantes lutem ao lado dos trabalhadores da prefeitura da USP
Odete Assis
Mestranda em Literatura Brasileira na UFMG

Os trabalhadores da prefeitura do campus da USP entraram em greve nessa terça-feira. Queremos com esse texto explicar quais são os motivos para que os estudantes se coloquem em luta ao lado dos trabalhadores contra o desmonte e a precarização da universidade.

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Essa semana por ordens da reitoria, o prefeito do campus tentou implementar a transferência de vários setores de trabalhadores, que no totalizam quase metade da prefeitura. Os trabalhadores se recusaram aceitar mais esse ataque da reitoria e após uma reunião de unidade deram início a greve contra o desmonte da prefeitura. Apresentamos abaixo 7 motivos para que os estudantes entendam como a luta dos trabalhadores da prefeitura é parte da nossa luta em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade para todos.

1) Uma tentativa de atacar todos os lutadores dentro da universidade
A tentativa do reitor de separar os trabalhadores da prefeitura do campus visa um único interesse: dividir os trabalhadores enfraquecendo a luta. A prefeitura da USP sempre foi um histórico bastião de luta e resistência, sendo que alguns trabalhadores estão a mais de 30 anos na universidade, na linha de frente das mobilizações, greves e piquetes, se enfrentando com a repressão da polícia, da reitoria e dos governos, em defesa de uma universidade que esteja efetivamente a serviço da população pobre e trabalhadora. Se a reitoria consegue derrotar os trabalhadores e impor o desmonte da prefeitura encontrará caminho aberto para implementar todo o seu projeto de desmonte e privatização das creches, bandejões, escola de aplicação, hospital universitário e todos os outros serviços oferecidos pela universidade, até chegar a tão falada cobrança de mensalidades.

2) A manutenção da universidade é fundamental para a qualidade do ensino e da pesquisa
Muitos estudantes devem se perguntar o que exatamente os trabalhadores da prefeitura fazem, já que essa é uma das unidade da USP que não está diretamente vinculada a alguma área de ensino. Contudo o serviço dos trabalhadores da prefeitura são extremamente importantes para o funcionamento da universidade. São eles que cuidam da manutenção e conservação do campus, como troca da fiação elétrica, cuidado com os gramados, manutenção dos prédios e tantos outros serviços que muitas vezes passam desapercebidos em nosso cotidiano. Serviços fundamentais para garantir o funcionamento da universidade no que diz respeito a sua estrutura física. E todos nós sabemos que um bom ambiente é extremamente importante na hora de estudar.

3) A precarização abrindo caminho pra privatização
A tentativa de desmonte da prefeitura vem sendo implementada há muito tempo, antigamente essa unidade contava com mais de mil trabalhadores sendo que hoje foram reduzidos a pouco mais de 200. A reitoria culpa os salários dos trabalhadores diante da crise universitária e aponta como solução a demissão, contudo nem sequer cogita abrir o livro de contas das fundações privadas que atuam dentro da USP ou reduzir os super salários pagos a burocracia universitária. Ano passado o reitor Zago declarou que o modelo de universidade de excelência para ele era o da Universidade de Bolonha na Itália. Uma universidade que funciona com apenas 3 mil trabalhadores efetivos para 80 mil estudantes. Mas é claro que esse número de trabalhadores é insuficiente para manter uma universidade desse porte, sendo necessário, portanto, a contratação de mais funcionários, que nesse caso seriam trabalhadores terceirizados e precarizados. Hoje na USP alguns setores como a limpeza, por exemplo, já são terceirizados e coincidentemente os donos dessas empresas são professores de alto escalão da burocracia acadêmica, como o professor da ECA, dono do Bandejão das Químicas. O desmonte da prefeitura vem a serviço desse projeto de privatização.

4) Se passa esse ataque na prefeitura os próximos são as creches, escola de aplicação, bandejões e o Hospital Universitário
A luta para barrar o desmonte da prefeitura do campus deve ser encarada como parte de uma luta contra o modelo de universidade que o reitor tenta implementar. As creches, a escola de aplicação, os bandejões e o hospital universitário são considerados segundo palavras do próprio reitor "gordura para ser queimada". No inicio do ano várias crianças ficaram sem creches, o que obrigou diversas estudantes a optarem por levarem seus filhos pras salas de aulas ou abandonar seus cursos, sendo que a reitoria já anunciou que ano que vem não abrirá vagas novamente. Nos bandejões quase todos os trabalhadores possuem doenças ocasionadas pelas péssimas condições de trabalho, que juntamente com a falta de funcionários faz com que 44% dos trabalhadores estejam comprovadamente com restrições médicas. Enquanto isso segue o desmonte do HU, com fechamento de leitos e avanço do PiDV. Alguém tem alguma dúvida que Zago vai contentar-se em apenas desmontar a prefeitura enquanto ainda tiver “gordura pra queimar”? Dessa forma assim que passar o desmonte da prefeitura, os próximos na lista de cortes são setores ligados ao ensino e a pesquisa.

5) Estagiários precarizados no lugar de trabalhadores efetivos
Ano passado a reitoria cortou inúmeras bolsas oferecidas aos estudantes, em contrapartida esse ano anunciou a abertura de mais de 4 mil bolsas estudantis no Programa Unificado de Seleção de Bolsas e voltou a oferecer bolsas de intercambio. O que aparentemente parece ser uma boa notícia esconde na prática a lógica perversa do reitor. Essas 4 mil bolsas não são todas bolsas de permanência estudantil desvinculadas de qualquer trabalho a ser oferecido por parte dos alunos. Pelo contrario são bolsas trabalho, nas quais os alunos recebem após prestarem serviços para a universidade, serviços que deveriam ser exercidos por um trabalhador efetivo e com todos os direitos garantidos agora passam a ser responsabilidade dos estagiários precarizados e sem quaisquer direitos. O que perecia uma benevolência do reitor é na verdade um meio de garantir que a demissão de tantos funcionários seja amenizada através da exploração de diversos estudantes, que para permanecer na universidade precisam dessas bolsas. Se a reitoria implementa seu projeto de desmonte começando pela prefeitura essa realidade tende a ser cada vez mais comum daqui pra frente.

6) A reitoria ocupa os blocos K e L enquanto falta permanência estudantil
Falta vagas no Crusp e bolsas de permanência para toda demanda. Enquanto isso os blocos K e L permanecem ocupados, se antes davam lugar a antiga reitoria, agora o novo projeto do reitor é transferir todo o setor administrativo da prefeitura do campus para lá. Ano passado a reitoria tinha se comprometido a devolver os blocos K e L, o que ela ainda não cumpriu e demonstra que nem pretende cumprir. Enquanto isso diversos estudantes correm o risco de abandonar seus cursos por não ter onde morar e continuam sofrendo a procura de um emprego precário que minimamente garanta permanência na universidade, o que muitas vezes acaba se contrapondo a levar a graduação a frente de forma qualificada como deveria ser.

7) Se apoiar na luta iniciada pelos trabalhadores da prefeitura para barrar os ataques e lutar em defesa de uma universidade pública, gratuita e de qualidade
Essa luta iniciada pelos trabalhadores da prefeitura deve ser tomada por todos os estudantes, professores e funcionários, como um pontapé inicial na luta em defesa de uma universidade que coloque seu conhecimento a serviço da população oprimida e explorada. Nossa tarefa enquanto estudantes é prestar total apoio e solidariedade a esses trabalhadores, mas também discutir em cada sala de aula, com cada colega, a necessidade de construirmos nossa própria mobilização lado a lado com os trabalhadores.

O congresso dos estudantes da USP, que começa nessa quinta feira, deve servir pra que o conjunto do movimento estudantil seja parte ativa de uma luta que está acontecendo agora dentro da universidade. O debate sobre o que está acontecendo na prefeitura deve permear todas as discussões do congresso, tirando medidas concretas para que cada delegado volte para seu curso construindo uma forte mobilização contra o desmonte e precarização da universidade.

Precisamos tirar uma politica concreta para varrer o governismo da universidade, responsável direto pela passividade reinante no ME e que hoje dirigem os principais Centros Acadêmicos da FFLCH, incluindo o CAELL, CA da Letras, o maior curso da América Latina. Cabe a atual gestão do DCE (PSOL/PSTU) romper com a dinâmica de atividades rotineiras e efetivamente armar os estudantes para luta. Não só apoiando ativamente a greve dos trabalhadores da prefeitura como discutindo com todos os estudantes da universidade, em todos os campi da USP, a necessidade de que os estudantes se coloquem na luta, lado a lado com os trabalhadores.

 
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