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União Soviética na Segunda Guerra: e a luta de classes? Um debate com o podcast História Cabeluda [Parte 2]

Noah Brandsch

União Soviética na Segunda Guerra: e a luta de classes? Um debate com o podcast História Cabeluda [Parte 2]

Noah Brandsch

Em debate com o podcast História Cabeluda “O papel da União Soviética na Segunda Guerra”, o produto final deste artigo se propõe a colocar um elemento não abordado nem pela historiografia liberal, nem pela stalinista: a luta de classes, que na Segunda Guerra protagonizou um dos maiores processos revolucionários a nível internacional da história. Neste segundo artigo fazemos um debate abordando o pacto de Ribbentrop-Molotov e os expurgos para as consequências da invasão nazista; além de fazer um debate com Clausewitz sobre estratégia militar revolucionária.

Nesta segunda parte do artigo, buscaremos desenvolver questões que tratam menos do papel da burocracia stalinista da URSS e da III Internacional no exterior e na derrota das revoluções que poderiam barrar o nazifascismo (Alemanha, Espanha, França etc, como está na parte 1); mas sim fazer um debate sobre o que se passava na própria URSS antes e durante a guerra: os expurgos, o pacto Ribbentrop-Molotov e a batalha contra os nazistas. Desmistificando o que o podcast falou no minuto 13, de que “o período da Segunda Guerra foi quando o governo de Stálin trabalhou com mais eficiência”.

Ribbentrop-Molotov: de não agressão à colaboração

Nessa questão, assim como nas outras que já foram e serão abordadas, o podcast se propõe a combater a noção liberal de que o tratado de não agressão entre Hitler e Stálin seria a aproximação de dois monstros totalitários iguais e inimigos da democracia ocidental. Essa noção liberal, que tira o caráter e o conteúdo de classe de um Estado operário (ainda que degenerado) e de uma reação da burguesia, é uma visão equivocada que já foi brevemente explicada na Parte 1 e que serve aos interesses e discursos do imperialismo; isto, entretanto, não é o foco de debate deste artigo. A questão é que o podcast não coloca as consequências desse pacto para uma política revolucionária que seria realmente capaz de defender a URSS contra a reação.

Como argumenta o episódio, fruto do isolamento da URSS frente às derrotas das revoluções [1], do cordão sanitário e dos embargos feitos pelas potências imperialistas, além da recusa dos outros países em fazer uma aliança com o Estado operário, Stálin buscou fazer o pacto de não agressão com a Alemanha pensando em “ganhar tempo para se preparar para a guerra”. Primeiramente: sim, os imperialismos “democráticos” não queriam que o Estado operário sobrevivesse à guerra, e desejavam “matar dois coelhos com uma cajadada só”, colocando a URSS em uma batalha contra os nazistas, para que ambos se desgastassem e se enfraquecessem. Entretanto, o que está por trás desse “simples” pacto de não agressão entre a Alemanha e a URSS?

Vamos relembrar que, em 1935, o VII Congresso da III Internacional definiu o nazifascismo como o seu maior inimigo, e para isso era preciso combatê-lo fazendo alianças com todos os setores “democráticos”, “progressistas” e liberais da própria burguesia (as Frentes Populares, explicadas mais profundamente na Parte 1). Entretanto, em 1939, com o XVIII Congresso do PCUS (Partido Comunista da União Soviética), houve outro giro de 180° na política da URSS, definindo que, agora, os principais inimigos são os imperialismos “democráticos”. Vejamos o discurso de Molotov no Soviete Supremo, nesse mesmo ano:

Se vamos falar hoje sobre as principais potências europeias, a Alemanha se encontra na posição de um Estado que busca o término mais rápido das hostilidades e o advento da paz, enquanto a Inglaterra e a França - que ontem falaram contra a agressão - são hoje a favor da continuação da guerra contra a conclusão de uma paz. (...) O governo inglês declarou como seus objetivos de guerra nem mais nem menos que a aniquilação do hitlerismo. Segue-se que na Inglaterra (...) os propagadores da guerra declararam algo como uma guerra ideológica contra a Alemanha, uma reminiscência das antigas guerras religiosas (...) Essas guerras só poderiam trazer declínio econômico e ruína cultural para as pessoas que as sofreram, fazendo-o voltar à Idade Média. Não estão as classes dominantes da Inglaterra e da França nos arrastando de volta aos tempos das guerras religiosas, da superstição, de regressão cultural? (...) Uma guerra desse tipo não se justifica de forma alguma. A ideologia do hitlerismo, como qualquer outro sistema ideológico, pode ser aceita ou rejeitada, é uma questão de opinião política. Mas qualquer um pode entender que uma ideologia não pode ser destruída pela força (...) Por isso não faz sentido e é certamente um crime travar uma guerra como essa pela eliminação do hitlerismo.  [2]

Em outras palavras, ao afirmar que “a ideologia do hitlerismo é apenas uma questão de opinião política”, e que “é um crime travar uma guerra contra o nazismo”, mudam-se completamente os inimigos da URSS, releva-se a hedionda ideologia nazifascista e, ao contrário do que disse o podcast: não, não foi apenas um tratado militar de não agressão entre ambos, pois isso estava ligado a uma política de toda a URSS e, consequentemente, do Comintern, para não enfrentar o nazismo, subordinando todos os PCs à essa política e travando qualquer saída revolucionária para a guerra. Além disso, no tratado também estavam acordados a divisão da Polônia e de outras regiões do leste europeu entre os dois países, juntamente com negociações de recursos entre ambos; não me parece um simples pacto de não agressão. Como também veremos mais pra frente, a URSS continuou despreparada para a guerra, contradizendo o argumento de que o pacto seria para “ganhar tempo para se preparar”.

Evidente que fazer um pacto de não agressão com qualquer imperialismo por si só não é algo contrarrevolucionário, os bolcheviques fizeram um tratado em separado com a Alemanha para sair da Primeira Guerra, por exemplo, no que ficou conhecido como Brest-Litovsk. Entretanto, os bolcheviques, naquele período, subordinaram aquele tratado à uma política revolucionária maior de construção da III Internacional. Ao contrário do que fez Stálin, subordinando todos os PCs a não lutarem contra o nazifascismo!

Significados do pacto, dos expurgos e da guerra para a burocracia stalinista

Brevemente, vamos fazer um exercício para pensar na lógica da nada revolucionária burocracia stalinista, uma lógica que foge da luta de classes para analisar uma política entre Estados-nações, herança da teoria do socialismo em um só país de Bukharin e Stálin:

A guerra, concretamente, significa para a burocracia um perigo. Não só porque tem a chance de ser invadida por outras potências, mas porque uma guerra significa uma convulsão social e um acirramento da luta de classes, algo que a burocracia teme, devido a chance da revolução se expandir (ou de acontecer uma revolução política que de fato democratize a produção entre os trabalhadores) ser grande, fazendo com que a burocracia perca seus privilégios sustentados pela economia burocraticamente planificada, ou seja, sem o poder dos trabalhadores.

Se por um lado os stalinistas precisavam barrar a guerra, por outro, não poderia ser com uma política revolucionária (pois assim também perderiam seus privilégios). Primeiro, tentaram fazer as alianças com os imperialismos, tanto com as Frentes Populares quanto com a Liga das Nações; entretanto, quando viram que a Inglaterra e França tentavam empurrar a expansão nazista para o leste (um exemplo disso é a anexação da Áustria e Tchecoslováquia à Alemanha com uma canetada, e com colaboração da Inglaterra), a URSS dá um giro na orientação para tentar jogar esse avanço para o outro lado, e por isso faz o tratado de não agressão e de divisão com a Alemanha: para “acalmar seus ânimos” expansionistas que ameaçavam a URSS.

Se voltarmos um pouco antes do pacto, veremos que, com a iminência da guerra que se aproximava [3], era necessário eliminar qualquer resquício do legado revolucionário de Outubro de 1917. Nesse período, ocorreram os chamados Processos de Moscou, que duraram de 1937 a 1941: a imensa maioria dos antigos dirigentes revolucionários (inclusive os que se colocaram contra a Oposição de esquerda, como Bukhárin, Zinoviev, Radek e Kamenev) foram presos, assassinados (o próprio Trótski, em 1940) ou levados para campos de trabalho forçado; além dos expurgos do alto comando do Exército Vermelho que derrotou os exércitos brancos na guerra civil (exemplos são Mikhail Tukhachevsky, Vasily Blyukher e Aleksandr Yegorov), e de militantes operários que contestavam a burocratização da revolução que eles mesmos haviam conquistado. Ao todo, foram executados cerca de 700 mil pessoas, a maioria acusada de colaboracionista (hora dos nazistas, hora dos ingleses e franceses, a depender da linha que a burocracia adotava no momento) [4]. No podcast, os apresentadores ficam em cima do muro quanto a essa questão, não colocam, claramente, essa política contrarrevolucionária para manter os interesses burocráticos.

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As consequências militares

Neste tópico, vamos tentar mostrar as consequências militares negativas do pacto e dos expurgos na Segunda Guerra, para colocar que as motivações para tais ações foram políticas, e não técnicas ou militares, como sugere o podcast.

Primeiramente, o pacto Ribbentrop-Molotov não deu mais tempo para a URSS se preparar para a guerra. A indústria de guerra alemã é mais potente que a soviética, e os dois anos a mais que o pacto daria para a URSS se preparar mostraram, na verdade, que quem se preparou melhor para o conflito foram os nazistas: seja pela sua superior capacidade de produção bélica e industrial e seja pela espoliação de recursos e armamentos que a Alemanha conseguiu com suas ocupações na Europa Ocidental e anexações na Oriental, enquanto o pacto estava vigente.

Quando, em junho de 1941, ocorre a invasão nazista na URSS, a Alemanha consegue uma rápida expansão nas primeiras semanas, e os próprios nazistas (assim como ingleses e americanos) imaginavam que em poucos meses o Estado operário estaria conquistado. O podcast apenas cita que, realmente, a resistência soviética nessas primeiras semanas foi fraca, apesar de mais forte do que imaginavam os nazistas, mas não explicam o motivo. Por que?

Com a invasão nazista, não vieram ordens para uma defesa do território da URSS, mesmo com Stálin e a alta cúpula da burocracia já sabendo dos planos e da preparação da invasão. Prova disso foi a frota de aviões soviéticos que foi detonada sem sair do solo, ou os pelotões que estavam armados e receberam a ordem de “não responderem às provocações nazistas”, provando que a tática de “ganhar tempo para se preparar” não era real, pois não estavam preparados quando a invasão começou. No plano de estratégia militar, o general Tukhachevsky que havia combatido na guerra civil russa elaborou táticas militares para a guerra que se aproximava e, com sua execução em 1937, suas elaborações foram retiradas dos manuais de guerra soviéticos; assim como a não utilização da estratégia de defesa de concentração de forças que foi utilizada na guerra civil, e de outras táticas acumuladas pelas quase três décadas de Estado operário e de Exército Vermelho. Além disso, mesmo com a invasão nazista, haviam prisões dentro da URSS por pessoas acusadas de atentar contra os interesses alemães (lembram da linha de que a a ideologia nazista era apenas um questão de “opinião”, e de que “travar uma guerra contra o hitlerismo era um crime”?); essa posição fez com que setores da própria burocracia se tornassem colaboracionistas dos nazistas [5].

Essa não mobilização das tropas soviéticas se deve ao fato, já mencionado, da burocracia querer evitar o conflito a qualquer custo, e inclusive buscando fazer uma reedição do pacto de não agressão com a Alemanha por intermédio do Japão após o início da invasão. Todos esses fatos o podcast também não coloca.

Todo esse fracasso militar do “gênio militar Stalin” levou a cerca de 20 milhões de soldados russos mortos, que por trás dos fuzis eram operários e camponeses. Entretanto, apesar dessa tragédia:

Por que os soviéticos derrotaram os nazistas?

Frente à imobilização do Exército Vermelho, os primeiros setores que se mobilizaram contra a invasão nazista foram milícias operárias e camponesas organizadas a parte do Exército, pegando seus objetos de trabalho como martelos, facas e machados para dar o combate aos nazistas. Ou seja, a resistência soviética surgiu da base das massas. Posteriormente, essas milícias são incorporadas ao Exército Vermelho, quando se começa de fato uma maior organização estratégica para a defesa, protagonizando vitórias como as de Stalingrado, Moscou e a das chamadas “Bruxas da Noite”.

O podcast não trata nem dessa imobilização das forças soviéticas, nem da espontaneidade dos operários e camponeses em se defender dos nazistas, e coloca a vitória sobre os nazis majoritariamente como um fator técnico e militar de adaptação da indústria aos esforços de guerra. Entretanto, mal menciona um fator fundamental desenvolvido por Clausewitz quando se trata da guerra: a moral da tropas.

Resumidamente, o teórico prussiano da obra Da Guerra desenvolveu que, a partir das revoluções burguesas, se muda um fator fundamental para pensar a arte militar: dos conflitos entre exércitos regulares em que o fator técnico definia as batalhas, se passa a pensar o papel das massas e a moral das tropas nas guerras. Por exemplo, se pensarmos na Revolução Francesa ou na Russa, a moral das massas levantando as consignas de “liberdade, igualdade e fraternidade” ou de “paz, pão e terra” foram fundamentais para pensar a vitória militar sobre a contrarrevolução, que tinha uma capacidade bélica superior.

A grande diferença entre uma análise burguesa e com objetivos burgueses da guerra e uma análise revolucionária com objetivos revolucionários é a questão da moral das tropas e da constituição dos soldados. Na visão burguesa, que enxerga a guerra como um enfrentamento entre nações com um exército regular, as questões técnicas e militares são os fatores determinantes para a vitória de um sobre o outro; na análise para uma política revolucionária, a questão da constituição das tropas é fundamental: quem está por trás dos fuzis que compõem o exército regular da burguesia? Camponeses e operários. Mas por que eles compõem esse exército e lutam por interesses que não são deles? É possível transformar essa guerra contra outros operários e camponeses pelos interesses de duas burguesias em uma guerra dos operários e camponeses contra suas próprias classes dominantes?

Na visão de um Estado operário, que por seu próprio conteúdo de classe (operário) já é inimigo da burguesia, qual seria a saída para se defender as conquistas e a expansão da revolução? Justamente, fazendo uma política revolucionária (com a III Internacional), transformando a crescente insatisfação com o nazismo por parte dos soldados e das massas da Alemanha e de todas as áreas ocupadas [6] em uma guerra revolucionária contra a burguesia, preservando o máximo possível o Estado soviético.

Entretanto, não foi essa a política da burocracia do Kremlin, que enquadrou a heróica resistência espontânea das massas, e depois dos soldados do Exército Vermelho, que defendiam as conquistas legadas pela Revolução de Outubro, para fazer uma “Guerra Patriótica” (que o podcast chama assim, inclusive), nos moldes burgueses de Estado nação vs. Estado nação.

Qual o significado de uma “Guerra Patriótica”? É uma guerra/vitória que defende os interesses da “pátria”. Para uma classe trabalhadora que ergueu o primeiro Estado operário com uma revolução, seus interesses “de guerra” são, justamente, a expansão desse legado revolucionário para o fim da exploração do homem pelo homem, levando até às últimas consequências a máxima de Marx “Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos”. A classe trabalhadora não tem pátria, não tem fronteiras. Os interesses de uma burocracia que vive às custas da não expansão da revolução tem, ela sim, o interesse em enquadrar uma resistência heroica da classe trabalhadora para uma guerra de moldes burgueses, de interesses da “pátria”. Essas são contradições essenciais entre o internacionalismo proletário e o “socialismo num só país” que os stalinistas das mais diferentes vertentes nunca entenderão, caso contrário não seriam stalinistas.

Pensemos o seguinte. A partir do momento em que se constitui uma casta burocrática em um Estado operário, que se mantém por privilégios materiais, ela se descola dos interesses das grandes massas trabalhadoras e, para manter esses privilégios, representa uma ameaça concreta à revolução, como foi provado pela própria história. A teoria stalinista do “socialismo em um só país” afirma que, com a revolução e constituição da URSS, 90% do socialismo já estaria feito, endossando a ideia de "pátria" e de Estado nação vs. Estado nação. No final da década de 1920, em sua crítica ao programa do V congresso da III IC, Trótski coloca:

“A teoria do socialismo em um só país conduz a subestimar de modo inelutável as dificuldades que devemos vencer e a exagerar as realizações obtidas. Não conseguimos encontrar uma afirmação mais antissocialista e antirrevolucionária do que a declaração de Stálin de que 9/10 do socialismo já estão realizados entre nós. Parece especialmente calculado pelo burocrata autossuficiente. Pode-se comprometer, assim, a ideia da sociedade socialista aos olhos das massas trabalhadoras de maneira irremediável. O sucesso obtido pelo proletariado soviético é grandioso se levarmos em conta as condições em que foi conquistado, assim como o baixo nível cultural herdado do passado. Mas essas realizações consistem numa quantidade muito pequena quando pesadas na balança do ideal socialista. [...] é necessário dizer a verdade e não contar mentiras agradáveis. Em vez de mentir para eles dizendo que 9/10 do socialismo já estão realizados, é necessário lhes dizer que de acordo como o nosso nível econômico atual, nossas condições de vida e culturais, estamos bem mais próximos do capitalismo - e, ainda, de um capitalismo atrasado e sem cultura - do que da sociedade socialista.” [7]

Apesar do não preparo para a batalha no início da invasão e do enquadramento realizado pela burocracia, a vitória sobre o exército nazista se deve à heroica resistência e da moral das massas trabalhadoras em defender as conquistas de 1917, e para defender um Estado que, apesar de burocratizado, em seu próprio conteúdo de classe, operário, tem materializado os interesses dos trabalhadores, e não da burguesia (como seria nos outros Estados imperialistas).

Essa noção de socialismo em um só país e a apropriação que a burocracia faz com a defesa dos trabalhadores de seu estado operário para a realização de seus próprios interesses como casta burocrática (de manter a defesa da revolução dentro dos limites da “pátria”), resulta em uma traição aberta e contra revolucionária ao socialismo, e fortalece essa mesma burocracia, como veremos nos próximos capítulos.

Após sua derrota em Stalingrado no ano de 1943, que durou mais de um ano, as tropas nazistas começaram a recuar, dando início à derrota de Hitler. Nesse momento, abre-se o maior período revolucionário com mais contrarrevoluções da história do século XX. Entretanto, isso será visto no próximo e último artigo, debatendo o papel da URSS e dos PCs (que oficialmente não eram mais da III Internacional, pois ela foi dissolvida) nesses processos que poderiam ter decretado o fim do capitalismo como ordem mundial.

A luta de classes e a perspectiva revolucionária na guerra não é abordada pelo podcast nesses temas que passamos até agora, e nem nos próximos que iremos abordar. Por que?

Como recomendação para um debate mais profundo sobre os elementos desse artigo, deixo recomendado o podcast sobre Segunda Guerra do Espectro do Comunismo:


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FOOTNOTES

[1Revoluções essas que foram derrotadas pela própria linha stalinista, como a Revolução Chinesa de 1927, em que o PCChinês se dissolveu dentro do Kuomintang e foi responsável pelo massacre da vanguarda comunista e operária e, consequentemente, o fracasso da revolução. Isso, obviamente, o podcast também não coloca

[2O significado da Segunda Guerra Mundial - ERNEST MANDEL

[3O podcast diz que Stálin não era burro, e que sabia que haveria guerra. Sim, Stálin sabia, e para isso mesmo teve que fazer toda a política contrarrevolucionária.

[4Vale ressaltar também que, com a Nova Constituição de 1936, os sovietes, base para a construção do socialismo, foram oficialmente abolidos e substituídos por um Soviete Supremo que seria eleito de 4 em 4 anos.

[5O podcast coloca que esses setores existiram, mas não coloca que era fruto dessa linha do tratado e da inércia do aparato burocrático, dando a entender inclusive que essa colaboração poderia ser fruto de expurgos que não teriam sido feitos.

[6No momento da invasão à URSS, os prisioneiros políticos internos alemães na Alemanha atinge um número de 2 milhões, mostrando a insatisfação interna.

[7TROTSKI, Leon. Stálin, o grande organizador de derrotas. Editora ISKRA. p. 127.
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Noah Brandsch

Estudante | Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo
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