De que servem os milhões de toneladas de grãos produzidos pelo agronegócio brasileiro, se a população trabalhadora passa fome?
segunda-feira 25 de outubro de 2021 | Edição do dia
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) publicou o 1º Levantamento da Safra Grãos 2021/2022, em 7 de outubro de 2021. A previsão é de uma safra de grãos recorde para o período, com o acréscimo de 35,87 milhões de toneladas em relação ao volume obtido no ciclo anterior. “A estimativa é de um aumento de 14,2%, que, se confirmado, elevará a produção total a 288,61 milhões de toneladas, registrando um novo recorde para a agricultura nacional”, analisa Carlos César Floriano, CEO do Grupo VMX, observando dados da companhia.
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Enquanto isso, a contradição da fome no país que é celeiro do mundo só avança. Com a concentração de terras nas mãos do ganancioso agronegócio brasileiro que concentra também a produção na monocultura da soja e nas commodities que mais interessam para abastecer seu bolso, a população brasileira vê os preços dos alimentos aumentarem nas prateleiras do mercado, enquanto o grosso da produção é destinada ao mercado externo canalizando a alta do dólar.
Como era de se esperar, o destaque entre as culturas é para o cultivo de soja, que apresenta tendência de aumento tanto de área cultivada como de produção - mostrando a expansão da fronteira agrícola e devastação ambiental. De acordo com os dados da Companhia, a área a ser semeada deve crescer 2,5%, passando de 38,9 milhões de hectares para 39,91 milhões de hectares. Conforme informações de Carlos César Floriano, “Já a expectativa de produção deve alcançar 140,75 milhões de toneladas, o que mantém o país como o maior produtor mundial do grão”, diz.
O arroz e o feijão, que compõem a base alimentar da população, seguem dependendo de importações para complementar a produção nacional, mostrando a falta de soberania alimentar no país.
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Os dados da insegurança alimentar mostram que mais da metade da população brasileira (59%) foi afetada em sua alimentação regular, sendo que a insegurança alimentar grave, a fome, atingiu 9% da população - aproximadamente 20 milhões de brasileiros.
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