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Ataque aos indígenas | Ponta do Arado, terra Guarani, é alvo de ataque ambiental privatista em Porto Alegre

No bairro do Belém Novo, em Porto Alegre, é situada a Fazenda do Arado. Essa é uma fazenda de 426 hectares, que é um importante patrimônio ambiental, cultural e histórico da cidade, e que agora está em ameaça na mira de mais um ataque privatista escandaloso.

terça-feira 27 de julho de 2021 | Edição do dia

Retomada Guarani Mbya no Arado Velho. Foto: Douglas Freitas/Amigos da Terra Brasil

No bairro do Belém Novo, em Porto Alegre, é situada a Fazenda do Arado. Essa é uma fazenda de 426 hectares, que é um importante patrimônio ambiental, cultural e histórico da cidade, e que agora está em ameaça na mira de mais um ataque privatista escandaloso.

A Fazenda do Arado, ou Ponta do Arado como também é chamada a região, é uma área indígena, onde os Mbya Guaranis habitam a muitos séculos e em 2018 fizeram a retomada da sua terra de direito que sempre lhes pertenceu. O local conta até mesmo com um sítio arqueológico pré-histórico Guarani que carrega muito da história dos povos originários no Rio Grande do Sul. Além disso, o Arado também conta com uma comunidade de pescadores que dependem diretamente da pesca, assim como os Guaranis, para a sua sobrevivência.

É lá nas praias do Arado que se encontram uns dos únicos lugares de Porto Alegre inteira em que o lago Guaíba ainda tem águas balneáveis, propícias para o banho, pois no resto da orla, as água se tornaram impróprias para o banho devido a intensa poluição ao corpo d’água.

Além disso, a área de preservação ambiental do Arado é de extrema importância. Lá é o habitat natural de diversas espécies de animais silvestres, incluindo do Gato Maracajá que é uma espécie vulnerável, do bugio ruivo que é uma espécie ameaçada, e das Tarrãs que são uma espécie de aves protegidas por lei que utilizam o local para a sua reprodução.

Tudo isso está ameaçado desde que o terreno foi vendido para empresários de São Paulo que têm o projeto de construir ali um condomínio e um hotel de luxo, cercando, privatizando, aterrando e devastando a área.

O Arado sempre foi aberto à toda comunidade que frequentava o local para fazer trilhas, piqueniques, acampamentos e passeios, mas desde que foi vendido aos empresários, a área foi cercada e ninguém mais é autorizado a cruzar os portões.

Onde era situada a antiga casa do jornalista Breno Caldas, será construído o hotel. Onde poderia ser uma área indígena, querem construir no lugar um museu indígena usurpando suas terras. Além de elitizar completamente a região que poderá ser frequentada apenas pelos poucos que terão acesso ao condomínio luxuoso, o que sobrar de reserva natural, se sobrar, será uma área privada.

No dia 12 de agosto irá acontecer uma audiência pública onde será discutido esse absurdo projeto que é um verdadeiro ataque aos indígenas de Porto Alegre, ao meio ambiente, à história e à cultura da cidade.

Não podemos confiar no prefeito da cidade, Melo (MDB), aliado do governo bolsonarista que massacra os indígenas em prol de empresários e latifundiários. Em diversos lugares do país os indígenas têm mostrado que não aceitarão esses ataques revidando nas ruas. É urgente a luta pela demarcação das terras indígenas e auto organização junto aos trabalhadores da cidade contra esse enorme ataque ao patrimônio porto-alegrense.




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