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América Latina | Mudança de gabinete no Chile: após a derrota do plebiscito Boric dá um giro à direita

Com a designação dos principais ministérios a cargo dos representantes da antiga Concertación, o governo Boric marca uma clara mudança de rumo. Nada de bom para o povo trabalhador virá desta mudança de gabinete. Juan Sútil, representante do grande empresariado chileno, deu sua aprovação nesta última segunda-feira dizendo que era necessário "levar ao extremo". Após essa mudança, Boric se reunirá com os presidentes dos partidos de direita "Chile Vamos".

quarta-feira 7 de setembro de 2022 | Edição do dia

A partir de agora, a antiga Concertación (que governou o Chile durante boa parte dos 30 anos de legado de Pinochet com políticas neoliberais) terá três das seis cadeiras do Comitê Político do governo. Boric entrega a liderança política (Interior e o Ministério da Secretaria-Geral da Presidência -Segpres-) e a liderança econômica (Fazenda) ao conglomerado neoliberal de centro-esquerda.

Após a retumbante derrota da aprovação no último domingo, o governo de Boric se prepara em todos os campos para uma mudança de rumo político para a centro-direita. O primeiro passo é aquela importante mudança de gabinete para entregar as principais pastas ao chamado Socialismo Democrático, a antiga Concertación (sem a Democracia Cristã). Assim, Iskia Sichez (que se supõe independente) deixa de ser Ministra do Interior e Segurança Pública e Carolina Tohá do Partido para a Democracia (PPD), cuja principal referência é o ex-presidente Ricardo Lagos, que durante sua presidência assinou os acordos de livre comércio com os Estados Unidos e a União Europeia, avançando nas medidas neoliberais.

No caso da Secretaria-Geral da Presidência, ministério responsável pelas relações com o Congresso, sai Giorgio Jackson, aliado de Boric, que irá para o Ministério do Desenvolvimento Social. Em seu lugar virá a ex-chefe de assessoria de Michelle Bachelet, Ana Lya Uriarte, do Partido Socialista. Também foram anunciadas mudanças nos ministérios da Saúde, Energia e Educação.

A mudança não foi isenta de controvérsia, já que o governo já havia nomeado Nicolás Cataldo, atual subsecretário da Educação, como substituto de Manuel Monsalve na Subsecretaria do Interior. No entanto, a direita condicionou sua participação na aliança com o governo se a nomeação fosse adiante. Diante disso, o governo cedeu às pressões da direita e manteve Monsalve propondo Ana Uriarte como a nova ministra da Segpres. Toda essa demanda da direita atrasou em mais de uma hora a mudança originalmente prevista para às 12h no Chile.

Após a mudança, Boric disse que estava fazendo a mudança "pensando no Chile". Ratificando a virada para um centro puxado pela direita, o presidente disse que “Esta mudança de gabinete não é protocolar nem para foto. Aqui também muda o Comitê Político que é a liderança do nosso governo” .

Além disso, o presidente reforçou a ideia de ser contra “o maximalismo, violência e intolerância” como havia dito na noite de domingo. Nesse sentido, Boric disse que “a história nos ensinou que as mudanças reais, aquelas que duram, são aquelas que não são feitas da noite para o dia. Em vez disso, eles precisam ser adotados pela grande maioria”. Assim, o governo justifica seu giro à direita após o triunfo da rejeição.

Como é o comitê político?

  • Ministério do Interior: Carolina Tohá (Partido pela Democracia - PPD)
  • Ministério da Secretaria-Geral da Presidência: Ana Lya Uriarte (Partido Socialista-PS)
  • Ministério da Secretaria-Geral do Governo: Camila Vallejo (Partido Comunista-PC)
  • Ministério da Fazenda: Mario Marcel (Independente-PS)
  • Ministério da Mulher: Antonia Orellana (Convergencia Social-CS)
  • Ministério do Trabalho: Jeanette Jara (PC)

Os detalhes das mudanças abaixo:

  • Ministério do Interior: Sai Izkia Siches (Independente) | Entra Carolina Tohá (PPD)
  • Ministério da Segurança: Sai Giorgio Jackson (Revolución Democrática-RD) | Entra Ana Lya Uriarte (PS)
  • Ministério do Desenvolvimento Social: Sai Jeanette Vega (PPD) | Entra Giorgio Jackson (RD)
  • Ministério da Saúde: Sai Begoña Yarza (Independente-PS) | Entra Ximena Aguilera (Independente)
  • Ministério da Energia: Sai Claudio Huepe (CS) | Entra Diego Pardow (RD)
  • Ministério da Ciência: Sai Flávio Salazar (PC) | Entra Silvia Diaz (Independente)

* Texto publicado originalmente em La Izquierda Diario




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