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TERCEIRIZAÇÃO | Manifesto contra a demissão das terceirizadas do bandejão da Unicamp

Comitê em Defesa das Terceirizadas da Unicamp, composto por estudantes trabalhadores da universidade e apoiadores, escreveu este manifesto contra a demissão das 330 trabalhadoras do Restaurante Universitário com o objetivo de dar visibilidade e juntar forças contra este ataque da reitoria de Tom Zé à trabalhadoras terceirizadas. Não podemos aceitar que essas 330 famílias sejam colocadas na rua, sendo que foram linha de frente durante a pandemia e garantiram a alimentação de todos os estudantes da Unicamp, sendo parte essencial do funcionamento da universidade. Nenhuma família na rua! Pela efetivação imediata dessas trabalhadoras, sem necessidade de concurso público.

terça-feira 26 de julho de 2022 | Edição do dia

Veja abaixo o manifesto escrito pelo Comitê em defesa das trabalhadoras terceirizadas da Unicamp:

Contra a demissão das 330 trabalhadoras terceirizadas do bandejão e por nenhum direito a menos!

A Unicamp vai demitir 330 trabalhadoras terceirizadas do Restaurante Universitário, deixando essas famílias nas ruas sem nenhuma garantia de emprego. As demissões assumem um caráter ainda mais grave pelo cenário de profunda crise econômica que o país atravessa, os altos índices de inflação que tornam as compras nos mercados um desafio se somam ao desemprego crônico.

Dessa forma, a demissão das funcionárias, que em boa parte são negras e enfrentam dupla ou tripla jornada de trabalho, significará o desalento para centenas de famílias, dado que uma rápida alocação no mercado é um sonho distante da realidade nacional que estamos inseridos.

Esse processo de demissão não é novidade, ele aconteceu anteriormente e faz parte do modus operandi das terceirizações. A cada dois anos a Unicamp abre um edital de licitação para que uma nova empresa seja contratada. A última licitação ocorreu em 2019, quando os estudantes se mobilizaram junto de Sidney, trabalhador terceirizado que foi demitido por motivações políticas após organizar a luta contra as demissões. Agora, em 2022, ocorreu nova licitação e mais uma leva de demissões. A empresa que “venceu” a licitação é a Solução Serviços Terceirizados (EIRELI), que já vem respondendo processos na justiça do Rio de Janeiro, por operar em condições higiênico-sanitárias inadequadas e por oferecer comida estragada.

É preciso dizer que cada nova licitação tem significado a perda de direitos para as trabalhadoras, como é o caso do acesso ao fretado e o recebimento VR, além da redução salarial. Ademais, não existe nenhuma garantia de que as terceirizadas demitidas serão recontratadas e, mesmo se isso ocorrer, elas trabalharão em condições ainda mais precárias.

Essas trabalhadoras foram e ainda são linha de frente na pandemia, mantendo o funcionamento dos restaurantes e dos hospitais da Universidade. No auge da pandemia, não obtiveram amparo da Unicamp, de modo que duas trabalhadoras, Edvânia e Lourdes, tiveram suas vidas levadas pela pandemia, enquanto trabalhavam nos restaurantes. Não há dúvidas de que sem as terceirizadas a universidade não se manteria funcionando e de pé.

A decisão de demissão é uma decisão política da reitoria, que se dá sem diálogo com as terceirizadas e com o corpo universitário. A posição da reitoria de não incluir a comunidade no debate é uma demonstração antidemocrática que vai na contramão das reivindicações históricas por maior participação estudantil, dos funcionários e trabalhadores nas decisões internas da universidade. Nesse sentido, é uma grande contradição que a reitoria, a qual durante sua campanha colocou-se como a "gestão do diálogo" e da "defesa da democracia", trate as trabalhadoras como descartáveis e pouco se preocupe com a participação do conjunto da universidade nas decisões. Além disso, as trabalhadoras terceirizadas não possuem representatividade no CONSU, maior órgão deliberativo da Unicamp, de forma que não são consideradas como parte orgânica e fundamental da nossa Universidade.

Ainda, nos parece um absurdo uma universidade PÚBLICA implementar a terceirização como forma de contratação, dado que tais relações empregatícias significam a precarização do trabalho e salários mais rebaixados. Nesse sentido, é inaceitável o fato de que a Unicamp seja classificada como a 3° melhor universidade da América Latina e seja referência no mundo todo pelas suas pesquisas sobre precarização do trabalho enquanto terceiriza serviços e realiza demissões massivas. Desse modo, a terceirização que atinge principalmente as mulheres negras, e que foi regulamentada nos anos de governos do PT e aprofundada no governo Bolsonaro, não pode ser aceita pela Unicamp. Para dar uma solução de fundo nessa situação, é preciso que essas trabalhadoras sejam efetivadas, sem necessidade de concurso público, afinal, sem a efetivação das trabalhadoras, o processo de demissões será recorrente a cada nova troca de empresas.

Além disso, o bandejão é uma importante política de permanência da Universidade, que também sofre precarização com a terceirização. Com a prestação de serviços por uma empresa privada, o oferecimento dos alimentos passa a seguir a lógica do lucro, sem que exista preocupação com a qualidade do alimento que é servido. Assim, essa nova licitação significará também um ataque à permanência estudantil.

*Precisamos do apoio de todos os estudantes, trabalhadores, coletivos, organizações e sindicatos para barrar a demissão das 330 trabalhadoras terceirizadas. Por isso, chamamos o STU, APG e Adunicamp, assim como todos os CA’s e entidades a se somarem nessa luta.
Assine o manifesto, participe do ato contra as demissões no dia 02/08 (9h, em frente ao Restaurante Universitário) e divulgue, juntos podemos barrar as demissões! Para acompanhar a campanha contra as demissões, siga o perfil do DCE no Instagram: @dceunicamp.

  •  Pela imediata anulação das demissões das mais de 330 terceirizadas dos restaurantes universitários!
  •  Pela manutenção de todos os direitos das trabalhadoras, sem nenhuma perda!
  •  Pela imediata efetivação das terceirizadas da universidade, em regime CLT, na atribuição de servidoras da Unicamp, sem a necessidade de concurso público;
  •  Reitoria de Tom Zé: se vocês defendem a democracia, não coloquem famílias na rua e atenda as demandas da comunidade universitária!
  •  Pela readmissão imediata do Sidney, trabalhador demitido por lutar contra as demissões de 2019!

    Link para assinar o Manifesto: https://forms.gle/SN58jimHpn865sgw8




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