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Teoria | Faísca Indica: 85 anos da Revolução Espanhola

Passados 85 anos de um dos processos revolucionários que sacudiu toda a ordem internacional e principalmente europeia, é fundamental relembrar a força da organização do operariado espanhol quando se levantou para a tomada de poder e destituição da burguesia espanhola ancorada em suas instituições reacionárias que parasitavam entorno de largos benefícios extraídos da opressão e da exploração da classe trabalhadora e do campesinato.

Ste OliveiraEstudante de Letras na USP e artista visual.

terça-feira 20 de julho de 2021 | Edição do dia

O poder do Estado espanhol no início do século XX era composto por uma monarquia, constituída de uma nobreza fundiária, a casta militar e um vasto setor do clero católico. À extrema pobreza da maioria dos camponeses combinava-se a gigantesca concentração de terras, uma casta aristocrática reacionária possuía metade do solo cultivável enquanto a outra parte era quase totalmente propriedade da Igreja Católica. A industrialização do país só se desenvolveu no final do século XIX, com a introdução de capitais estrangeiros da Inglaterra e França. Esse processo deu vida a uma massa proletária, que na década de 1910 já protagonizava suas primeiras greves políticas, contra a exploração patronal e o despotismo da monarquia.

Com a deflagração da Revolução Russa em 1917 e o fim da primeira guerra, reacende-se a contestação de massas contra a monarquia. No entanto, entre recuos e avanços, a monarquia perde seu poder somente em 1931, na esteira de uma enorme crise política e econômica derivada do próprio cataclisma do capitalismo em 1929. Com isso, a República proclamada foi formada por um governo provisório de republicanos burgueses e socialistas: a primeira “Frente Popular” criada para salvar a “velha Espanha”.

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No entanto, entre recuos e avanços, a monarquia perde seu poder somente em 1931, na esteira de uma enorme crise política e econômica derivada do próprio cataclisma do capitalismo em 1929. Com isso, a República proclamada foi formada por um governo provisório de republicanos burgueses e socialistas: a primeira “Frente Popular” criada para salvar a “velha Espanha”.

Portanto, o cenário na Espanha no início da década de 1930, com o despertar das massas contra as profundas contradições que se arrastaram por séculos, foi tão forte que a presença dos socialistas no governo não conseguiu amortecer sua atividade. A continuidade de greves, da queima de igrejas e as ocupações de terras, começam a pôr em xeque o papel dos socialistas de desviar o processo revolucionário, mas este se manteve e Trotsky o acompanhou de perto e no calor do desenvolvimento dos acontecimentos.

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No livro A revolução espanhola, você pode encontrar com detalhes as diferenças estratégicas mais profundas entre a direção revolucionária da Oposição de esquerda e a degeneração da estratégia stalinista encabeçada pela Terceira Internacional a após a morte de Lênin, o que levou à derrota da grande luta dos trabalhadores espanhóis e o adiantou o início da Segunda Guerra Mundial. Além disso, cobrindo a força do operariado organizado, Trotsky ressalta todas as conquistas arrancadas pela insurreição das massas, como as grandes greves gerais que sacudiram a burguesia internacional e, por outro lado, a papel que cumpriu a vanguarda proletária nesse processo, como foi o caso das mulheres revolucionárias que tomaram armas em punho na guerra civil contra o reacionário regime burguês.

O drama espanhol era a ausência absoluta de um partido verdadeiramente revolucionário, cujo objetivo central fosse levar o proletariado à tomada do poder como a única maneira de derrotar a reação fascista. Ao programa da Frente Popular "para ganhar primeiro a guerra contra Franco e depois fazer reformas sociais", o partido deveria contrapor um programa radical que começasse com a total expropriação dos latifundiários e a entrega das terras aos camponeses, bem como a expropriação da indústria, dos transportes, dos bancos e do comércio exterior, sob o controle dos trabalhadores, liquidando assim as bases da reação. Quando o general Franco sobe ao poder sua tarefa já não é mais esmagar a revolução, pois a aliança contra-revolucionária da Frente Popular, promovida por socialistas e stalinistas, que colocou um laço no pescoço do heroico proletariado espanhol e entregou-o à burguesia, frente à impotência das direções anarquista e do POUM (Partido Operário de Unificação Marxista).

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O caminho da luta seguido pelos trabalhadores cortava a todo momento sob um determinado ângulo, o da direção. Nos momentos mais críticos, esse ângulo era de 180 graus." Desta maneira Trotski definiu a dinâmica da revolução Espanhola, quando o governo republicano da Catalunha e os estalinistas quiseram tomar dos trabalhadores catalães o controle do edifício da telefônica, que assim como todas empresas da retaguarda ficou sobre o controle operário desde a derrota do golpe facista em 1936.

Para Trotski uma revolução operária no Estado Espanhol, era o melhor dique contra as tendências da guerra imperialista que conduziam à 2°Guerra Mundial. Também era um impulso para que a classe trabalhadora soviética pudesse empreender uma revolução política contra a casta estalinista. No Estado espanhol haviam diversas tarefas democráticas para se cumprir. Milhões de camponeses sem terra e superexplorados, grandes privilégios da igreja e de velhas classes nobres. As colônias lutavam pela independência e o povo Catalão teve seu direito à autodeterminação negado. Resolver essas demandas significava um enfrentamento direto com os interesses da burguesia espanhola.

A única classe que poderia resolver as tarefas democráticas era a classe trabalhadora em aliança com o campesinato pobre. A REVOLUÇÃO ESPANHOLA confirmava a teoria da Revolução permanente.

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