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DEMARCAÇÃO DAS TERRAS INDÍGENAS | Estância de luxo da família Klabin é registrada em terras indígenas com o aval da Funai

A empresa Caiman Agropecuária, pertencente à família Klabin, teve rápida autorização para registrar sua estância de luxo em terras dos povos indígenas Terena, no Mato Grosso do Sul.

sexta-feira 2 de julho de 2021 | Edição do dia

Foto: Reprodução/Refúgio Ecológico Caiman

A empresa Caiman Agropecuária, pertencente à família Klabin - grande burguesa fundadora de uma das maiores empresas de papel da América - teve rápida autorização para registrar sua estância de luxo em terras dos povos indígenas Terena, no Mato Grosso do Sul. A denúncia foi feita esta semana pelo jornal The Intercept.

O empresário Roberto Luiz Leme Klabin, herdeiro da empresa de papel e sócio da Caiman Agropecuária, é também fundador da ONGs Fundação SOS Mata Atlântica e Fundação SOS Pantanal.

A estância Caiman possui uma área de 7,6 mil hectares e o pedido de regularização dessas terras foi feito em 13 de novembro de 2020, sendo aprovado em janeiro de 2021. Ou seja, levou-se apenas dois meses para que se regularizasse uma estância luxuosa em terras indígenas, o que é muito distante dos 40 anos em que os povos Terena - cerca de 8 mil indígenas - estão lutando pela demarcação de suas terras.

Segundo a própria Funai, cerca de 1,8 mil hectares da estância Caiman pertencem às terras indígenas, que hoje corresponde a apenas 2,7 mil hectares e é chamada de Terra Indígena Cachoeirinha. A luta pela demarcação já se arrasta há décadas, e este escândalo vem à tona justamente agora em que os povos indígenas têm mostrado o caminho da luta contra o governo Bolsonaro, através da resistência contra a PL490 e o marco temporal.

Saiba mais: Indígenas mostram o caminho da mobilização: unidade com eles e não com a direita

A rapidez e facilidade com que a estância Caiman foi regularizada, roubando mais da metade das terras dos Terena, deve-se à Instrução Normativa nº9, de 2020, que foi decretada pelo presidente da Funai, o ex-delegado da Polícia Federal, Marcelo Augusto Xavier. Xavier é um grande amigo dos latifundiários, aliado da bancada ruralista, ou seja, declaradamente um inimigo dos povos indígenas sob a direção da fundação que deveria prever a proteção destes povos. Isso fica claro com sua Instrução Normativa 9, que muda as regras para o reconhecimento das terras indígenas nos mapas do governo, o que facilita a invasão regularizada de fazendeiros e ruralistas em terras indígenas em demarcação.

Outra facilidade para agilizar essa aprovação se deu pela ligação de Roberto Klabin e suas ONGs com diversos ambientalistas, o que mostra também os interesses que costumam existir por trás de ONGs fundadas por grandes burgueses. A luxuosa estância se apresenta como refúgio de animais em risco de extinção, como a arara-azul, e de cuidado e preservação do meio ambiente, além de se vangloriar de ser um lugar bastante elitista. O que não apontam é que esse “paraíso natural” está invadindo terras que já pertenciam aos povos originários há séculos, e onde ainda vivem milhares de indígenas herdeiros deste legado e cultura.

Enquanto o governo Bolsonaro e seus órgãos aliados, sob o comando de conservadores e aliados dos latifundiários, seguem avançando contra os direitos e a vida dos povos indígenas, estes têm mostrado que não aceitarão mais esse massacre e respondido com radicalidade, fechando rodovias e tomando Brasília contra o governo Bolsonaro. Os trabalhadores precisam tomar para si esta luta e paralisar o país para derrubar esse governo que massacra os povos indígenas e toda classe trabalhadora.

Saiba mais: Paralisar o país para derrubar o governo e barrar o massacre aos indígenas




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