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MOVIMENTO ESTUDANTIL NA USP | Eleições no CAHIS e no CAPPF: Por entidades militantes para derrotar Bolsonaro e Mourão

Com os processos de eleição para Centro Acadêmico abertos nos cursos da História e também da Pedagogia e licenciaturas, nós da Juventude Faísca - Anticapitalista e Revolucionária queremos abrir um debate sobre qual o papel que as entidades estudantis e o conjunto do movimento estudantil podem e devem cumprir nesse cenário de catástrofe sanitária e crise capitalista profundas para enfrentar os ataques e defender um outro projeto de universidade.

João SallesEstudante de História da Universidade de São Paulo - USP

segunda-feira 21 de junho de 2021 | Edição do dia

A situação geral do país e do mundo é marcada em todos os sentidos possíveis pela pandemia da Covid-19 que já deixa quase 4 milhões de mortos no mundo todo e só aqui no Brasil já são quase meio milhão de mortes evitáveis, causadas pelo negacionismo absurdo de Bolsonaro e dos militares e que tem como cúmplices do morticínio os deputados e senadores do Congresso Nacional, os governadores e os juízes do STF que aprovam o sucateamento da saúde e dos serviços públicos com a Reforma Administrativa, a privatização da Eletrobrás e tantos outros ataques.

Bolsonaro busca atacar o caráter científico das universidades. Com os recentes cortes nas universidades federais de 36% diversas instituições declararam a possibilidade de fecharem as portas e para que possam “recompor seus orçamentos” já vem descarregando a crise nas costas dos setores mais precários das universidades, como trabalhadores terceirizados e estudantes cotistas ou que dependem da permanência, com redução nos valores destinados aos auxílios e permanência, o que afeta os mais vulneráveis nesse momento, além do avanço autoritário com a nomeação de interventores por parte de Bolsonaro, como Bulhões, da UFRGS, que recentemente expulsou 195 estudantes cotistas.

A burocracia universitária, longe de buscar derrotar o intervencionismo e os ataques de Bolsonaro à autonomia universitária, se adapta totalmente a esse projeto excludente e elitista de cortes na permanência estudantil e expulsão dos estudantes precários, enquanto mantém seus privilégios, regalias e supersalários.

Na Universidade de São Paulo a situação se assemelha em vários aspectos. A gestão Vahan deixa um legado de sucateamento, avanço da privatização na universidade e repressão aos estudantes, funcionários e professores da USP. São esses os que impõe um Ensino Remoto Emergencial excludente, a construção de uma base fixa da Polícia Militar no campus, próximo ao CRUSP. Para se ter idéia, a quantidade de alunos contemplados pelo PAPFE (Programa de Apoio à Permanência e Formação de Estudantes) foi reduzida em 52,8% em 2020! Essa gestão agora busca deixar um legado "histórico" com a proposta de um reformulado Estatuto de Conformidade de Condutas que visa dar uma cara legalista para a perseguição de opositores na universidade, mantendo a herança da ditadura militar na USP.

Para que possamos nos enfrentar contra esse projeto tanto de Bolsonaro, como o de Doria em São Paulo, precisamos da máxima unidade na luta entre estudantes, funcionários e professores da universidade, aliados à população! A retomada dos atos de rua nos dá o sinal de que é preciso apostar na força da nossa mobilização contra o governo e o regime político golpista. Nesse sentido é que as entidades estudantis podem e devem cumprir um papel decisivo em massificar a luta e organização dos estudantes em aliança aos trabalhadores de dentro e fora da USP!

Neste momento, após os atos do 29M e do 19J, nós da Faísca defendemos que para derrotar Bolsonaro e suas reformas, cortes e privatizações, é fundamental a unificação da juventude com os trabalhadores, com espaços de organização pela base. Por isso, defendemos que seja eleito um comando unificado de luta das universidades federais, contra os cortes. E achamos que é necessário que as grandes centrais sindicais, especialmente CUT e CTB, que são dirigidas por PT e PCdoB, partidos de oposição, chamem uma paralisação nacional contra Bolsonaro, Mourão e os militares.

É preciso que as entidades nesse momento sejam vivas e militantes para dar conta do desafio que é impulsionar o movimento estudantil para agir nesse momento de pandemia, entidades presentes na vida dos estudantes e que estejam na linha de frente dos processos de luta que se desenvolvam, prestando apoio e solidariedade ativa para unificar nossas demandas e podermos conquistar não só as nossas reivindicações, mas derrotar o projeto de Bolsonaro, Mourão e dos militares.

É por isso que nós da Faísca estamos disputando junto a estudantes independentes às eleições do Centro Acadêmico Professor Paulo Freire (CAPPF), da FEUSP, com a chapa Transformar a dor em Luta, para seguir o legado do curso de linha de frente na luta. Legado esse que fazemos parte convocando assembleias, combatendo a imposição do ensino remoto excludente e para que nenhum estudante seja prejudicado, pela contratação de professores e funcionário efetivos e em defesa das trabalhadoras terceirizadas na universidade contra suas demissões e pela sua efetivação sem necessidade de concurso público. Bem como a solidariedade e apoio à luta dos professores contra o retorno irracional as aulas presenciais, pelo direito de vacinação inclusive para estagiários e a todas as greves, paralisações e protestos de trabalhadores no país sempre defendendo uma universidade que esteja a serviço dos trabalhadores e da maioria da população.

Achamos fundamental resgatar o caráter subversivo, combativo e pró-operário do movimento estudantil, e encarar as nossas entidades como ferramentas de politização e de fomento da auto organização dos estudantes. Acreditamos também que para que tenhamos a maior democracia possível, que possam se expressar as divergências políticas e estratégicas entre as forças e que cada uma das propostas possa se provar na prática, mantendo um debate permanente no curso sobre a situação da universidade e de fora também, defendemos que cada chapa que participe das eleições seja representada proporcionalmente a seu número de votos nas eleições. Hoje em dia a maioria das entidades expressa somente a maioria dos votos, mas muitas vezes mantém de fora setores expressivos e dispostos a construir o movimento estudantil, ainda que com suas diferenças.

Por termos essa visão é que achamos muito importante que o CAs se posicione sobre a política do país, e até do exterior, e que intervenha e apoie todos os processos de luta dos trabalhadores, da juventude, nos negros, das mulheres e dos LGBTs, dentro e fora da universidade. Neste sentido, defendemos também que os CAs sejam uma ferramenta de auto organização dos estudantes, para debater e deliberar sobre os temas políticos em espaços de assembleias, reuniões abertas, plenárias etc. que sejam cotidianos.

Por isso, a atual gestão Pra Poder Contra-Atacar, do CAPPF, da qual a chapa Transformar a dor em Luta é continuidade, esteve presente em diversas lutas desde o início de 2020, como a greve dos petroleiros, as lutas e a paralisação da HU, a luta das terceirizadas da Faculdade de Odontologia, a luta das trabalhadoras terceirizadas da LG ou a greve dos metroviários de São Paulo. Além disso, foram realizados mais de 15 espaços de auto organização, e espaços de diálogo com professores.

Essa é a concepção da atual gestão do CAHIS? A atual gestão, que está concorrendo nas eleições para o Centro Acadêmico da História pela chapa Ainda Assim eu me Levanto, é composta pelo Movimento Correnteza, pela Juventude Ecoar, RUA e Juntos. Essas correntes não colocaram o CAHIS ao lado da luta dos trabalhadores, evidenciado pelo fato de que o CA não estava presente em diversos processos de luta que ocorreram na USP e em São Paulo ao longo da pandemia, e não construíram de verdade espaços como a Plenária dos 3 setores da FFLCH que ocorreu no dia 18/6, não mandando nem sequer o link da reunião nos grupos de Whatsapp.

São correntes que compõem a Oposição de Esquerda na UNE, mas em diversos DCEs que dirigem adotam práticas burocráticas similares às da UJS e do PT, não dando voz aos estudantes nas assembleias e se recusando a votar a unificação dos estudantes com atos de trabalhadores terceirizados, como aconteceu na UnB. Não buscam, ainda, conformar um verdadeiro espaço democrático de oposição as burocracias do PT e do PCdoB, como foi visto na Assembleia do Povo na Rua, convocada por várias dessas mesmas correntes, onde o direito a voz foi negado a diversos presentes, e inclusive ao PSTU e a Conlutas.

São, portanto, concepções de entidade bastante distintas. A concepção de entidade que nós da Faísca defendemos nacionalmente, enquanto uma corrente marxista e revolucionária de juventude, busca se aliar na luta aos trabalhadores para não somente se organizar frente a todos os ataques à educação que estamos passando como também para lutar por mais, batalhar por uma universidade que esteja a serviço do conjunto da população e da classe trabalhadora e que seja dirigida por aqueles que verdadeiramente mantém a universidade de pé: os estudantes, professores e trabalhadores. Uma visão radicalmente diferente, também, da visão defendida pelo PT, PCdoB e Levante Popular da Juventude que estão hoje em nosso DCE, querendo transformar as entidades em ouvidorias de problemas sem organizar os estudantes contra esse projeto de universidade e defendendo que devemos confiar na mesma institucionalidade e reitoria que nos atacam para responder nossas reivindicações.

É contra essa concepção de “cascas vazias” e entidades por cima que defendemos entidades vivas, militantes e proporcionais, é nesse sentido que batalhamos recentemente na Letras contra a separação entre a política do país e a vida dos estudantes, essa batalha que estamos travando na FEUSP e essa é a visão que defendemos para as eleições do CAHIS na História. Convidamos a todos a debater com a gente e a acompanharem as eleições do CAPPF, e chamamos também todos os estudantes da licenciatura a apoiarem e votarem na chapa Transformar a dor em Luta.




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