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Em toda a Argentina | Dias impactantes: milhares debatem nas 100 assembleias abertas do PTS - Frente de Esquerda

Por iniciativa do PTS - Frente de Esquerda, organização irmã do MRT na Argentina, 100 assembleias foram organizadas por todo o país para preparar as lutas e debater sobre qual é a saída da classe trabalhadora para a crise capitalista, realizando uma experiência inédita que durou da tarde de sexta-feira até domingo.

segunda-feira 14 de novembro de 2022 | Edição do dia

Assembleia na cidade de Buenos Aires, com uma gigante delegação de trabalhadores da saúde

Ao longo do último fim de semana, 100 assembleias foram organizadas pelo PTS, organização irmã do MRT na Argentina, para organizar a luta contra os ataques do do FMI e do governo federal de Alberto Fernandez, preparar as lutas e debater sobre qual é a saída da classe trabalhadora para a crise capitalista. As assembleias ocorreram com a presença dos deputados Myriam Bregman, Nicolás del Caño e Alejandro Vilca, além de outras referências políticas do PTS como Raúl Godoy, Christian Castillo, dirigentes operários de Zanon e Madygraf (fábricas em que a produção é auto-gerida pelos trabalhadores), milhares de trabalhadores como os da Pepsico e da Kraft, intelectuais, estudantes e militantes da luta pela terra e habitação, ativistas dos movimentos ambientalistas, de mulheres e de diversidade sexual, além de grêmios estudantis e centros acadêmicos, debatendo a situação que atravessa o mundo e sobre qual saída os trabalhadores e o povo pobre devem dar.

Myriam Bregman, advogada pelos direitos humanos e deputada federal pelo PTS, fala para mais de 1.000 em assembleia na Universidade de Buenos Aires

Se trata de uma experiência inédita por iniciativa do PTS, milhares de atividades independentes, simpatizantes e militantes da esquerda se reúnem para trocar opiniões políticas, deliberar e refletir, além de propor e votar resoluções que levem a frente campanhas e ações comuns nas localidades.

Operárias e operários rurais de frutas, de vinícolas; trabalhadores das fábricas de pneus que vêm protagonizando uma luta que fez as patronais e o governo torcerem o braço; metalúrgicos da indústria alimentícia, rodoviários, trabalhadores ferroviários, ceramistas, têxteis e gráficos de fábricas sob gestão operária. As trabalhadoras e os trabalhadores da saúde, que vêm protagonizando a enorme maré branca, tiveram uma participação enorme. Na Assembleia de Buenos Aires foi realizado um levantamento de lenços que mostrou o enorme apoio que existe à sua luta. Também participaram jovens precarizados, empregadas domésticas, operários da construção civil, junto a professores, funcionários públicos e dos transportes em geral, do telemarketing, das empresas de energia, petroleiros. Esses são alguns das várias categorias de trabalhadores que estiveram presentes nas Assembleias do PTS.

Na região metropolitana de Buenos Aires, houveram diversas reuniões com a deputada federal Myriam Bregman e Christian “Chipi” Castillo, dirigente nacional do PTS. Também na província de Buenos Aires, o deputado federal Nicolás del Caño esteve em assembleia no centro da cidade de La Plata.

No sábado, mais de 1500 jovens e trabalhadores se reuniram na Universidade de Buenos Aires para debater como enfrentar os ajustes do governo e do FMI e combater a direita e a resignação. Delegações expressivas de trabalhadoras da saúde, além de outras mulheres e trabalhadoras, fez com que a recente luta das residentes ganhasse destaque particular na discussão, debatendo quais as tarefas para que essas e outras lutas saíssem vitoriosas, como, por exemplo, organizar a luta em cada local de trabalho, diferente do que faz as burocracias sindicais. Também estava presente o pai de Lucas Gónzales, o jogador de futebol de 17 anos que foi assassinado pela polícia em 2021, assim como comissões de trabalhadores do movimento operário como metroviários, aeronáuticos terceirizados e efetivos, etc.

Em Madygraf, uma fábrica recuperada que se encontra sob gestão operária dos trabalhadores, ocorreram assembleias com a presença de Nicolas Del Caño. Centenas de trabalhadores entre jovens secundaristas, trabalhadores precarizados e desempregados trocaram experiências de luta e votaram importantes resoluções para seguir ampliando a organização e a luta para enfrentar os ajustes. O próprio exemplo de Madygraf demonstrava o potencial da classe trabalhadora em defender seus postos de trabalho e planificar a produção em função da necessidade da maioria da população. Foram debatidas as lições de como enfrentar não só a patronal, mas também os grandes meios e os governos. Houveram reflexões sobre a necessidade de unificar a luta entre empregados e desempregados.

O interior da Argentina também foi marcado por fortes assembleias com professores, trabalhadores da saúde e da construção, ceramistas, estudantes, aposentados e jornalistas. As defesas do direito à moradia, educação, do meio-ambiente, contra a violência de gênero foram temas debatidos, além da necessidade de construir uma grande Coordenação Nacional e Regional de lutadores para enfrentar os ajustes do Governo e do FMI.

Na província de Jujuy, as assembleias contaram com Alejandro Vilca, o gari indígena que nas últimas eleições para deputados foi eleito recebendo quase 25% dos votos da província. Uma das resoluções da assembleia foi a proposição do nome de Vilca para ser pré-candidato a Governador da província. Raúl Godoy, dirigente do PTS e trabalhador de Zanon, fábrica ocupada e auto-gerida pelos trabalhadores, participou das reuniões na região de Tucuman.

Na província de Neuquen, reuniram-se o deputado provincial e trabalhador do Zanon, Andrés Blanco, participou juntamente com cerâmicos e têxteis das fábricas sob gestão operária, trabalhadores da Educação e Saúde, jovens e estudantes, lideranças do movimento de mulheres, artistas e defensores dos Direitos Humanos. Enquanto a assembleia acontecia em Neuquen, na província de Rio Negro participaram funcionários píblicos, professores, aposentados, universitários, trabalhadores precários, o coletivo LGBTQIPA+, entre outros. Eles discutiram extrativismo, ajuste governamental, direitos das mulheres e diversidade, além da perseguição aos povos indígenas. Resolveram promover uma conversa-debate em defesa do meio ambiente e contra o extrativismo e também marcharão nos dias 19 e 25 de novembro e exigem a absolvição do perseguido político Hugo Aranea.

As discussões propostas terem contado com o apoio de milhares de trabalhadores e de setores oprimidos demonstra a ampla participação do PTS nos processos de luta dos últimos anos. O PTS batalhou lado-a-lado aos moradores de Guernica pelo seu direito à moradia, com as trabalhadoras da saúde pelos seus direitos trabalhistas, com os operários de Zanon e de Madygraf contra a privatização e para que os trabalhadores pudessem coordenar a produção e neste momento está na linha de frente contra os ajustes propostos pelo Governo e o FMI.

Cinco propostas foram aprovadas em todas as assembleias:

1. Apoio a todas as lutas: É falso o discurso de que diante dessa crise o que cresce é somente a direita. Estão aqueles que lutam como os trabalhadores de Sutna, professores em diferentes partes do país, e agora trabalhadores da saúde que lutam contra o ajuste de Rodríguez Larreta na Cidade de Buenos Aires, mas também de Kicillof, na província. Está também a esquerda, que tanto na rua, quanto no Congresso, denuncia o ajuste e levanta um programa para enfrentar o ajuste do FMI que o governo federal aplica e que a oposição de direita festeja.

2. Grande Encontro Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras em Luta: Seria uma grande base de apoio para, por sua vez, colocar de pé uma coordenadoria nacional para que todas as lutas triunfem.

3. Lutar por um aumento emergencial de salários, aposentadorias e planos sociais: Ninguém pode cobrar menos do que custa a cesta básica familiar. Ao mesmo tempo, também queremos voltar a levantar a campanha pela redução da jornada de trabalho para 6 horas semanais, 5 dias por semana, com um reajuste salarial mensal igual à inflação.

4. Colocar as ideias do marxismo e do internacionalismo na ofensiva: Uma enorme necessidade para lutar contra os desastres que o capitalismo provoca internacionalmente. Fazemos isso nos apoiando na nossa corrente internacional em distintos países da América Latina, EUA e Europa.

5. Por um grande partido socialista da classe trabalhadora: Temos que debater que há de se avançar na construção desse partido, a única saída de fundo que, de uma vez por todas, a crise seja paga por quem a criou, os capitalistas.

As 100 Assembleias do PTS tiveram ampla repercussão na imprensa

Aqui, Octavio Crivaro mostra algumas das matérias que podem ser encontradas nos grandes jornais argentinos:

Convidamos todas e todos a seguir acompanhando as assembleias do PTS na Argentina!




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