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ELEIÇÕES DCE UFRN | Chamado à construção de uma plenária programática para as eleições do DCE da UFRN

No dia 15 de novembro se encerram as inscrições de chapa para disputar as eleições do DCE da UFRN. Nós da juventude Faísca e do Esquerda Diário fazemos um chamado a todes es estudantes e às organizações de juventude da UFRN críticas a conciliação do PT e PCdoB com a direita a construirmos uma plenária para debater os desafios da nossa entidade estudantil no combate ao governo Bolsonaro-Mourão, ao Congresso reacionários e seus ataques, em defesa da permanência estudantil.

quarta-feira 10 de novembro de 2021 | Edição do dia

Já é o segundo mês que os estudantes do PIBID e da Residência Pedagógica estão sem receber, sem qualquer previsão de quando vão cair os míseros R$ 400,00 na conta. É uma brutal expressão de que Bolsonaro e Mourão atacam cada vez mais o direito de estudar da juventude.

Direito que é negado todos os dias para milhões de jovens excluídos todos os anos pelo ENEM, e dos que conseguem furar esse filtro, os que trabalham, moram em assentamentos, ocupações e nas periferias do RN, as estudantes mães, mulheres, negres e LGBTQIA+ e indígenas, que lutam pra se manter na universidade frente a cada vez mais precária política de permanência.

Essa precarização se agrava frente ao cenário de crise, que todos os dias é descontada nas costas dos trabalhadores e da juventude. São mães procurando carne no lixo, 16,4% de desemprego no estado, dos quais 30% são de jovens até 24 anos, e empregos cada vez mais precários.

A resposta da reitoria à pandemia apenas jogou lenha nessa fogueira. Frente à ausência de uma assistência que fosse suficiente, combinado a uma cobrança de produtivismo cada vez maior, ainda mais com os três semestres em um ano que ninguém teve direito de opinar, aprofundaram a evasão da universidade. O aumento dos problemas relacionados à saúde mental são também produto disso.
A evasão é um projeto do regime político do golpe institucional de 2016, e Bolsonaro veio para aprofundar, junto às reitorias, inclusive com intervenção absurda em uma série de universidades e institutos federais.

Mas é importante dizer que esse projeto teve início com os cortes que os governos do PT implementaram nos seus governos, conciliando com a direita e os monopólios da educação privada que depois deram o golpe. Nos anos de Reuni, uma série de greves e ocupações aconteceram nas universidades federais por conta da chave precarizando que essa expansão do ensino superior significava, principalmente com a falta de permanência. Foram essas mobilizações que depois puderam se fundir com a demanda pelas cotas étnico-raciais, arrancadas com a força da mobilização dos estudantes. Se hoje Bolsonaro e Sergio Camargo questionam as cotas, é necessário recuperar essa força para defender e ampliar essa política, porque nunca veio de mão beijada de nenhum governo.

Por isso que nessas eleições do DCE achamos ser necessária uma plenária aberta para debater qual programa pode fortalecer o movimento estudantil hoje para lutar contra governo Bolsonaro e Mourão e que possa dar uma resposta concreta à evasão, à falta de permanência, aos cortes na ciência e na educação.

Fazemos um chamado a que essa plenária seja construída de forma unificada entre todas as organizações de juventude, como Juntos, UJC e Correnteza, que colocam críticas à conciliação do PT e PCdoB. Concordamos que não vai ser em 2022 que os problemas da educação e da juventude, da situação de fome e miséria que vive a população, pode se resolver, muito menos através da conciliação do PT com a direita dos Sarney, FHC ou Maia. No RN vemos na prática o que é a conciliação do PT em meio ao cenário de crise com Fátima deixando terceirizadas da saúde sem salário, aplicando a reforma da previdência, fortalecendo o aparato policial, enquanto isenta dívida de empresários em meio ao desemprego e a fome.

E que por isso é necessária uma política que se oponha à atuação de organizações majoritárias da UNE, como a UJS, Kizomba e Levante, nos DCEs e CAs pelo país. A serviço dessa espera até 2022, desmoralizam a força da auto-organização dos estudantes e da aliança com os trabalhadores, como fizeram em cada ato pelo Fora Bolsonaro e fazem agora na luta pelo pagamento das bolsas do PIBID e da Residência Pedagógica.

Para nós é necessário batalhar por entidades vivas, democráticas e que sejam ferramenta de luta e auto-organização da ampla maioria de estudantes. Por isso, nós da Faísca que compomos junto a independentes a gestão do Centro Acadêmico de Ciências Sociais - Marielle Franco, nos opusemos a proposta do DCE atual, dirigido pela Correnteza, Juntos e UJC, de deliberar sobre o processo eleitoral em uma reunião das direções das entidades no Conselho de Entidades de Base (CEB), que ocorreu nos dias 3 e 6 de novembro. Defendemos nesses espaços que fosse chamada uma assembleia geral dos estudantes para deliberar sobre a realização das eleições, inclusive se o melhor seria realmente que acontecessem esse ano de forma remota. Por fim, foi tirado um calendário super apertado, de modo que a maioria dos estudantes sequer está sabendo que estão abertas as inscrições de chapa.

Não se pode tratar os estudantes como uma base votante passiva, alheia a necessidade de ouvir o que eles pensam sobre como foi a atual gestão do DCE, inclusive ter direito de se organizar para participar do processo eleitoral e um espaço amplo onde possa ser debatido o balanço da gestão. Por exemplo, nós da Faísca somos críticos a forma como a atual gestão lidou com a política autoritária da reitoria em relação a pandemia, que impôs toda a dinâmica de ensino remoto por fora do direito de decidir em especial dos estudantes, mas também de funcionários e professores.

Isso levou a que apesar da disposição de mobilização efetiva demonstrada pelos estudantes, não foi possível batalhar para que houvesse uma política real de permanência durante a pandemia, e o remoto acabou sendo um momento de maior precarização da universidade, com a atuação presa à própria estrutura de poder antidemocrática da UFRN. Na realidade, espaços de auto-organização ampla dos estudantes foram secundarizados, por vezes impedindo votações nas poucas assembleias que existiram esse ano para unificar a universidade nos atos pelo Fora Bolsonaro, impedindo que pudéssemos decidir os rumos da mobilização.

Temos diferenças também em qual saída apontar para a situação política nacional, não apostamos no impeachment ao lado de ex-bolsonaristas como Joice Hasselmann, que daria lugar ao odioso General Mourão para preservar os ataques do regime do golpe. Defendemos uma Constituinte livre e soberana que derrube Bolsonaro junto a Mourão, os militares, destituindo os poderes golpistas do judiciário e do Congresso, e permita um debate a nível de massas de medidas para que sejam os capitalistas a pagarem pela crise, começando pela revogação das reformas aprovados por Temer, Bolsonaro, mas também por Dilma.

Assim, achamos que nesse momento é urgente haver um espaço onde possamos debater em primeiro lugar como o nosso DCE pode se fortalecer a partir desse processo eleitoral, apesar dos prazos curtos. Por isso achamos que podemos atuar de maneira unificada para que haja essa plenária programática, e que sirva para dar voz aos estudantes que estão revoltados com o futuro oferecido por Bolsonaro, Mourão e os capitalistas. Um espaço também que esses balanços possam ser debatidos de forma fraterna, para que sirvam de fato de acúmulo para o movimento estudantil, que não pode estar restrito apenas às organizações de juventude, mas possa recuperar a confiança do conjunto dos estudantes nas suas próprias forças e no potencial revolucionário da aliança com a classe trabalhadora.




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