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7 de setembro | Bolsonaro pede voto no RJ: o reacionário slogan “Deus, Pátria e Família” para campanha eleitoral

O ato bolsonarista no RJ tinha sido anunciado nas redes sociais como algo que faria tremer o chão. Com o estrondo da salva de canhões no Forte de Copacabana e a Esquadrilha da Fumaça acima, não faltavam atrativos para amantes da farda. Até o tempo, um sol forte, mas não tórrido, favorecia a manifestação na orla. O ato produziu fotos para a campanha reacionária, movimentou pesadamente os estoques de cerveja long neck premium, cumpriu um bom papel eleitoral mas esteve aquém do anunciado. Dificilmente o ato alcançou 40 mil pessoas. No número e no conteúdo, o temido rugir golpista mostrou-se um miado eleitoral, relevante mas contido pelo establishment e regras do jogo.

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

quarta-feira 7 de setembro de 2022 | Edição do dia

Foto: CNN

Junto do desfile em Brasília, a manifestação no Rio de Janeiro foi um dos principais desfiles montados pelo Bolsonarismo utilizando-se de recursos públicos, da ajuda de cúpulas de igrejas amigas e da mobilização de alguns empresários milionários. Esperava-se que com a ajuda de atrativos militares nunca antes vistos como tiros de canhão e exibições aéreas na orla o bolsonarismo juntasse uma imensa multidão no Rio. Foram vários milhares mas não foi de tremer o chão, como podemos notar na foto da CNN que ilustra essa matéria e conforme o próprio Esquerda Diário pode comprovar in loco.

Comprovar que não foi algo de “tremer o chão” não significa minimizar sua utilidade eleitoral para Bolsonaro, nem deixar de ver como apesar de tudo o bolsonarismo mantém uma força militante a seu dispor para disputar agora e também para se localizar depois de Outubro.

A manifestação bolsonarista na orla de Copacabana iniciou cedo nessa quarta-feira, desde 8 da manhã já aconteciam tiros dos canhões e ocasionais procissões de navios e helicópteros para animar seu público. Empresários e algumas igrejas (segundo denúncias que estão na grande mídia) fretaram ônibus e algumas ruas laterais do bairro exibiam ônibus fretados estacionados.

Na orla, a empresa Tranziran colocou imensos guindastes para flamejar a bandeira nacional e alguns cartazes bolsonaristas. Os cartazes – diferente de anos anteriores – expressavam a contenção do golpismo pelo regime e a disputa eleitoral. Denunciava-se a ditadura socialista, criticava-se o supremo, mas em toda a orla encontramos poucos cartazes chamando a intervenção da Forças Armadas o que mais se via era uma guerra de panfletos de deputados bolsonaristas e suas equipes pagas disputando o público “Deus, Pátria e Família”, slogan fascista de 64 revivido por Bolsonaro e que estava em muitas camisas a venda.

Tratou-se de um forte comício de extrema-direita e conservador e não os atos bolsonarista de um ano ou mais atrás. O cheiro de naftalina de 64 lá estava, volta e meia via-se uma boina vermelha, uma roupa militar, mas o que predominava eram camisas da CBF e adesivo de seu candidato bolsonarista favorito.

O auge de público do ato aconteceu depois de 14hs, pouco antes de discurso de Bolsonaro em palanque com o governador Claudio Castro, Luciano Hang, General Braga Netto e alguns outros. No momento de auge o ato ocupava as pistas da Avenida Atlântica entre o posto 4 e 5, um trecho de 2.000m por 17m segundo o Google. Salvo em um quarteirão final as ruas eram completamente transitáveis, com menos de 1 uma pessoa por metro quadrado. Considerando um número – inflado – de 0,75 pessoa por metro quadrado teríamos 25.500 pessoas. Considerando que havia uma quantidade de gente para trás do Posto 4 e em bares de ruas fora da orla, poderíamos chegar em 40 mil pessoas ou talvez um pouco mais, número que é um pouco superior mas não é muito diferente do número alegado pelo PT no comício de Lula na Cinelândia.

No metrô via-se uma manifestação mais negra e de trabalhadores precários do que se comprovava na orla e no visível e vasto consumo de Stella Artois ou Heineken no ato. Mas no metrô também se ouvia como ele era uma comprovação de “datapovo” contra as pesquisas da Datafolha, IPEC, etc. Que a extrema direita e a direita tenham a sensação nas ruas que elas são mais fortes é de inteira responsabilidade de PT e sua direção da CUT, CTB e UNE e dos movimentos sociais se adequam completamente à "paz social" em benefício das eleições e da transição pacífica. Sequer convocaram minimamente uma jornada de contra-atos que desse ao 7 de setembro um caráter combativo contra os atos reacionários dos empresários e da extrema direita. Permitiram o desfile da extrema direita sem nenhuma contraparte.

Contra Bolsonaro, nenhuma aliança com a direita e os patrões: unifiquemos os trabalhadores para enfrentar na luta o governo, os militares e todas reformas ultraliberais.




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