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Economia | Bolsonaro mente: estabilização econômica não se reflete na vida dos trabalhadores

A propaganda de Bolsonaro tenta se apoiar em pequenos índices de estabilização da economia para fazer demagogia e mentir sobre a real situação da classe trabalhadora, seja na ONU ou no funeral de Elizabeth II. Mas a verdade é que para a grande maioria da população, em especial a mais pobre, não se sente melhora nenhuma

Rosa Linh Estudante de Relações Internacionais na UnB

sábado 24 de setembro de 2022 | Edição do dia

Segundo a Folha de São Paulo, o mês de agosto registrou o segundo mês seguido de deflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor - Amplo), sob efeito do recuo dos preços dos combustíveis. Em 12 meses, a inflação acumulada foi de 8,73% —ante os 10,07% registrados no mês anterior. No entanto, a inflação brasileira é a 8ª maior dentre as 20 principais economias do mundo. A inflação da cesta básica, que afeta mais os mais pobres, era de 25,9% em 12 meses, de acordo com estudo da PUC-PR.

Isso ajuda a explicar porque, apesar dos índices e os esforços de Bolsonaro em conquistar votos com o Auxílio Brasil, a maior parte dos beneficiários (55%) afirma que a situação econômica do país piorou. Esse é o Brasil na qual as patronais demitem pais e mães de família, a inflação continua altíssima principalmente nos itens básicos, aumenta o arrocho salarial mesmo entre os trabalhadores de carteira assinada, a ocupação em empregos precários explodiu, além do desemprego estrutural de milhões de pessoas.

O governo e parte do mercado projeta que o país pode crescer 2,7% esse ano, no entanto o desempenho ainda ficará abaixo da média mundial e aquém do ritmo das últimas quatro décadas. Diante de uma situação internacional de debilidade econômica, com previsões de analistas apontando para uma recessão em 2023 diante da guerra e da alta internacional da inflação, isso contradiz a demagogia de Bolsonaro, segundo o qual o Brasil estaria “batendo recordes”.

Como aponta as informações da Folha, o Brasil deve ter um crescimento médio de 1,1% ao ano nesse período, segundo levantamento do economista Bráulio Borges, pesquisador associado do FGV Ibre. O crescimento médio global deve ficar em 1,8% ao ano. Para 2023, a projeção é de crescimento de 0,5% no Brasil, segundo a pesquisa Focus, e de 2,3% para o mundo feito pela instituição multilateral.

Isso apenas demonstra o desespero de Bolsonaro em mentir descaradamente, tendo sido ele um dos maiores responsáveis, junto dos militares e da direita, em passar todas as reformas e ataques contra a classe trabalhadora e o povo pobre. Seu governo foi destinado a incrementar ainda mais os lucros dos patrões e fazer os trabalhadores pagarem pela crise.

Nesse sentido, seja qual for o resultado das eleições, o fato é que haverá dificuldades econômicas no próximo governo. Os projetos políticos de Lula e de Bolsonaro são bastante diferentes, com o último se pautando em atacar ainda mais fortemente a classe trabalhadora. No entanto, as promessas eleitorais de Lula, o favorito na disputa, em aumentar o salário mínimo, retomar o churrasco e voltar a um passado em que não havia crise econômica, se mostram também ilusórias. Esse é o caminho que segue Gabriel Boric no Chile e Alberto Fernandez na Argentina, que com sua conciliação com a direita não resolvem os problemas nas massas e abrem caminho a extrema-direita. Nos acordos de Lula e o PT com a direita, Alckmin, Henrique Meirelles e parte do capital financeiro e industrial imperialista para fazer uma transição pacífica da terra arrasada promovida pelo bolsonarismo, mantendo todas as reformas intactas, não cabem os interesses da classe trabalhadora.

Nesse sentido, também é necessário levantar um programa operário para que sejam os capitalistas que paguem pela crise. O país que Bolsonaro deixou com fome, alta dos preços dos alimentos, desemprego e precarização, só pode mudar caso se defenda reajuste salarial de acordo com a inflação e congelamento dos preços dos alimentos ao nível anterior ao da pandemia; a redução da jornada de trabalho para 30h semanais, unindo empregados e desempregados contra os patrões para combater o desemprego; é necessário também que lute por uma reforma agrária radical, para expropriar o agronegócio, para acabar com a fome. Essa é a perspectiva que as candidaturas do MRT pelo Polo Socialista Revolucionário estão defendendo nessas eleições: contra Bolsonaro e as reformas, unir os trabalhadores sem aliança com a direita e os patrões!

Editorial MRT: Combater o bolsonarismo e preparar a vanguarda para a luta contra as reformas e ataques




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