Após a queima da estátua do bandeirante Borba Gato, em São Paulo, viúvas da ditadura se organizaram e decidiram dar o troco. Eles jogaram tinta vermelha no monumento a Marighella, erguido no local onde o líder da ALN foi encontrado morto, na Alameda Casa Branca, nos Jardins. A operação que o assassinou friamente se chamava, não casualmente, Operação Bandeirante.
sexta-feira 30 de julho de 2021 | Edição do dia
As viúvas da Ditadura Civil-Militar se doeram com a queima do bandeirante Borba Gato. A Cinemateca pega fogo, o museu da língua portuguesa pega fogo, o Museu Nacional no Rio de Janeiro pega fogo, o CNPQ pega fogo, mas eles se doem mesmo é com monumento de bandeirante.
Essa não é a primeira vez que depredam a homenagem ao combatente da ditadura. Em 2019 escreveram CCC na estátua, em referência ao grupo fascista Comando de Caça aos Comunistas. Em 2014 também pixaram em cima
- Letícia Parks: "Liberdade já para Galo e Géssica! Abaixo o legado colonial e escravagista!"
Ainda não foram revelados os autores da depredação de hoje, e possivelmente nem serão, já que a polícia age rápido contra a esquerda. Mas é certo que são amantes da ditadura. Além de vandalizarem uma obra de arte que está presente no local onde Marighella foi morto, os delinquentes também o fazem pois Marighella foi assassinado pela sanguinária operação chamada Operação Bandeirante, comandada pelo então delegado Fleury que comandava o DOPS - órgão de perseguição e tortura da Ditadura.
Na estátua de granito bruto, criada pelo arquiteto Marcelo Ferraz, está escrito: ”Aqui tombou Carlos Marighella em 4/11/69, assassinado pela ditadura militar - São Paulo, 4 de novembro de 1999".
O ex-deputado constituinte pelo PCB, que depois do golpe decidiu trilhar o caminho da guerrilha, foi assassinado pela Oban em 1969, com um tiro à queima-roupa após ser dominado pela polícia. Na época, a versão falaciosa dada na imprensa foi a de que Marighella teria resistido e tentado sacar uma arma dentro do seu carro.
Mas na verdade ele já havia sido capturado e assassinado à sangue frio. Depois disso o arrastaram até o Volkswagen azul, na Alameda Casa Branca, número 806, no Jardins em São Paulo.
A depredação do monumento a Carlos Marighella é um acinte à memória de todos os que tombaram na luta contra a ditadura militar.