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Metroviários de SP | A luta pode garantir a sede e os direitos dos metroviários, contra ataques de Doria

Nesta quarta, 29, em reunião entre o governo Doria e parlamentares e sindicalistas, o governo declarou a intenção de manter a sede do sindicato dos metroviários e o ACT da categoria. Caso se confirme, será uma grande conquista da mobilização das e dos trabalhadores. Não podemos confiar nas palavras desse governo que vem nos atacando, por isso manter a mobilização contra Doria é fundamental.

sexta-feira 1º de outubro de 2021 | Edição do dia

Foto: reprodução

A reunião com o governo para discutir as questões da sede do sindicato e do acordo coletivo dos metroviários contou com a participação do secretário de governo Rodrigo Maia (DEM) e do vice governador Rodrigo Garcia (DEM) e, do outro lado, dos deputados federais Carlos Zaratini (PT-SP) e Orlando Silva (PCdoB-SP) e do secretário geral da Força Sindical, Juruna.

Nessa reunião o governo declarou ter a intenção de manter a histórica sede do sindicato através da compra do terreno por parte do Estado e a partir daí, um novo empréstimo (na forma de comodato), através do qual, o espaço seria cedido novamente à categoria. Quanto ao acordo coletivo, disse que o Metrô não levaria adiante o recurso que apresentou ao TST, no qual pede a retirada de todos os direitos do Acordo Coletivo de Trabalho da categoria, a reversão do reajuste salarial e a devolução pelos trabalhadores do que já receberam; e disse que fará um acordo para a manutenção do acordo coletivo no ano que vem juntamente com a reposição dos índices de inflação.

Se realmente a manutenção da sede e dos direitos e reajuste dos trabalhadores sair das palavras e se firmar, será uma vitória antes de tudo da mobilização da categoria, que protagonizou uma forte mobilização durante meses, inclusive uma importante greve, e rejeitou a proposta de rebaixamento de direitos da empresa, mesmo contra a insistência da Chapa 1 (CTB/CUT) que defendeu na época a aceitação dos ataques do governo, e não aceitou a ameaça de despejo. Toda a batalha contra a retirada da sede em que a categoria reafirmou por diversas vezes que “a sede fica” e que haveria resistência foi também uma forte sinalização para Doria de que não tomaria nosso sindicato sem luta e que esse processo cobraria um preço alto para o governador que se preocupa com sua popularidade frente às eleições de 2022.

É preciso nos mantermos alertas e mobilizados, pois até agora não existe garantia nenhuma de que o governo do Estado vai honrar as promessas. Não podemos confiar em Rodrigo Maia, grande articulador de ataques contra os trabalhadores que garantiu a reforma da previdência, trabalhista e a chamada cinicamente MP da garantia de emprego (MP 936 cujo relator foi Orlando Silva do PcdoB) que só garantiu a manutenção dos negócios capitalistas com a suspensão de salários e jornadas de trabalho jogando milhares de trabalhadores na fome e no desespero. Muito menos confiar em Rodrigo Garcia, vice de Doria, um conservador que flerta com as pautas de Bolsonaro e é um conhecido articulador da privatização das linhas de metrô de SP e que vai ser o candidato de Doria para o governo do estado em 2022.

Por isso, a categoria precisa se manter mobilizada para impor a consolidação dessas conquistas. E enquanto o Metrô não retirar o pedido de reintegração de posse, ela continua marcada para a madrugada do dia 4, e precisa se manter preparada a resistência.

Esse “passo atrás” do governo não se deve à bondade ou consciência dos agentes do governo ou à dita capacidade de diálogo de certas lideranças e sim à luta das e dos trabalhadores, e ao apoio da população, que não aguenta mais que os diferentes governos descarreguem a crise nas costas da nossa classe. Essas promessas de Doria e cia se dão em meio a seus cálculos frente às eleições de 2022, e qualquer ataque aos trabalhadores e ao povo, na medida em que gere resistência, pode comprometer a popularidade seja de Doria, Garcia ou Maia.

As conquistas não vêm de qualquer “frente” com a direita, e sim da luta da nossa classe contra ela! Doria não é aliado na luta contra Bolsonaro!

Nesse contexto entra, como um grande guarda-chuva, a chamada frente ampla, defendida, cada um à sua maneira, pelos três coordenadores do sindicato, como uma aliança necessária dos trabalhadores com forças burguesas e reacionárias que se declaram oposição a Bolsonaro.

Na live do sindicato de ontem, todos os coordenadores e parlamentares que discursaram pouparam Doria. O coordenador da Chapa 1, Fajardo (PCdoB), disse que essa luta foi vitoriosa por ter se formado uma frente ampla com todos os partidos na defesa dos metroviários, inclusive gente do próprio PSDB, e teceu elogios a uma suposta “sensibilização” da secretária do governo estadual Patrícia Hellen como um exemplo dessa possibilidade de aliança, como se os trabalhadores pudessem confiar na sensibilidade de capitalistas privatistas como do PSDB. A coordenadora da Chapa 3, Camila Lisboa (Resistência/PSOL) disse que vem discutindo com os trabalhadores que apontam que Doria é inimigo e principal responsável pelos ataques aos metroviários, defendendo a unidade com Dória e o PSDB, que o aumento dos combustíveis, por exemplo, era medida do governo federal, tentando separar os interesses capitalistas de Bolsonaro e Doria e outros burgueses que hoje se colocam de maneira oportunista na oposição ao governo. E o coordenador da Chapa 2, Altino (PSTU), disse que para derrotar Bolsonaro temos que fazer alianças com qualquer força que se oponha a ele, inclusive com os que fazem isso para defender ataques e a privatização do próprio metrô.

É urgente derrubar Bolsonaro, e também Mourão, e todos os ataques. Mas pra isso só podemos contar com a mobilização política da nossa classe de forma independente. Doria, que veio nos atacando duramente, e toda a direita e as instituições que também estão junto com o Bolsonaro para aprovar a reforma administrativa, a retirada de terras dos indígenas, e todos os ataques, não são nem podem ser nossos aliados na luta contra Bolsonaro e o autoritarismo. Eles não fortalecem, e sim enfraquecem a nossa luta, porque junto com eles a luta nunca vai ser contra os ataques mais sentidos pelos trabalhadores, que eles estão aprovando, e assim nossa classe não colocará toda sua força na luta. Por isso, nós do MRT estamos chamando a construção de Blocos Classistas nos atos deste proximo sábado contra Bolsonaro, porque a luta da nossa classe se fortaleceria unificando os setores da esquerda que defendem a luta contra Bolsonaro e Mourão, como o PSTU, correntes do PSOL, PCB e UP, para lutar também contra todos os ataques defendidos pela direita tradicional.

Doria só quer se colocar junto às manifestações para fortalecer seu projeto de “terceira via” para as eleições presidenciais de 2022. Poupá-lo, e também a Rodrigo Garcia que pretende ser seu candidato para o governo de SP e busca com essa negociação com os metroviários se localizar melhor entre os trabalhadores, é deixar essa política se fortalecer. Poupar Doria significa não combater aquele que amanhã continuará sua agenda de ataques aos trabalhadores.

No caso do PCdoB, Chapa 1, essa aliança com Doria e PSDB não é algo “pontual”. O projeto de resolução do Congresso do PCdoB diretamente avalia que “É positiva também a movimentação do denominado Centro na construção de convergência para candidatura presidencial desse espectro. Abarca lideranças da direita, centro-direita e centro que se opõem, ou têm contradições, a Bolsonaro, como os governadores tucanos João Doria”. Por isso a CTB não leva adiante justamente o que os trabalhadores precisam mais hoje, que é organização desde as bases para colocar em movimento a força organizada de quem tudo faz funcionar para combater todos nossos inimigos e não ter que se subordinar a algozes como Doria.

Por isso dizemos: nenhuma confiança em Dória, PSDB e Rodrigo Maia que depois vão nos apunhalar pelas costas. Seus interesses contra Bolsonaro não são os mesmos dos trabalhadores e por isso temos que fortalecer a mobilização desde as bases com assembléia democráticas, setoriais e medidas de mobilização que coloquem os metroviários em movimento para com essa força conquistar de vez nosso acordo coletivo, a manutenção da sede e a derrubada de Bolsonaro, Mourão, militares e golpistas como Doria pela força da classe operária que é a única forma de não darmos legitimidade a um outro governo ajustador e anti popular.




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