A paralisação foi resoluta no rechaço ao pacto assinado ontem pelo governo grego e a Troika de credores, o qual inclui uma série de brutais medidas de ajuste, que incluem a reforma das pensões, um aumento dos impostos diretos e indiretos e das cotizações à Segurança Social, entre outras medidas.
É a primeira medida de força convocada pelos sindicatos de trabalhadores públicos desde que Alexis Tsipras assumiu como primeiro ministro, ainda que não seja a primeira greve contra o Governo de Syriza-ANEL. A finais de maio e em meio às negociações com os credores, os médicos e os trabalhadores dos hospitais públicos gregos já haviam apoiado uma greve de 24 horas, para exigir ao governo o desembolso dos fundos prometidos para a arruinada saúde pública.
A greve acontecerá no mesmo dia em que o parlamento grego deverá resolver se apoia o acordo pactuado entre Tsipras e o Eurogrupo após a maratônica reunião deste final de semana. O novo memorando impõe ao Governo grego a adoção daqui até quarta-feira de todas as medidas acordadas.
“Chamamos a uma greve geral de 24 horas, durante a votação do acordo antipopular, e a manifestações a partir das 19h locais na Praça Syntagma” – a simbólica praça de Atenas que foi o cenário de massivas manifestações nos últimos anos – indicou um comunicado de ADEDY.
Para a terça-feira, a confederação sindical convocou seus filiados a realizar assembleias gerais e a ocupar os edifícios públicos em sinal de protesto.
“Poucos dias depois do referendo do 5 de julho, em que 62% dos gregos votou Não às novas medidas, nos encontramos igualmente como se o referendo não tivesse sido celebrado”, assinalou o sindicato de funcionários locais, pertencentes a ADEDY, em um comunicado.
ADEDY participou também esta segunda-feira de um comício de protesto contra o acordo na praça Syntagma, convocado pela coalizão de esquerda anticapitalista Antarsya.
Desde o executivo de ADEDY há membros da coalizão anticapitalista Antarsya, do META, corrente sindical orientada pelo Syriza, e o PAME, frente sindical hegemonizada pelo Partido Comunista Grego (KKE).
Há duas semanas o PAME teria proposto convocar a greve mas ex-membros da Executiva do sindicato, pertencentes ao PASOK e à Nova Democracia, impediram a votação mediante uma manobra burocrática, segundo assegurava no domingo em sua página do facebook Kevin Ovenden, militante socialista britânico.
Para a quarta-feira também convocaram uma greve de 24 horas a associação de farmacêuticos, que se opõe à liberalização da profissão contemplada no pacto, assim como o sindicato Poe-Ota.
A classe trabalhadora grega, que nos últimos cinco anos fez 33 greves gerais contra os governos do PASOK e Nova Democracia, começa assim a sair novamente à luta. Mas esta vez contra a traição do Governo de Tsipras e o “pacto de colonização” assinado com os credores, uma semana depois do referendo em que uma ampla maioria do povo grego votou Não à Troika.
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