Rio de Janeiro, 27 mar (EFE).- A polícia cumpriu nesta sexta-feira duas ordens de detenção contra envolvidos no escândalo de corrupção da Petrobras, entre eles o principal executivo da construtora Galvão Engenharia, informaram nesta sexta-feira fontes oficiais.
sábado 28 de março de 2015 | 00:01
Fotografia: EFE
As duas detenções preventivas e uma ordem de revista foram expedidas pelos juiz federal Sergio Moro, que conduz todas as ações penais da Operação Lava Jato, e executadas nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, informou a Polícia Federal em comunicado.
Os dois presos foram identificados como Guilherme Esteves, acusado de distribuir recursos desviados da Petrobras entre os membros da rede de corrupção, e Dario Queiroz Galvão, um dos principais executivos e proprietários da construtora Galvão Engenharia.
Esta empresa é uma das 23 construtoras acusadas de integrar o cartel que superfaturava os contratos da Petrobras em troca do pagamento de subornos.
A detenção aconteceu apenas dois dias depois que a Galvão Engenharia entrou com pedido de recuperação judicial, alegando que a situação financeira se agravou depois de tomar calotes, entre eles da Petrobras.
O processo judicial foi instaurado em março do ano passado para desmontar uma rede que combinava os contratos da maior empresa do Brasil com várias construtoras, elevava artificialmente o valor dos mesmos e distribuía a diferença em subornos pagos a altos funcionários da estatal e a dezenas de políticos que facilitavam os negócios ilegais.
Segundo as investigações, as corrupções se estenderam por mais de dez anos, podem ter iniciado na década de 1990 e desviaram uma quantidade não precisada de bilhões de dólares.
Ao longo das investigações, foram detidos cinco ex-altos cargos da empresa e uma dezena de executivos de importantes construtoras.
Os relatos de corrupção que envolvem as grandes construtoras brasileiras vem desde o período de ditadura militar como aponta o pesquisador Pedro Henrique Pedreira Campos, professor do departamento de História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) em entrevista ao portal do El Pais e demonstram que mesmo diferentes regimes políticos podem e precisam coexistir com escândalos de corrupção para manter os lucros dos monopólios em detrimento dos interesses dos trabalhadores e de toda a população.
Alguns dos detidos aceitaram acordos de colaboração com a justiça em troca de uma futura redução de penas e denunciaram cerca de 50 políticos que teriam permitido as ilegalidades, entre os quais os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha e do Senado, Renan Calheiros, ambos do PMDB, partido da base aliada ao governo Dilma. EFE
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