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GOVERNO BOLSONARO | Weintraub sai do Ministério, reconfiguração no governo reacionário em meio a pressões de outros atores golpistas

Hoje (18), o ministro da educação anunciou em vídeo no youtube, junto ao presidente da república, que sairá de seu cargo

quinta-feira 18 de junho de 2020 | Edição do dia

Como consequência dos últimos embates entre o bolsonarismo e STF, Weintraub publicou vídeo anunciando sua saída do cargo. A saída de Weintraub acontece em um momento particularmente delicado e de debilitamento do governo Bolsonaro. Acontece também no mesmo dia da prisão de Fabrício Queiroz e no marco de uma ofensiva do STF contra atores secundários do espectro bolsonarista. Todas essas disputas acontecem no cenário de uma disputa entre duas frações burguesas com interesses abertamente opostos aos do trabalhadores: de um lado o bolsonarismo, versus o que chamamos de bonapartismo institucional, com protagonismo do STF.

Weintraub estava na linha de frente das retaliações autoritárias do STF, através do inquérito da fake news, por exemplo, mas o próprio ministro se recusava a baixar a bola pro STF e mantinha a afronta, como participando nesse final de semana das manifestações reacionárias dos bolsonaristas em Brasília.

Com a saída do ministro, Bolsonaro oferece um gesto de apaziguamento para o STF, ainda que tenha conseguido garantir uma saída honrosa para Weintraub, o ministro diz que sairá do MEC para ocupar um cargo de diretor no Banco Mundial, tendo ele experiência por já ter ocupado cargo de diretor em bancos no passado. O ministro era um grande defensor do projeto privatista para a educação, atacando as universidades e sendo um obscurantista de carteirinha. Sua saída abre espaço para uma nova nomeação de Bolsonaro, que terá mais espaço para oferecer ao Centrão, ou outro nome da ala ideológica como Weintraub.

Articulado com Bolsonaro, Weintraub não sai sem deixar um amplo legado reacionária na Educação. Recentemente foi implementada a MP n°979, que permitia que Weintraub passasse a escolher os reitores das universidades federais durante o período de pandemia. Sendo uma MP, ela entra em vigência por 120 dias quando publicada pelo presidente, mas precisa ser ainda aprovada pelo congresso. Outro exemplo de sua política foi o projeto “Future-se”, que tinha por objetivo aumentar ainda mais a participação de empresas privadas nas universidades públicas, minando assim diversos espaços que antes eram ocupados por integrantes da comunidade acadêmica

Como se já não bastasse toda essa quantidade de ataques, vimos no vídeo vazado da reunião ministerial todo seu ódio contra os povos indígenas, com a fala do ministro de que dizendo “Odeio o termo ‘povos indígenas’ ”, além da verborragia explicitamente golpista, se colocando a favor da prisão de ministros do STF. Hoje mesmo, antes de avisar que sairia do cargo, o ex-ministro revogou portaria de cotas para negros, indígenas e pessoas com deficiência em cursos de pós-graduação, o que demonstra mais uma vez que seu ódio contra minorias não tem limites.

Mas é preciso remarcar fortemente que sua saída não se dá pela via de combater todo esse seu reacionarismo. Não é por isso que Weintraub sai, mas sim porque é utilizado por Bolsonaro neste momento para tentar frear o avanço do STF. Se trata de uma disputa política entre dois setores altamente bonapartistas, que se utilizam de métodos arbitrários e autoritários que certamente podem se voltar aos trabalhadores, se estes não derem uma resposta política contundente, de maneira independente.

Weintraub, Bolsonaro e toda a corja terraplanista de extrema-direita é o símbolo do que há de mais atrasado na política, mas não podemos deixar de lado que esse STF é o mesmo que diretamente garantiu um golpe institucional no país que abriu espaço a esse próprio bolsonarismo e a uma gama de reformas antioperárias. Os trabalhadores devem confiar somente em suas próprias forças.




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